Imaginem este quadro: um ôvo meio rachado a vaticinar o nascimento de um pássaro [símbolo da liberdade], mas que em vez do pássaro, aguardámos que nasça um jornalista. Se levarmos à letra o apregoado amor destes últimos pela Liberdade, não acharemos despropositada a comparação com os pássaros, mas já teremos de colocar muitas reticências quanto à autenticidade entre a Liberdade da ave e a do jornalista.
Não serei eu que alguma vez terei a presunção de qualificar a importância do Renovar o Porto e o impacto que tem na opinião pública. Essa tarefa, deixo-a para cada qual, certo de que não agradará a todos [nem é isso que se pretende], e satisfará, porventura, a alguns. Mas há uma coisa de que tenho a certeza: é que não será o Renovar o Porto o blogue mais votado pela imprensa generalista para aparecer nas páginas dos jornais. E sabem por quê? Porque, frequentemente, não sou "simpático" com alguns jornalistas e jornais, e talvez também porque esse é um direito cuja patente julgam pertencer-lhe por inteiro. Mas, isso acabou. O aparecimento da blogosfera de alguma forma vulnerabilizou-lhes esse estatuto, o que é algo desconfortável, sobretudo quando há quem escreva a reconhecer-lhes méritos, quando dignificam o ofício, mas também quem os critique quando se portam como cachorros mandados e se calam quando olham para a Democracia como o adepto de futebol para o seu clube.
O simbolismo que encontrei do ôvo e do jornalista, não é mais do que uma expectativa pelo ressurgimento de sangue novo no jornalismo, de mais coragem e gosto pelo rigor. É que, neste defeso futebolístico, renunciei a ver a página do desporto nos canais de televisão generalistas e de todos os outros. Por uma razão tão simples, quanto vergonhosa [para o país e para os jornalistas sérios], só falam e discutem um assunto: o Benfica.
Desafio pois, com base neste factos publicamente documentados, durante semanas a fio, que alguma entidade institucional do país, desde o Presidente da República ao Provedor de Justiça [se o houver...] ou qualquer outra, me convença - se tiver o azar de me ler - que esta, é uma forma democrática, séria e aceitável de fazer jornalismo, e se se sentem confortáveis com o que vêem!
Nunca pude com o Salazar, nem pintado, mas a maior "afronta" que posso fazer aos tecnocratas que imaginam estar a realizar algo de convincente pelo regime democrático, é este: não voltes Salazar, mas há por aqui democratas mil vezes mais ditadores do que tu, que deviam estar onde estás, e como estás: no cemitério, e morto.
Parece o Iraque no tempo do Saddam.
ResponderEliminarUm abraço