Como sabem, não costumo poupar adjectivos ao oportunismo e à incompetência, quer ela venha da área pública ou privada. No entanto, pelo meio, convirá sempre ter o cuidado de ponderar sobre a pressa com que às vezes fazemos as críticas.
A propósito da recente polémica com as obras de requalificação do Pavilhão Rosa Mota e o edifício que lhe será anexado para realização de conferências*, estou algo dividido. Se me perguntarem se entre deitar abaixo um mamarracho de cimento e uma árvore centenária qual é a minha opção, sou fervorosamente a favor da preservação da árvore. Isto, como é evidente, se ela não beliscar com a segurança e o interesse públicos.
Porém, manda o bom senso fugirmos de posições demasiado fundamentalistas. É claro que a história diz-nos que temos todas as razões e mais uma, para desconfiarmos das obras públicas em Portugal, já que os projectos ficam quase sempre aquém das expectativas e [por ironia], os preços, escandalosamente além do orçamentado...
Vou só dar um exemplo de como não devemos ter pressa no "bota-abaixismo". Todos devemos estar lembrados do chinfrim que causou o anúncio da construção dos molhes para a navegabilidade da barra do Douro. Escreveu-se muito sobre o assunto e até se assinaram petições para tentar impedir a construção da obra, entre outras razões pelo impacto negativo que supostamente provocaria na paisagem do local, mas o que é facto é que os molhes estão construídas e até hoje, ainda não ouvi ninguém queixar-se. E ainda bem, porque é sinal que não agride a nossa sensibilidade visual e que trará [esperamos] os benefícios para os quais foi concebida.
É com a mesma apreensão que vejo as críticas exacerbadas à construção do tal edifício junto ao Pavilhão dos Desportos e a consequente demolição do lago e o abate de algumas árvores. Eu tenho um respeito enorme pelo arvoredo, mas há casos que se pode justificar o abate de uma ou outra, desde que devidamente fundamentados, que foi o que não aconteceu com o jardim da Avenida dos Aliados, por ser completamente disparatada a construção ali de uma estação de Metro tendo outra tão perto [a da Trindade]. Já no Marquês de Pombal teve mesmo que ser e ainda se conservaram algumas. A Câmara é que não quer saber do jardim para nada, porque está muito mal arranjado [mas isso, é outra conversa]...
José Carlos Loureiro, o mesmo arquitecto que construiu o magnífico Pavilhão dos Desportos, - à custa do sacrifício do Palácio de Cristal, e isso é que já custa entender -, é quem terá a responsabilidade de elaborar o novo projecto, e não me parece justo estar agora a desconfiar-se das suas competências. O que me parece errado em situações deste género, é que não seja previamente dado conhecimento público dos projectos [com imagens virtuais e em várias perspectivas, por exemplo] de forma a esclarecer as pessoas e a atenuar a tendência para a crítica apressada. Com a tecnologia das novas ferramentas informáticas, penso que não seria caro nem complicado fornecer aos cidadãos uma ideia aproximada de como ficará a obra depois de concluída, com a inclusão das árvores plantadas e das deslocadas. Assim se evitariam polémicas estéreis e se trabalharia melhor.
*neste particular [da realização de conferências, de trazer muita gente ao Porto, etc.], permitam-me que ponha as minhas sérias reservas, sobretudo se o promotor destes eventos fôr o actual Presidente da Câmara. Se quando a obra estiver concluída tivermos o azar de ter o mesmo Presidente, então o mais indicado será destinar o novo espaço para um Tribunal de Conflitos, só para os problemas de Rui Rio...
Acho bem a prudência nas análises e também concordo que stas obras são sempre algo de escondido e mal explicado à população quando as novas tecnologias estão aí.
ResponderEliminarAssino por baixo que com a política cultural do inenarrável rio, o pavilhão a construir será mais um elefante que iremos herdar...
Sobre a requalificação, é imperioso o Pavilhão, os jardins e todo o espaço, revitalizá-lo pois é quase uma coisa esquecida na Cidade apesar de um lugar de eleição.
Derrubar ou não as árvores e o lago/charco:
De certeza que seria possível uma construção sem custos arbóreos ali ou noutro lugar!!!
Quanto ao lago que o arquitecto chama charco, também devia ser revitalizado, bem por lá andei de barco algumas vezes e era bem agradável principalmente se com alguma amiguinha que gostavamos na época de impressionar...
Agora sofre do mal das fontes e lagos do Porto,relmente charcos mal cheirosos e com pauzinhos de gelado como o nóvel "espelho de água" da Avenida dos Aliados recentemente assassinada. Mas isso pode mudar.
Portanto, embora tudo seja polémico e a recomendar prudência, acho que se deveria encontrar alternativas mais ecológicas e sobretudo ter uma política revitalizadora cultural e de lazer para o espaço sem agressões escusadas.