Gostaria de ser bem interpretado no que direi a seguir, por isso, agradeço alguma abertura de espírito para podermos ultrapassar as barreiras dos preconceitos políticos e sociais que por cá crescem à velocidade da luz e ver se conseguimos todos perceber o que está em causa. Antes porém, colocarei alguns pontos prévios.
Ponto 1: não aprecio nada, Manuela Ferreira Leite, nem pessoal, nem politicamente.
Ponto 2: como líder de um partido (PSD), devia ter sido mais comedida, ou então, saber explicar-se um pouco melhor, sobretudo quando fala em público.
Ponto 3: não lhe reconheço méritos para liderar um país (mas não está sozinha na minha lista).
Quando alguém, mesmo que despojada das virtudes necessárias à gestão de um governo ou de um partido, diz, que o país precisava de um interregno democrático para "corrigir" certas anomalias como as reformas do Estado, está a escancarar as portas para o seu suicídio político, mas apesar de tudo, compreende-se. Pelo menos, eu, tento compreendê-la.
Quando MFL diz que, em democracia, não acredita em reformas, ela não está mais do que a reconhecer aquilo que todos sabemos, mas somos incapazes de o afirmar publicamente: o pior mal da democracia, está na autoridade, ou melhor, na falta dela, na sua inocuidade. Tal como está, a democracia, desvirtua, e nalgumas ocasiões anula a própria Lei.
A Democracia, é de facto o menos mau dos regimes políticos, mas necessita de ser constantemente aperfeiçoada. É uma tarefa sem prazo de validade, é uma obra eterna. Para isso, não pode subjugar-se aos preconceitos, não deve sentir-se ameaçada só porque a tentamos corrigir. Não devemos contentar-nos com "o menos mau dos regimes" como é conhecida a Democracia, temos a obrigação de a tornar melhor, de a robustecer, de a tornar o mais invulnerável possível ao oportunismo e ao crime.
Tenho dúvidas que fosse esse o pensamento de MFL quando disse: "E até não sei se a certa altura não é bom haver 6 mêses sem democracia, mete-se tudo na ordem e depois venha então a democracia." Mas, também não quero insinuar que por detrás desta democrata se esconda uma candidata a ditadora. Contudo, percebo o seu ponto de vista quanto à dificuldade da aplicabilidade das reformas no nosso país. É claro, que aqui se pode sempre argumentar ser esse o alvo referencial que distingue um bom líder democrata de um incapaz, mas, pergunto: e os antigos compadrios, as cumplicidades entre pares, como se eliminam? Como se combatem? Como agora, que é absolutamente ineficaz e salvaguarda as trafulhices dos poderosos e dos próprios governantes? Finalmente, a quem interessa , este dolce fare niente?
Volto a apelar à boa leitura do que aqui escrevo, porque pretendo ser positivista. Tenho em boa conta todos os que aqui, particularmente, na blogosfera, teorizam sobre autonomias, regionalizações, economias e até independências, mas há um aspecto, para mim, que nenhum projecto ou regime conseguirá ultrapassar, que é o da qualidade humana, da sua noção do dever.
O cancro principal da democracia é o liberalismo excessivo da Lei, com a elasticidade que possui, será sempre ineficaz e injusta, porque invariavelmente tende a proteger e privilegiar os mais fortes.
Tudo bem espremido, para lá chegarmos, creio que falta o que, humoristicamente, vem hoje plasmado no cartoon do Público que postei mais abaixo: o bom senso.
Meu caro Rui o problema não é da Democracia, mas dos actores que são muito maus.
ResponderEliminarEsta Manela então, valha-nos Deus, não acerta uma!
Com uma oposição assim, o Sócrates até dá baile!
Um abraço
Mas é isso que eu digo no fim do post. A Democracia tem de reforçar os seus mecanismos de auto-defesa, de controle ao banditismo, à fraude fiscal, às contas off-shores, aos Dias Loureiros, aos Oliveiras e Costas, aos Ricardos Costas, etc.
ResponderEliminarA Democracia em Portugal (tal como é praticada, sem respeito às leis)não revela eficácia nesta matéria. A Democracia tem de ser trabalhada e em Portugal, paralizou, simplesmente.
Pois é caro Rui, com mais este tiro no próprio pé, Manuela Ferreira Leite acaba por morrer politicamente!
ResponderEliminarE é como diz o amigo Vila Pouca, assim, o Sócrates (que não tem nada de filósofo) vence e dá baile!
Um abraço,
Renato
Não sei se a democracia em Portugal paralizou ou se simplesmente nunca chegou a cá entrar,e refiro-me à verdadeira.
ResponderEliminarMas nós não estamos em democracia...
ResponderEliminarEstamos em " democradura"...cheia de compadrios e negócios escuros...
Esta classe política tem de ser totalmente varrida.
( atenção, dentro de um quadro democrático, não de um qualquer golpe militar ).
E tem que ser o povo a demonstrar isso a essa corja pela sua acção e exigência se conseguir acordar a tempo.