14 novembro, 2008

"Partidários (Parte II)"

Das minhas preocupações comigo e com o meu semelhante, a saúde, pertence ao grupo das prioritárias. A seguir, vem a do vil metal, aquele que nos dá o estúpido ensejo de nos sentirmos mais "iguais" entre todos, e de podermos participar na concorrência (feira) das vaidades terrenas, onde o «ter mais» simboliza a felicidade suprema.
Nunca me passou pela cabeça foi, ter de especificar as preocupações de saúde consoante o tipo de maleitas. Vale isto por dizer, que tomei, há pouco, conhecimento, da existência de criaturas que sofrem de (e provocam) "congestionamentos internos" só por ouvirem falar de dicotomias entre partidos políticos e interesses públicos, etc., e não as compreenderem.
Pelo que entendi, o que origina em algumas pessoas tais indisposições - que espero não sejam flatulências, por razões de âmbito ecológico - é o não saberem (e querem saber) onde está o mal da participação dos partidos nos debates da cidade com os cidadãos.
Como ainda ontem aqui dissertei sobre a matéria e torci o nariz a esta coincidente ressurreição de um movimento cívico até aqui desconhecido logo após o parto da ACDP, sinto-me no direito de interpretar este "recado" como uma crítica encapotada à minha opinião, o que, de per si, me confere um outro direito: o de resposta.
Há situações tão óbvias, que às vezes nos interrogamos da necessidade de as explicar, mas também sabemos que, para certas pessoas, que não vêem ou não querem ver os factos, nem com desenhos lá chegamos...
Aqui mesmo, entre as pessoas que colaboram e comentam neste espaço, por vezes, as nossas opiniões divergem e nesse sentido, a partir deste parágrafo, falarei na 1ª. pessoa do singular e assumirei de minha exclusiva responsabilidade, tudo o que disser.
Eu gostaria de ser um cidadão, o mais parecido possível com os demais, um comum cidadão. Comum, entendámo-nos, não é o mesmo que ordinário, porque isso, imagino que não sou. Não me arrogo candidato a nada, o poder não me deslumbra nem me assusta. Por isso, estou à vontade para me pronunciar, sem pôr a nu rabos de palha ou cunhas e jeitinhos, sempre em moda neste país divisionista e de governantes incompetentes. Por isso, também digo o que penso deles, sem papas na língua, nem medos. E o que penso é realmente mau, é péssimo. Não confio nos políticos. Desejo, honestamente, vir um dia a confiar, mas para já, só tenho motivos para estar de pé atrás e expectante, porque no dia em que voltar a dar o meu voto a alguém, não me quero arrepender, para não me sentir mais um imbecil.
Esta posição radical, reconheço, pode ser injusta e deselegante para alguns, que entraram na política de boa fé, mas que, por uma razão qualquer não souberam destacar-se da mediocridade geral e se acomodaram ao facilitismo carreirista dos demais. Mas para fazer a diferença também é preciso correr riscos e quem não os assume, "come" por tabela com a banha da cobra dos compagnons de route...
Há gente, na política, de quem eu gosto, que me inspira confiança, por quem nutro simpatia até, mas esses sentimentos são de ordem pessoal, são apenas humanos. Muitas vezes louvei a acção de alguns autarcas, como Fernando Gomes (que posteriormente critiquei), Vieira de Carvalho e mais recentemente, até Luís Filipe Menezes, mas apenas o fiz pelo reconhecimento honesto sobre a sua acção política na sociedade. A nível nacional, ainda é pior. Considero que nunca chegamos a ter um verdadeiro Líder, na acepção democrática da palavra. Nem mesmo o "monstro sagrado" Mário Soares, me convenceu. O que querem? Sou um cidadão exigente? Serei, talvez. Mas, não será, precisamente, o nosso baixo nível de exigência que faz de nós o país mais atrasado da Europa Comunitária?
Pergunto: não terão sido os "yes man" , os "novos optimistas", os "gajos porreiros", os maiores responsáveis pela bagunça reinante, onde quase nenhum sector ministerial se aproveita? Segunda pergunta: não será a segunda vaga desses "iluminados" que continua agora a insistir no status quo e a "susceptibilizar-se" quando alguém diz que desconfia das coligações entre cidadãos e políticos? É preciso ter lata! Já se esquecerem que (só para citar um caso), Victor Constâncio - como quase todos os políticos -, transitou da política para Governador do Banco de Portugal, para ganhar uma fortuna, muito maior do que a dos Administradores do Banco Federal Americano (a 1ª.potência do Mundo) e que, agora, não foi capaz de justificar as mordomias de que goza, permitindo o roubo catedrático do BPN? Onde está afinal a responsabilidade que justifica o todo ou a parte do anafado ordenado que recebe? Nos calcanhares? Querem mais exemplos, de políticos banais, que depois de saírem da política, foram para a frente de grandes empresas sem terem dado prestações positivas enquanto governantes? Será necessário?
E fico-me por aqui, quanto a explicações sobre as minha desconfianças dicotómicas público-políticas...
Quanto às crenças ou descrenças, sobre as possibilidades de qualquer movimento de cidadãos poder vir a alterar "as regras do jogo", e a sua representatividade, só me ocorre parafrasear Pablo Neruda, com o clarividente: "Caminero, el camino se hace caminando".
Para terminar, àcerca da representatividade dos movimentos cívicos, essa é também outra questão que precisa urgentemente de ser descodificada, tal como o sentido esclerosado da democracia que muitos não conseguem disfarçar.

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