21 fevereiro, 2009

Votar, ou revolucionar?

O comentário que, por moto próprio, decidi publicar em post, da autoria de B.) (é assim que costuma identificar-se), é demasiado pertinente e objectivo para ficar "acorrentado" à caixa de comentários. Estou certo que o seu autor não levará a mal, pois apesar de já não comentar há algum tempo, é um visitante regular, já "conhecido" do Renovar o Porto.
Por outras palavras, foi o mesmo receio, as mesmas dúvidas, a mesmas certezas, a mesma indignação, que procurei transmitir neste meu post. Se fosse eu a assinar o comentário de B.), não se notaria grande coisa, o que significa que estou inteiramente de acordo com ele. Eu também sou apartidário, o que, nos tempos que correm não é nenhum sinal de comodismo, bem pelo contrário. É um sinal de independência intelectual e de grande sensatez.
Gosto de Elisa Ferreira, porque tem uma personalidade cativante e já tem dado provas de competência, mas, de facto, reconheço que ainda não chega, tendo em conta o «meio-ambiente» ultra-poluído, do partido que a rodeia. Poucos se aproveitam. O problema, é que o PSD é igual, e a fatalidade dos eleitores é não terem, politicamente, para onde se virarem, a não ser para si próprios, o que não resolve o problema. Se votar, votarei nela. Bastante contrariado, mas prefiro tê-la lá, mesmo acorrentada pelo oportunismo dos seus confrades, do que continuar a ver o marasmático e conflituoso Rui Rio à frente da Câmara. Rui Rio é um factor acrescido de depressão para o Porto.
Como Elisa Ferreira, Fernando Gomes, também pertenceu ao PS, mas sempre mexeu com a cidade, sempre se envolveu com ela de uma forma mais participativa e afectiva (isso também conta), e tem obra feita, ninguém pode negá-lo. Depois, fez asneira, é certo, comeu a cenoura que lhe deram a cheirar (Ministro da Administração Interna), e tramou-se, tramando-nos.
Mas, de facto, desta vez, vai-me custar muito ir a votos, porque estas eleições fazem-me sentir como uma criança a quem dão um rebuçado para se calar. Já há muito que decidi não participar em eleições, nem mesmo para votar em branco, porque estes políticos não merecem essa consideração. E não me pesa a consciência porque não é a Democracia que desdenho, são os homens que a abastardam.
É em situações ambíguas como esta, que o povo devia dispor de mecanismos reguladores. Um deles, podia ser um compromisso rigoroso entre ele e os candidatos ao poder, que os obrigasse a demitirem-se, mal se desviassem do programa eleitoral apresentado. Sabemos que a reputação dos políticos é caótica e a dos partidos também.
O que nos resta? Talvez uma revolução, a sério. Não vejo outra saída. Não há extremismo nestas palavras. O extremismo, é sabermos que há um monte de gente com elevadíssimas responsabilidades, com lugar nos orgãos do Poder, quando, na realidade, o seu lugar adequado, seria noutro género de instituições, como, por exemplo na Cadeia, e continuam a mandar no País. E este, é o nosso drama. Deve ser também por isso que sempre detestei o fado.

6 comentários:

  1. Prezado Rui Valente

    Deixe-me desde já agradecer-lhe a gentileza da publicação do meu comentário como um post no seu blog assim como a amabilidade da habitual resposta.

    Bem sei que Elisa Ferreira tem mérito e poderá constituir uma alternativa sério a Rui Rio. Todavia, é todo este aparato em torno dela e o "incondicional" apoio do poder central que me erguem sérias dúvidas. É certo que também Fernando Gomes teve um bom relacionamento com o poder central e não impediu que fosse o melhor Presidente da última década (e, na minha modesta opinião, desde Nuno Pinheiro Torres, o próprio com bons relacionamentos com o poder central). Fico sem saber todavia se conseguirá internamente dentro do Partido captar os fundos necessários para o Porto e fazer o lobby necessário a um Presidente de Câmara que cada vez mais o é de uma região.

    Uma vez mais lhe repito: sou apartidário! E Rui Rio, apesar dos seus defeitos, não é um diabo tão mau quando o pintam. Penso que mudou radicalmente as suas ideias sobre a regionalização e sobre o poder reivindicativo dos autarcas a nível nacional. Em todo o caso, fica claramente abaixo de Luis Filipe Meneses, a melhor pessoa que considero para Primeiro Ministro.

