17 fevereiro, 2009

Manoel de Oliveira recebeu dragão de honra na noite dos "óscares" portistas

Os Dragões de Ouro premeiam atletas e dirigentes que se distinguem na causa do F. C. Porto, mas a ovação mais sentida da noite dos óscares portistas foi para o cineasta Manoel de Oliveira, laureado com o Dragão de Honra.

Lisandro, Atleta do Ano, Fucile, Futebolista do Ano, e todos os galardoados com o Dragão de Ouro foram aplaudidos pelas cerca de quatro centenas de convidados do F. C. Porto para o jantar de gala e cerimónia de entrega dos "óscares" portistas de 2007/2008, decorrida, ontem, na Alfândega.
Mas a maior ovação da noite, a aclamação mais sentida, até foi para um... leão, um Leão de Ouro! Esse mesmo, Manoel de Oliveira. O decano cineasta portuense juntou aos dois galardões conquistados no Festival de Veneza a mais alta distinção do F. C. Porto. Jorge Nuno Pinto da Costa, presidente do clube, entregou-lhe o Dragão de Honra, prémio que, muito para além de qualquer filição ao clube, distingue os valiosos serviços de Oliveira pela sétima arte e pela cultura na cidade. Ou como se juntaram dois dos maiores símbolos da universalidade do Porto, num protocolo tripeiro de assinalável alcance.
O autor de "Douro, Faina Fluvial" e de "Aniki-Bobó" é o mesmo Manoel de Oliveira que, em Dezembro, na celebração do seu centésimo aniversário, recusou as chaves da cidade que lhe foram atribuídas pela Câmara Municipal do Porto, alegando "aproveitamento político indecente" por parte da edilidade presidida por Rui Rio, autarca que nunca foi à bola com o F. C. Porto nem com Pinto da Costa.
Embora não se lhe conheça militância no futebol - na juventude, preferiu as corridas de automóveis -, Manoel de Oliveira é portista na directa condição de portuense e recebeu o Dragão de Honra "com muito orgulho". "Este momento não é especial, é especialíssimo, até para o meu neto, que é portista ferrenho e não perde um jogo no Dragão", disse o cineasta.
Outro Dragão de Honra foi entregue a Ilídio Pinto, vice-presidente do clube. Uma recompensa por uma vida de dedicação do "senhor hóquei em patins", que leva mais de 30 anos de entrega e devoção ao hóquei em patins e ao clube.
A cerimónia contou com a presença de todos os futebolistas profissionais e de todos os técnicos da equipa principal do F. C. Porto. Entre os convidados, além de reconhecidas figuras do universo portista, como o ex-goleador Fernando Gomes, estiveram, também, conhecidas personalidades do mundo do desporto e da política, entre elas Valentim Loureiro, presidente da Assembleia Geral da Liga Portuguesa de Futebol e presidente da Câmara Municipal de Gondomar, e José Luís Arnaut, deputado do PSD e também ele premiado com um Dragão de Honra, referente à época 2004/05.
Entre os clubes convidados, estiveram o Sporting de Braga, o Rio Ave, o Marítimo, o Estrela da Amadora e o Paços de Ferreira, todos representados pelos respectivos presidentes.


NUNO A. AMARAL (JN)
Nota do RoP:
Quando, a espinha dorsal de certos fulanos, se parece com uma frágil linha, em forma de espiral, nada de extraordinário podemos esperar deles. A última vez que assisti a uma manifestação destes espécimes, foi, quando um determinado Presidente da Câmara, num acto de puro oportunismo, quis oferecer as "Chaves da Cidade" ao cineasta Manoel de Oliveira e este, com toda a categoria e peso dos seus (bem vividos) 100 anos, as recusou. Hoje, o FCPorto, ofereceu-lhe um Dragão de Ouro, e o maior cineasta português de todos os tempos, agradeceu dizendo: sinto-me muito honrado com esta homenagem. Sou do Porto, nasci no Porto e amo a minha cidade. Mais palavras, para quê?

4 comentários:

