19 novembro, 2008

Filhos e Enteados

Na passada 2ª Feira, ao ver o assunto do "Prós e Contras" da RTP1, resolvi que não assistiria ao programa. Ao contrário do que disse a pivot, não considero que o assunto da zona ribeirinha de Lisboa diga respeito a todos os portugueses. Pelo menos a mim não me interessa, nem acho que seja mais que um mero problema local. Só a mania dos lisboetas de que o que é bom para Lisboa é bom e importante para o país, pode justificar tal afirmação ( ainda por cima, proferida por uma nortenha de nascimento, mas seguramente já "assimilada"). No entanto a presença de Miguel de Sousa Tavares fez-me mudar de ideia, e assim fui seguindo o debate até que me fartei e mudei de canal. O que ouvi foi suficiente para confirmar duas ideias.

A primeira, a propósito do prolongamento da concessão do cais de contentores de Alcântara ao actual concessionário ( liderado por Jorge Coelho) por mais vinte e muitos anos e sem concurso público, é que lá para as bandas da capital quando fazem trafulhices, é à grande ( agora é de incluir na interminável lista o caso do BPN). As que eventualmente se façam aqui para os nossos lados, comparadas com as outras, são fait-divers ao nivel de "pilha-galinhas" e no entanto rigorosamente investigadas e julgadas. Estamos, como já frisei anteriormente, no reino dos filhos e dos enteados.

A segunda ideia, é que deve ser fácil ser autarca em Lisboa e arredores. Um processo complexo como este, que envolve entidades tão dispares como a câmara municipal, Administração do Porto de Lisboa, ministério dos Transportes, do Ambiente e provavelmente mais uns tantos, correu sobre esferas, ninguém complicou, os problemas que surgem resolvem-se com toda a simplicidade e rapidez, o dinheiro aparece. E assim a Nova Alcântara seguirá tranquilamente em frente por muito que a opinião pública proteste. No tempo do salazarismo não se fazia melhor. Compare-se com o que se passa nas "colónias", e não é preciso ter sido autarca pois basta ler os jornais para se adivinhar a brutal diferença entre os favores para os amigos e os rigores da lei para os outros, que nem precisam de ser inimigos. Basta serem os "outros" para terem a vida complicada e normalmente não conseguirem aquilo que pretendem, ou então conseguirem pela metade e ainda assim muitas vezes com calendários que não se coadunam com o interesse público. O metro do Porto é um exemplo, mas há tantos mais!

3 comentários:

  1. Pergunta inocente:

    estaremos dispostos ainda assim a gastar a sola dos sapatos para ir a votos?
    Se for para os correr do poleiro, eu estou. Se for para os meter no calabouço, vou às urnas em passo de corrida!

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  2. Lembro-me também dos investimentos do governo na Petrogal. Quem é que lá estava com o Mário Lino? O Sr. Fernando Gomes!

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  3. o norte é uma colonia (em todos os niveis, em termos economicos, culturais (ate pensamos que somos lusos lol), linguisticos (la se foram os ons e bs pela versom lisboeta), etc) e o resto é conversa.

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Abrimos portas à frontalidade, mas restringimos sem demagogia, o insulto e a provocação. Democraticamente...