    Deixo-o entretanto com a promesse de continuar a visitar diariamente o seu blog e a comentar sempre que entender que tenho algo a dizer.

    Atenciosamente,

    B.

    ResponderEliminar
  2. 2013. Está em Vigo. Porto e Lisboa são alternativas para um voo. Há comboio rápido. Se for pelo Porto, tem de levantar as malas e mudar para o metro. Tudo somado, demorará, no mínimo, mais 40 minutos. Se for para Lisboa, não sai, demora mais uma hora e vai directo ao aeroporto. Qual escolheria? Há várias maneiras de matar uma opção…
    Prof.Alberto Castro no "JN"


    Isto não pode passar-se.

    ResponderEliminar
  3. 22-02-2009 LABAREDAS

    Há penáltis e penáltis

    É a velha história dos «ses». Se, por exemplo, um jornalista for isento, consegue ver para lá da barreira clubística que lhe pode tolher as ideias. Se não o for, condena-se à falta de rigor perene. O Labaredas leu com agrado que o cronista de O Jogo presente ontem em Alvalade coloca um ponto de interrogação no derby. É sempre bom questionar! E se?

    «Quem sabe como se portaria um Benfica em vantagem?». Ninguém sabe. Curioso é que a mesma dúvida não lhe tomou a mente nos dias subsequentes ao F.C. Porto-Benfica, depois de Lucho ter sido rasteirado ainda na primeira parte e com um nulo no marcador. É certo que não esteve escalado para a crónica em questão, mas entretanto já escreveu sobre o tema. E se a ocorrência tivesse sido de sentido inverso?

    O Labaredas também gosta de desenhar cenários. E se o resultado de ontem fosse radicalmente oposto? E se em jogo estivessem outros intervenientes? Podemos estar aqui a disparar «ses» até 2093, ano em que o F.C. Porto cumprirá o segundo centenário e continuará a ser seguramente o melhor, mas o certo é que ninguém leu algo semelhante acerca do encontro do Dragão saído da mesma pena.

    Faz sentido. Tem a ver com um estilo de jornalismo muito em voga nos meios lisboetas, mas que não se ensina nas universidades. Basicamente, o Labaredas acha que é tudo «Farinha do mesmo saco». Só assim se concebe que não se considere «muito normal» que sejam marcadas grandes penalidades a favor do F.C. Porto

    ResponderEliminar
  4. "E Rui Rio, apesar dos seus defeitos, não é um diabo tão mau quando o pintam. Penso que mudou radicalmente as suas ideias sobre a regionalização e sobre o poder reivindicativo dos autarcas a nível nacional."


    ????????

    Ò B.disse, voce ia tão bem e sai-se com isto, que desgosto!!!

    ResponderEliminar
  5. 2013.

    Está em Vigo.
    Porto e Lisboa são alternativas para um voo.
    Há comboio rápido.
    Se for pelo Porto, tem de levantar as malas e mudar para o metro. Tudo somado, demorará, no mínimo, mais 40 minutos. Se for para Lisboa, não sai, demora mais uma hora e vai directo ao aeroporto. Qual escolheria? Há várias maneiras de matar uma opção…

    Prof.Alberto Castro no "JN"

    ResponderEliminar
  6. Caro B.

    Se votar, voto em Elisa. É uma questão de confiança pessoal. É claro que, como você diz (e bem)é de suspeitar em todo este aparato à volta da sua candidatura. Nem duvido, que este súbito "carinho" pelo Porto, esta paixão relâmpago pelas gentes do Porto, é do mais puro oportunismo político, mas já está «filtrado». E do outro lado, o que temos? Sinceridade, pragmatismo? Não, claro! É mais do mesmo em tons diferentes. Só com uma agravante, é que,para mim, Rui Rio não tem capacidade para mobilizar a cidade, não tem ideias, é pouco empreendedor, é subserviente com as cúpulas e arrogante com as bases. Não lhe reconheço perfil para o cargo.
    Portanto, sem diabolizar o homem, é uma questão de competências. E, eu tenho esperança que Elisa (apesar do PS)seja uma lufada de ar fresco e vigor para o Porto, que Rui Rio nunca foi campaz de mostrar.

    Um abraço e continue a postar aqui

    ResponderEliminar

Abrimos portas à frontalidade, mas restringimos sem demagogia, o insulto e a provocação. Democraticamente...