  1. NORTADA

    Por Miguel Sousa Tavares

    DE FORMA ALGUMA CREDÍVEL

    1 - Quinta-feira foi um dia aziago para alguns ilustres benfiquistas e para alguns defensores do Estado da Calúnia contra o Estado de Direito: o Tribunal da Relação do Porto, por voto unânime dos três desembargadores, confirmou a sentença do tribunal de primeira instancia que mandou arquivar o célebre «caso da fruta», envolvendo o jogo FC Porto-Estrela da Amadora (2-0), de 2004, peça central do Apito Dourado. E mandou arquivar porque julgou que a prova decisiva em que se baseava a acusação do Ministério Público - o testemunho de Carolina Salgado - «como é bom de ver, não é de forma alguma credível» e, pelo contrario, não podia nunca ser julgado isento. E, quanto aos supostos «erros de arbitragem» que, segundo o MP, teriam favorecido o FC Porto (num jogo que já só era a feijões), a Relação julgou que «eles não são mais do que aqueles que os agentes de investigação consideraram...por conjectura ou imaginação...e não o resultado da perícia e das declarações dos peritos». E, acrescentaram os juízes, o que a peritagem concluiu foi que «nenhum dos lances que originaram os golos do F C Porto foram precedidos de erros de arbitragem» e, por isso, nunca a acusação poderia concluir que os erros ocorridos «são causa adequada do resultado final quando favorecem o F C Porto, e completamente inócuos quando favorecem o Estrela da Amadora». Para quem sabe ler, o que os desembargadores dizem é que toda a acusação se baseou em preconceitos clubísticos e assentou na credibilidade de uma testemunha que, de todo, a não merece. Ando a escrever isto há dois anos, mas há quem ache que a justiça dos tribunais não presta, a do Comissão Disciplinar da Liga - onde os juízes são escolhidos por influências dos clubes, onde se julga sem contraditório e sem sequer ouvir testemunhas - essa, sim, é que é a verdadeira. Foi isso, por exemplo, que José Manuel Delgado quis dizer, num elucidativo texto aqui, sábado passado e acompanhando uma resumida notícia sobre a sentença da Relação, e no qual ele defendia nas entrelinhas que é uma chatice que a justiça comum tarde em render-se à campanha de moralização do futebol português, tão exemplarmente encabeçada pelo exemplar Sr. Vieira.
    Mas convém recordar que este processo da «fruta» já antes tinha sido investigado pelo MP e arquivado por absoluta falta de indícios probatórios. Foi então que o Dr. Pinto Monteiro, acabado de ser nomeado Procurador-Geral da República e interrogado sobre o «livro» «de» Carolina Salgado, respondeu que ia mandar investigar o que lá vinha - assim lhe conferindo, logo, uma credibilidade que não podia saber se a coisa justificava. E nomeou, perante o aplauso de toda a nação benfiquista, uma task-force encabeçada pela Dr.ª Maria José Morgado para investigar o FC Porto e Pinto da Costa - e apenas eles. E a Dr.ª Morgado agarrou-se à pretensa «testemunha» como se Deus falasse pela boca dela. Gastou aos contribuintes milhares e milhares de euros a fazer «proteger» a sua testemunha, dia e noite, por dois seguranças cuja verdadeira função era a de fazer crer que ela poderia estar ameaçada, tal era a importância daquilo que sabia. E obrigou o MP do Porto a reabrir o processo e levar uma acusação a tribunal. O tribunal respondeu com a não-pronúncia dos réus e, vexame máximo, ainda mandou abrir um processo contra Carolina Salgado por crime de «falsidade de testemunho agravado». A Dr.ª Morgado entendeu recorrer para a Relação e a Relação acaba de lhe dar a resposta que merecia e que, houvesse algum sentido de responsabilidade, deveria levar o Sr. Procurador-Geral e a Sr.ª Procuradora, pelo menos, a pedir desculpas públicas.

    Mas, não. Tudo continuará na mesma. Como se nada se tivesse passado, continuarão a escrever sobre o «Apito Dourado» e a «fruta» como verdade estabelecida, continuarão a tentar que a «justiça desportiva» consiga excluir o FC Porto da Liga dos Campeões, em benefício do Benfica. E o Sr. Vieira, verdadeiro criador da criatura caída em descrédito e genuíno paradigma do fair-play, continuará a dizer que a hegemonia do FC Porto nos últimos 20 anos se deve apenas a batota. Como aliás o demonstra a comparação entre as carreiras europeias do Benfica e do FC Porto nos últimos 20 anos...

    2 - Tive o saudável bom-senso de me pirar daqui na altura crítica deste clima de histeria, quando, no espaço de doze dias, ao FC Porto coube defrontar os três clubes de Lisboa: Belenenses, Benfica e Sporting. Dos três jogos só soube à distância e não vi nada, depois, senão os dois cruciais lances do Dragão. Mas deixei os jornais guardados e fartei-me de sorrir ao lê-los. E então, do pouco que vi e li, constatei o seguinte:

    — em Alvalade, houve dois penalties do Sporting contra o Porto, que viraram o resultado (há trinta anos que é assim...). Na página 11 da edição de 5/02 de A BOLA vêm as respectivas fotografias. Na primeira, não se vê rigorosamente nada que possa justificar um penalty, mas a legenda diz que se deve «dar o benefício da dúvida ao árbitro». Na segunda, vê-se o Sapunaru no chão, com uma mão pousada suavemente sobre a anca de Postiga e a legenda reza que foi «penalty claro» ( a fazer lembrar a mão pousada no ombro do João Moutinho e que também foi «penalty claro» no Sporting-Porto para o campeonato);

    — na edição de 9/02, vêm duas fotografias do penalty do Dragão, onde, tal como nas imagens televisivas, se vê claramente a mão de Yebda tentando travar Lisandro pela barriga. A legenda, porém, diz que foi só um «toque» e quando ele já estava em queda (a cuja não se vê de todo). Ora, eu até concedo que aquela mãozinha não chegasse para justificar um penalty; o que não percebo é como é que os três penalties de Alvalade são claros ou merecem o benefício da dúvida e aquele seja um «roubo» evidente...

