01 julho, 2009

Rio e o centralismo

aqui tinha dado conta da mudança estratégica de Rui Rio em relação a questões fundamentais para o Grande Porto e Norte. A sondagem agora revelada não me espanta minimamente. O PS-Porto é uma coisa inenarrável e a candidata apresentada, além de vir com 4 anos de atraso, não se revelou muito empenhada na tarefa nem tem sido capaz de se libertar do directório lisboeta que domina completamente a estrutura partidária local. O PS hoje é um partido totalmente conotado com o centralismo e com o roubo perpétuo que certas elites alfacinhas fazem ao país. Assim sendo é mais que justo que os portuenses lhe demonstrem inequivocamente o seu desprezo.

Mas uma coisa é ser regionalista na oposição outra é ser regionalista quando se está no poder. Fico à espera que Rui Rio seja coerente e mantenha a mesma atitude se o PSD chegar ao governo de Lisboa. Mais ainda: pretendo ver Rui Rio dizer que caso o PSD seja governo ele vai fazer tudo que lhe seja possível para acabar com o princípio iníquo dos chamados “spillovers” lisboetas para o resto do país e mesmo pugnando pela devolução às regiões, à custa do orçamento do estado, do dinheiro já indevidamente aplicado. Caso não obtenha sucesso e o PSD se mantenha tão centralista como também tem sido ao longo da sua história, espero que igualmente seja capaz de tirar as devidas ilações e ser coerente. É que de bravatas regionalistas quando os “outros” estão no governo e cobardias centralistas quando os “nossos” sobem ao mando já todos nós estamos fartos.

De qualquer maneira, caso o PSD vença as eleições, não me parece que venha daí algo de bom. Além de se perspectivar uma reedição requentada do cavaquismo – paradigma do regabofe megalómano e ‘expositário’ lisboeta – o governo será dirigido por alguém que pactuou escabrosamente com uma das maiores operações de tráfico de influências e compra de votos jamais vistas em Portugal: a aceitação por parte do estado do pagamento da dívida fiscal do SL Benfica por papel/acções sem qualquer valor de mercado. Espero, pelo menos, que a senhora tenha tapado o nariz. Tudo isto poderá ter sido legalíssimo; mas foi isso mesmo que aconteceu: compra de votos e tráfico de influências. O principal responsável desta traficância deu à sola mal as coisas se complicaram. Convém ter memória.

8 comentários:

  1. Eloquente, caro A.Alves

    clinicamente falando, este s/ post é uma perfeita radiografia do antes, do depois e dos entretantos, da actuação político-partidária dos n/ "governantes"...

    Diria mais: é uma endoscopia política, com biópsia e tudo.

    ResponderEliminar
  2. As sondagens valem o que valem, embora concorde que o Renato Sampaio líder do PS Porto é muito fraquinho de facto e incapaz de mobilizar as pessoas para darem a volta ao texto. Vai ter de ser a Elisa a fazê-lo, sem medo, com coragem e sem vacilar, mesmo se as sondagens são muito negativas. Quando em 1986 estive na almoço de candidatura de Mário Soares à presidência da República, no Palácio de Cristal, ele tinha 7% e veio a ser eleito.

    Espero que agora possa acontecer a mesma coisa.

    Só de pensar, que a Manuela Ferreira Leite pode ser 1º Ministra, fico com pele de galinha.

    Um abraço

    ResponderEliminar
  3. Ainda vamos ver RR, a dizer que nestes anos aprendeu a gostar do FCP???!!!

    ResponderEliminar
  4. Até ver,a única voz sensata do PS Porto é a do Pedro Baptista, mas parece que ninguém o quer ouvir,e os incompetentes como esse Renato Sampaio é que decidem. Está tudo louco!
    Quanto às sondagens, valem o que valem, mas lamentavelmente, não creio que Elisa Ferreira vença Rui Rio, porque entrou pessimamente com a infeliz ideia de duplicar candidaturas. Além do mais, perante previsões que não lhe são favoráveis, a esta hora já devia "estar no terreno"
    a intervir,a apresentar propostas para a cidade, porque ainda que a campanha eleitoral não tenha começado, Rui Rio já está a fazê-la à sua maneira.

    Os portuenses já provaram que não gostam de meias tintas, apesar de nem sempre fazerem as melhores escolhas. Mas, quero enganar-me.

    ResponderEliminar
  5. Independência?

    O Labaredas decidiu ler o livro de Fernando Mendes, depois do alarido gerado pelos casos de doping relatados pelo antigo defesa-esquerdo e que motivaram espanto generalizado. A obra, todavia, inclui passagens bem mais interessantes. Como a que se segue e que… fala por si.

