04 março, 2009

A decandência que não se quer ver

Ontem, tive de ir à baixa do Porto. Como ainda não tinha tomado o café, e porque me ficava a caminho, decidi entrar no referencial Café Aviz. Seriam 10 horas da manhã, portanto, não era propriamente cedo. No café, que é relativamente grande, além de mim, estavam mais 3 pessoas. Sim, três pessoas apenas (comigo quatro), no Aviz! O silêncio, contrastava penosamente com o alvoroço e o frenesim de outrora, onde, para além dos estudantes, se reuniam e conversavam os comerciantes das redondezas, e outras pessoas que por ali trabalhavam.
Em frente, onde devia estar a icástica e antiga livraria Aviz, restava um edifíco vazio e sujo, sem quaisquer sinais de reabilitação presente ou futura. Logo ao lado, uma outra livraria cujo nome não fixei, (datava do ano 1906), encontrava-se com as grades de segurança ainda fechadas. Algum tempo depois, chegou um homem, que presumi ser o proprietário, que abriu as grades e as portas a um público que não se conseguia vislumbrar. Eram quase dez e meia, e além deste homem, ninguém mais vi entrar naquele estabelecimento, o que me fez depreender que, acumularia a dupla função de proprietário/empregado...
Antes de entrar no Aviz, tinha descido a pé, a Rua do Almada, onde pude observar o panorama desolador de vários prédios a acusarem ruína e a servirem de abrigo a mendigos e pombos. Alguns, já nem sequer tinham tecto, nem janelas. Desta rua, onde há relativamente pouco tempo, o comércio de ferragens e de ferramentas fora vivo e pujante, apenas sobravam, dispersas, umas pequenas lojas de resistentes, à espera do golpe final.
O cenário não me trouxe novidade, mas serviu para reconfirmar a incúria e a ineficácia das directrizes de reabilitação urbana seguidas pela classe política. É deprimente e chocante. Mas, o que choca a valer, é sabermos da existência entre nós de alguns «cérebros dinâmicos e bem pensantes», com teóricas responsabilidades na matéria, que assobiam para o ar, perante este violento e aterrador espectáculo de depauperação, do coração de uma cidade.
A esses, o justo castigo, a divina conta, só será uma realidade, no dia em que essas ruínas do passado se abaterem sobre os seus corpos imprestáveis, de parasitas.

3 comentários:

  1. Não demorará muito até que esse cenário se comece a estender para a parte dita "moderna" do Porto -- a crise ainda agora começou!

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  2. Quarta-feira, 4 de Março de 2009

    As encomendas do João

    Neste estádio (antas) não gozavam com a nossa cara. Eram outros tempos. Outra imponência, outros adeptos. Hoje, no novo estádio, entre esses mesmos sofredores há também os de fato e gravata que só lá vão por convite e quase não abrem a boca. Que se conformam com arbitragens como a de João Ferreira no último clássico. Que gozou com o FC Porto do início ao fim, terminando apontando aquela falta ao minuto 91 no canto com receio que a encomenda não ficasse como desejava o seu patrão. Como prémio pelo penalty não assinalado, as expulsões de Derlei, Polga e Pedro Silva perdoadas, o João, que afinal voltou aos velhos tempos, está já escalado para um novo frete ao regime. Naval-Benfica. É esta a nova encomenda do João sem medo. Ou do João, pode ser o João... E os novos Portistas, os que comem pipocas como numa sala de cinema, vão aceitar com toda a naturalidade a dualidade de critérios que o João vai demonstrar em apenas uma semana. Mas eu, não. Nem sequer vou ver o jogo. Nem sequer ouvir o Cruz dos Santos a destilar ódio ao FCP analisando as arbitragens no DD do vermelhão de Paredes. Eu só quero que chegue sábado e que o meu clube ganhe no Mar, mais uma batalha, com Rui Costa a apitar de forma isenta, como sempre lhe reconheci. E no domingo, aí sim talvez vá ao cinema comer umas pipocas.

    Publicada por calabote


    http://inocencio-calabote.blogspot.com/

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  3. Meu caro Rui continue a mostrar aos incautos, como está anossa cidade, para ver se eles acordam definitivamente.

    Um abraço

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