    — evidente, evidente, é que aos 19 minutos do jogo do Dragão, Reyes rasteirou Lucho dentro da área. Ele foi ao chão e levantou-se, prosseguindo a jogada e dando ao árbitro mais do que tempo para se lembrar de que não há lei da vantagem em caso de penalty. Ou seja, o árbitro do Dragão errou primeiro contra o FC Porto e depois contra o Benfica. Não entendi, assim, porque fizeram desta arbitragem mais um caso para o «Apito Dourado» e porquê que o José Manuel Delgado teve logo de ir ouvir Luís Filipe Vieira em mais uma «entrevista exclusiva», para dizer o mesmo de sempre- ele, que até nem vê os jogos.

    3 - E anteontem, infelizmente (eu odeio penalties, desde a infância, onde enjoei de os ver na Luz e em Alvalade e sempre, sempre, para o mesmo lado...), um FC Porto com um ataque reduzido ao génio de Hulk e à absoluta inutilidade de Mariano e Farias, só conseguiu inaugurar o marcador contra o último classificado e no Dragão, através de um penalty que, vendo na televisão, ninguém de boa-fé pode dizer se existiu ou não. Mas logo estava a receber uma mensagem de um amigo benfiquista garantindo que, na sua televisão, tinha sido mais um «roubo» evidente. E, embora três minutos depois, só o árbitro e o fiscal-de-linha não tenham visto a bola dentro da baliza do Rio Ave, seguiu-se nova mensagem a garantir-me que também aquele árbitro estava comprado. Depois do Benfica-Porto, li alguns benfiquistas queixarem-se de que tinham sido vítimas do «excesso de isenção» de um árbitro sabidamente benfiquista. Mas, curiosamente, só se queixaram da nomeação depois e não antes do jogo: antes, não lhes ocorreu estranhar que para um Porto-Benfica onde muito do campeonato se podia decidir, tenham escolhido um árbitro que é sócio do Benfica. Olha se fosse sócio do Porto, o que não diriam!

    Aliás, acho que seria útil que a direcção do Benfica encarregasse o João Gabriel de anunciar publicamente a short-list dos raríssimos árbitros que, à imagem do seu próprio presidente, consideram sérios. E Vítor Pereira faria o favor de só nomear esses dois ou três para todos os jogos do Benfica e do Porto.
    In "abola"

    ResponderEliminar
  2. Ilídio Pinto é o meu destaque nos Dragões de Ouro 2007/2008.


    Dirigente de eleição, portista genuíno, apaixonado, dedicado e desinteressado, o Senhor Hóquei em Patins, onde tem uma obra notável, merece tudo e mais alguma coisa.
    O Dragão de Honra é justíssimo e até, peca por tardio...
    Muitos parabéns!


    Um abraço

    ResponderEliminar
  3. Honra de Dragão ou a lição de Manoel de Oliveira

    Manoel de Oliveira aceitou o Dragão de Honra, distinção do FC Porto para gente com obra feita e, normalmente, com contributo inatacável para a cidade ou para a região. É o mesmo Manoel de Oliveira que recusou as "Chaves da Cidade", distinção que a Câmara liderada por Rui Rio pretendia entregar ao cineasta quando ele fez 100 anos de vida. Oliveira argumentou que já não dava para peditórios de propaganda.
    Tudo isto vale o que vale, mas para mim os detalhes valem mais do que a panorâmica geral, normalmente com a névoa do senso comum, que nem sempre é bom senso...Concluo quem nem todo o Porto (a cidade e as suas gentes) está divorciado!
    In Rock Santeiro

    ResponderEliminar
  4. 17-02-2009 LABAREDAS

    Um filme azul e branco

    O Labaredas acompanhou com atenção a energia de Manoel de Oliveira na Gala dos Dragões de Ouro 2007/08. E registou um lema que devia ser credo para quem nasce nesta margem do Douro.

    «Não é especial, é especialíssimo. Nasci no Porto, vivo no Porto e amo a minha cidade. Todo o trabalho do F.C. Porto é um trabalho que me toca sempre o fundo do coração».


    Palavras de MO na Gala dos Dragões de Ouro.
    Este Labaredas, tem um destinatário(s)?!

    ResponderEliminar

Abrimos portas à frontalidade, mas restringimos sem demagogia, o insulto e a provocação. Democraticamente...