04 abril, 2009

Lavar a alma

O nosso amigo Rui Valente, no seu post "Que Sufoco!", compilou uma série de frases publicadas na imprensa, que traduzem o desânimo que percorre a maioria da sociedade portuguesa. Somos efectivamente um país estagnado, descrente, com um duvidoso futuro à sua frente. O futuro de um país joga-se na educação, esta tem sido um desastre, e as políticas educativas têm consequências que se manifestam durante dezenas de anos. Qualquer futura inflexão no bom sentido só terá efeito passada pelo menos uma geração. Entretanto vemos os recém-chegados membros da União Europeia, que económicamente partiram atrás de nós, passarem à nossa frente e darem-nos o lugar de "lanterna vermelha". E quando consideramos a situação da Justiça, seja a comum seja a desportiva, que atingiu níveis de iniquidade, ineficácia e até de pouca-vergonha e desonestidade(e estou especialmente a pensar na "justiça" desportiva) então a depressão nacional desce a níveis que provavelmente já não se verificavam desde o séc.XIX, com a diferença de que no final desse século houve Homens com a coragem dos seus princípios e convicções que foram capazes de começar a mudar um regime, coisa que hoje está provado estar fora do alcance dos políticos de aviário que temos, e que devem a sua manutençao nos corredores do poder à indiferença de uma abúlica sociedade civil que parece manter um princípio que ouvi muitas vezes invocado nos tempos do Estado Novo: "eu, em política não me meto, a minha política é o trabalho". Com uma sociedade assim, desinteressada e sem consciência cívica e política, não vamos a lado nenhum.

O panorama nacional é este. A nível regional nortenho temos que acrescentar à nossa carga depressiva o peso que resulta de vermos o Norte em acentuado declínio em quase todos os campos (salva-se o FCPorto, graças a Deus!!!) com especial incidência nas regiões do interior, perante o desinteresse e a incapacidade das suas populações em idealizar e concretizar caminhos que conduzam a um futuro mais risonho.

Tenho-me perguntado se, perante este panorama, terá alguma utilidade continuar a manifestar pela escrita os meus sentimentos de revolta. Provavelmente não terá, mas decidi que, por enquanto e enquanto o Rui Valente quiser, vou continuar na luta. Apenas por um motivo higiénico: para lavar a alma.

2 comentários:

  1. "eu, em política não me meto, a minha política é o trabalho".

    É exactamente isso, Rui Farinas!

    Essa mentalidade permanece, não obstante os limitadíssimos recursos de intervenção cívica dos cidadãos para dar a volta à situação. Os partidos, estão todos contaminados por vícios antigos, e já ninguém acredita que nenhum deles tenha verdadeira consciência da seu papel numa sociedade teoricamente democrática. Os partidos, não passam de locais de emprego para militantes.

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  2. Meus caros, a blogosfera é uma realidae esquestionável, que vai marcando pontos e no futuro, marcará muitos mais.
    No caso do futebol e sei por experiência própria, já incomodamos muito - porque é que eu bato tanto na Bola? - e eles já ficam podres. Por isso não desistam, porque como acontece no futebol, também acontece no resto das actividades, sejam elas políticas, económicas e sociais.
    Não influenciamos tanto como gostariamos, mas já influenciamos, alguma coisa.

    Um abraço

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