Elisa Ferreira, formalizou ontem a sua candidatura à presidência da Câmara Municipal do Porto, num ambiente caloroso, quase emocionante. Sem ter apresentado ainda qualquer programa de acção, a cerimónia valeu pelo discurso, sereno e empolgante. O Porto Canal, esteve à altura do acontecimento, cobrindo praticamente toda a apresentação. Por este pequeno exemplo, é simples imaginar o quanto a região norte perdeu, por não ter implantado há mais tempo uma estação de televisão local. Como sempre, os canais centralistas limitaram-se a noticiar o evento com o distanciamento habitual.
Não fora a estrutura do partido que a apoia estar minada por toda a espécie de escândalos e fragilidades (incluindo o seu líder), atrevia-me a apostar, singelo contra dobrado, que a vitória de Elisa Ferreira estava no papo. Não sendo assim, Rui Rio, apesar do cinzentismo dos seus mandatos, terá ainda alguma margem de manobra para se bater taco a taco com a candidata socialista. Será uma luta enganadoramente equilibrada, e injusta, para Elisa Ferreira, dada a diferente personalidade que leva do seu adversário.
É impressionante, a vocação do Partido Socialista para submeter a cíclicos rituais suicidas, os seus melhores quadros. Fê-lo, com Fernando Gomes, ao oferecer-lhe o Ministério da Administração Interna, que acabou por lhe servir de carrasco e levá-lo à demissão. Agora, num momento em que o seu líder está envolto num mar de suspeitas, é que decide lançar para a arena a melhor candidata que tem para CMPorto. Pergunta-se: por quê só agora, por quê o Francisco Assis, antes? Falhas destas, não podem augurar boas governações.
Se, aliarmos à inoportunidade da decisão, a demagogia do próprio Partido Socialista, que (convém lembrar), é actualmente governo, quem fica como barata tonta, no meio desta confusão politiqueira, são os eleitores conscientes. Ontem, reviraram-se-me as tripas quando ouvi Sócrates a tecer loas ao Porto, ao carácter do seu povo, à importância histórica da cidade, e outros mimos. Seria politicamente incorrecto, a cerimónia não o recomendava, mas sempre gostaria de ver de que cor ficaria Sócrates se alguém da assistência aproveitasse a embalagem de elogios, para lhe perguntar se já decidiu alguma coisa sobre a gestão do Aeroporto Sá Carneiro, para a qual desafiou a sociedade portuense a mobilizar-se e a apresentar propostas...
O que vale a Elisa Ferreira é que na oposição o ambiente não anda melhor, e a crise de liderança não é problema exclusivo ao PS. O PSD, é o que se vê, é alternativa pouco recomendável, ou nem sequer é uma alternativa.
Como quer que seja, não estou disposto a crucificar Elisa Ferreira por culpa do PS, e estou a pensar dar-lhe o meu voto. Só resta saber, se ela será capaz de reclamar ao líder do partido aquilo que o Porto precisa, e precisa de muito.
Gostei muito deste post, está óptimo!
ResponderEliminarJá redigi um post sobre o mesmo assunto e embora se possa considerar haver uma duplicação de opiniões, decidi publicá-lo. De certa maneira é complementar do seu.
Um abraço
Há uns dois ou três anos votava em Elisa Ferreira sem pestanejar.
ResponderEliminarHoje, se votar nela, será um voto contra Rio.
Apesar de independente, a sua colagem ao PS é coisa que não me agrada pois desse partido quero é muita distância.
Acredito no entanto que pode contribuir para mudar o Porto para melhor.
Como já tinha dito há tempos atrás, eu apoio a candidatura de Elisa Ferreira e na melhor oportunidade, vou fazê-lo no meu blog.
ResponderEliminarPara mim é tudo muito simples: ou Elisa ou mais do mesmo. Como eu não quero - valha-me Deus - mais do mesmo e porque acho a Elisa Ferreira uma excelente candidata...
Um abraço