21 fevereiro, 2009

Um B....om comentário

B. disse...
Esta inédita paixão tripeira e o encorajamento nunca antes visto do "renascer" do Porto e do Norte de Portugal tem sido surpreendente nos últimos dias: lia hoje no Causa Nossa que a alfacinha Ana Gomes (que tem agora uma paixão pela Inbicta chiquérrima) e o alfacinha disfarçado de coimbrão Vital Moreira apoiam frontalmente Elisa Ferreira para "dar" ao Porto o seu justo valor! Mesmo entre os meus colegas lisboetas da empresa a Elisa Ferreira goza de uma popularidade a que nunca assisti em relação às gentes do Norte, tidas como boçais, violentas e futeboleiras.
De repente o Porto passou a ser fabuloso, com honras do Sr. Primeiro Ministro e o ministro Jamé terem vindo apoiar a candidata ao Porto; aliás a mesma até promete prescindir do riquíssimo tacho no Parlamento Europeu de tão grande é o seu amor à cidade!Todo este entusiasmo ergue-me sérias suspeitas. De uma maneira geral sempre me ensinaram que ninguém dava nada a ninguém e Lisboa nunca deu nada ao resto do país. Sempre foi assim desde o início da História de Portugal: a única fase em que as regiões ainda tiveram alguma relevância foi no tempo do feudalismo em que o poder central tinha pouca influência nos poderes locais, como bem notaram Marcelo Caetano e Alexandre Herculano.
O governo PS não foi diferente. Este mesmo governo que descobriu agora uma paixão inédita pelo Porto e pelo Norte foi o mesmo que (1) nos roubou o dinheiro europeu para a recuperação da frente ribeirinha alegando os "efeitos de dispersão" que as obras em Alcantara terão no resto do país. (2) Já para não falar do TGV que foi reorientado para Lisboa-Madrid (deram-nos Vigo como consolo), a linha TGV Lisboa-Porto que nunca será construída, (3) do aeroporto de Alcochete que vai drenar o Porto, (4) o boicote feito pela ANA à instalação da base da Ryanair no Porto, (5) a privatização da ANA que nos vai obrigar a separar o aeroporto e a colocá-lo em gestão privada, (6) as obras do metro que, no prazo de uma semana, passaram de "inviáveis" (alegando que o memorando não era vinculativo) para uma obra que custa o triplo (e que nunca será feita, não tenho ilusões)....os exemplos multiplicam-se da paixão do PS pelo Norte e da sua inegável vontade de colocar o Norte no plano político nacional.
Elisa Ferreira tem mérito, reconheço. Sei que passou pela CCDRN (desconheço se fez alguma coisa), atribuem-lhe as obras de saneamento e os IPAR do Porto, afirma que conhece largamente o panorama empresarial do Norte (resta saber se não foi mais um tacho político).
Parece conhecer o terreno e a realidade. O que me preocupa é o facto de esta personagem se encontrar alicerçada na elite lisboeta que já deu provas de não desejar nada de bom ao Norte. Os exemplos que dei acima são gotas de água num oceano de desinvestimento. Apenas um inocente pode crer que os ventos tenham mudado ou que Elisa Ferreira os tenha convencido a mudarem de opinião. Não creio. Os políticos regionais que mais fizeram pelo Norte - Luis Filipe Menezes, Valentim Loureiro, Fernando Gomes, Avelino Ferreira Torres, Mario Almeida, Narciso Miranda, Fátima Felgueiras - todos eles sempre tiveram um mau relacionamento com o poder central a ponto de a maior parte deles neste momento presidir aos municípios respectivos na forma de independentes.
A comunicação social e o poder central sempre procuraram fazer deles desonestos, corruptos, boçais.....como se a impoluta Lisboa fosse um exemplo de gestão pública! O orçamento da CML ou o caso Isaltino Morais revelam perfeitamente o que se passa lá por baixo. Lisboa e o sul nunca foram amigos do Norte e nunca deram nada ao Norte. E todos os políticos do Norte sempre foram escarnecidos por Lisboa. Esta candidata, apesar de todo o aparato em torno dela, é uma mera marioneta do poder central. Vem continuar a política de drenagem que Lisboa tem empreendido em relação ao Norte, alicerçando-se no poder autárquico. O facto de o núcleo duro do PS a desejar ver a todo o custo na autarquia não augura nada de bom!Um outro cenário se afigura: de acordo com a novas regras do Comité de Regiões e com o fim dos financiamentos comunitários, Portugal terá que se regionalizar no futuro.
Caso as áreas mais deprimidas da Europa não constituam as Euro-regiões (e o Norte de Portugal e Galiza têm a potencialidade de ser a maior da Europa e consequentemente receber mais dinheiro), acabará o financiamento e o financiamento para atingir os objectivos de convergência terá que provir do orçamento de Estado - coisa que Lisboa pretende evitar. Podemos hipotizar que Sócrates, previdente, irá investir no futuro no Norte (usando a Elisa Ferreira como catapulta) por forma a organizar a Euro-região e depois lançar-se às eleições regionais, captando os financiamentos comunitários (que passarão a ser atribuídos às regiões). Isso seria um golpe de génio político que Sócrates tem revelado ser.
Em todo o caso.....meramente wishful thinking for the time being!Já Rui Rio, ninguém sabe qual será o seu futuro: Manuela Ferreira Leite tem mostrado grande enfado em gerir o partido e está ansiosa de passar a batata quente! Rui Rio tem sido muito falado para suceder ao PSD e tentar lucrar com a guerra anti-Pinto da Costa. Ainda ninguém sabe quem será o candidato pelo PSD à autarquia.
A procissão ainda vai no adro mas sinceramente não sei qual será o melhor candidato para o futuro do Porto e do Norte. Até Outubro muita água vai correr debaixo da ponte!Nota: sou rigorosamente apartidário. A minha paixão e preocupação são unicamente o Porto e o Norte, independentemente de cores partidárias.
20 de Fevereiro de 2009 21:47 (extraído de um comentário aqui plasmado)

2 comentários:

  1. Este comentário tem qualidade e levanta algumas preocupações sérias, mas tem um lado perverso pois entre ELISA e rio não há que hesitar.

    ResponderEliminar
  2. VERDADE É QUE ELISA TEM O MEU VOTO .
    HOJE DÁ TRISTEZA OLHAR PARA A CIDADE DO PORTO, PATRIMONIO DA UNESCO, CIDADE TODA DEGRADADA, COMÉRCIO NÃO EXISTE, DESEMPREGO E VIOLÊNCIA EM CRESCENDO, CULTURA É O QUE SE SABE.

    E A PERDA,EM RITMO ACELARADO, DO NOSSO DINAMISMO,IRREVERENCIA, OU SEJA A CAMINHO DA SUBMISSÃO TOTAL AO FEROZ CENTRALISMO.

    ResponderEliminar

Abrimos portas à frontalidade, mas restringimos sem demagogia, o insulto e a provocação. Democraticamente...