É um espetáculo deprimente a que assistimos com indesejável frequência. Autarcas da mesma região atacando-se em público a propósito de decisões políticas do governo que tenham a ver (ou não) com o funcionamento das autarquias ou das Áreas Metropolitanas em que estão inseridos. Qualquer discordância expressa pelo autarca que não é da cor do governo, mesmo que justificada, é logo agressivamente rebatida por um representante do partido no poder que, com argumentos geralmente de pouca consistência, se sente na obrigação de defender o governo (e o seu próprio tacho, claro!) e de atacar o colega discordante e o partido a que ele pertence, independentemente da bondade da decisão política em causa. Pessoalmente considero isto uma traição à Região. Infelizmente neste caso, ao contrário do que afirmou um imperador romano, "Roma paga aos traidores".
Vem isto a propósito das reuniões da Junta Metropolitana do Porto, onde o clima de discórdia e a clivagem partidária parecem estar sempre presentes, sobrepondo-se ao interesse da Área Metropolitana. Aquele é um órgão em que todos os seus membros deviam puxar para o mesmo lado. As suas decisões deveriam ser pautadas por um único objectivo - o interesse da Área Metropolitana do Porto - sem prejuízo da existência de distintos pontos de vista, expressos por distintas forças políticas. Não é isso que se constata e esta partidarite aguda vai ser um fortíssimo obstáculo a uma futura regionalização, como aliás ficou bem patente na campanha para o referendo de 98.
A propósito refira-se um outro aspecto que diz respeito às verbas entregues pelo governo às Áreas Metropolitanas. Até este ano, as transferências dessas verbas tinham de cumprir determinados prazos pré-estabelecidos. A partir de 2009 essa obrigação temporal desapareceu e as entregas passam a ser feitas quando o governo muito bem entender. Pretende-se obviamente dificultar o funcionamento das Juntas, estrangulando-as financeiramente, e trata-se também de uma tentativa de calar e "meter na ordem" as Áreas Metropolitanas mais recalcitrantes, aquelas que recusem o beija-mão ao poder centralizador.
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Eles, já nem querem saber da triste figura que fazem perante os eleitores. Eles, convivem bem com a vergonha porque nunca a tiveram. Eles,sempre se borrifaram para o país. Eles, «são» o país.
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