    «Acho piada quando hoje em dia oiço falar em promiscuidade entre jornalistas e dirigentes desportivos. Se existe? Naquela altura já existia. Fui confrontado com a hipótese de rumar ao Benfica por duas figuras do jornalismo nacional, e em especial da Imprensa desportiva: Leonor Pinhão, assumida benfiquista do jornal A Bola, e João Bonzinho, que também pertence ao mesmo jornal e que nunca fez questão de negar as suas cores clubistas. Foi-me dito que ambos tinham ligações próximas com a direcção do Benfica» (…) «Assinei contrato pelo Benfica, no Bairro Alto, na casa de Leonor Pinhão e do seu marido, o realizador João Botelho. Para além dos dois, estavam lá João Bonzinho, Jorge de Brito, como representante do Benfica, e o meu jovem advogado, Cunha Leal, então um ilustre desconhecido» (…) «Pareceu-me haver uma enorme contradição neste episódio entre a função de um jornalista e a sua proximidade com um clube».

    Site do FCP

    ResponderEliminar
  6. Por favor- Ferreira Leite ao Poder!...isso é um mau agoro.

    Só sonhar com ela; é um pesadelo!...

    A sína dos portuguêses, é levar
    ou com o P.S ou P.S.D. Eles são
    exactamente iguais.

    Mesmo sendo partidos iguais, é preferível um P.S.com nova gente.

    Um desabafo...isto está igual
    como no antigamente, (gamela igual porcos diferentes).
    Estou desiludido!...

    Eu já disse: que Sócrates é um
    infeliz em todas as escolhas que
    faz.
    Mais uma vez, provavelmente vamos
    levar com Rui Rio,que é um charco de banalidades.

    O PORTO É GRANDE VIVA O PORTO.

    ResponderEliminar
  7. Infelizmente, como portuense de nascimento e de convicções, sinto um profundo pesar pelo estado a que chegou a minha cidade e um grande desprezo pela maioria dos políticos que "andam por aí"! Do conhecimento que obtive dos candidatos dos diversos partidos ao lugar de Presidente da Câmara, nenhum me agrada e julgo que a outros, como eu, também não.
    Nos dois maiores partidos continua a ser uma vergonha: alguns dos dirigentes têm, na minha opinião, uma posição positiva em defesa da cidade,seus valores e tradições, mas muitos outros, incluindo muitos dos dirigentes regionais, deputados em Lisboa ou Bruxelas, continuam contra os interesses da cidade e do Norte, mantendo-se ao serviço de Lisboa para garantirem um bom emprego, seja em listas partidárias, em empresas municipais, como acessores de outros presidentes de câmara, ... Podia citar alguns nomes mas não o vou fazer.
    Quanto a Rui Rio parece um cristão-novo, recém convertido. Só agora é que abriu os olhos para a discriminação que os governos lisboetas impõem ao Porto em favor de Lisboa. De anti-regionalista que grande mudança operada! Se olhasse mais para esta cidade e tivesse nela os dois pés, como os cartazes afirmam mas não dizem onde tem a cabeça, veria a vergonha do serviço e das facturas da empresa municipal Águas do Porto, que chegam a demorar 10 meses a contar a água e não venham com a desculpa de que não têm acesso ao contador. Pelo telefone também não registam a leitura. O seu vice e ajudante Álvaro Castello-Branco que explique isto e os preços escandalosos que munícipes pobres têm de pagar pela água de um contador colectivo. Para um político que se diz preocupado com as questões sociais é estranho ou ignorância. Da Porto Vivo muito poderia dizer mas o espaço é escasso. Rio dizia que no futebol, não se deve misturar política e clubes, mas se o clube tiver uma camisola aos quadradinhos já a atitude é diferente da adoptada para o F.C.P. e Salgueiros.
    Este político profissional tal como a que o PS escolheu e que vai sofrer com os votos contra Sócrates e a sua tibieza em relação às eleições europeias não servem, neste momento os interesses da cidade e como dizem alguns dos anteriores comentadores a sua atitude é diferente perante um governo do seu partido ou de outro.
    Perante tudo isto, que fazer? Não pôr os pés nessas eleições, votar em branco ou nulo, não me falem de voto útil que só tem levado ao poder gente como Rui Rio ou um qualquer socialista, num voto claramente do contra.
    Precisamos e já o tenho escrito várias vezes de um movimento de cidadãos que se organize,como fez Helena Roseta em Lisboa, elabore um programa e uma lista para a Câmara e outra para a Assembleia Municipal, não esquecendo as Juntas de Freguesia. Por que não aproveitar a blogosfera como fez Obama nos E.U.A. para divulgar as ideias e reunir apoios? Se perderem as eleições a vida continua, mas, pelo menos, seria uma forma de muitos portuenses poderem votar, já que muitos não votarão Rio nem Elisa,Rui Sá ou outros.
    Que tal uma Frente Patriótica Portuense, mesmo sem Rui Moreira que, pelos vistos, não se interessou em ser candidato?
    Cumprimentos

    ResponderEliminar
  8. Um líder, falta-nos um líder e não apenas um grupo de inconformados anónimos, ainda que voluntariosos.

    ResponderEliminar

Abrimos portas à frontalidade, mas restringimos sem demagogia, o insulto e a provocação. Democraticamente...