08 outubro, 2009

O articulista TAF e a agressividade de Elisa Ferreira

Às vezes os articulistas políticos ganham os tiques mesquinhos de muitos comentadores de futebol. Vêem as faltas que os adversários cometem [quando não as inventam], e ignoram compulsivamente as do seu clube.
Li e concordei com muito o que o Tiago [TAF] do blogue A Baixa do Porto escreveu no JN de hoje, mas não posso deixar de estranhar o apontamento dedicado a Elisa Ferreira, que diz o seguinte:
"Elisa Ferreira era uma esperança, mas manteve um discurso agressivo que divide a cidade entre pró-Rio e contra Rui Rio. Não é por aí. Faltou-lhe também uma política de verdade que a demarcasse do PS anterior. O seu trabalho de federação das elites tem valor e deve, em qualquer caso, ser aproveitado."
Discurso agressivo, Elisa? Bem, que de Lisboa se oiçam ou leiam comentadores com este tipo de discurso não surpreende, agora do Tiago, um cidadão do Porto? Eu acho que já conheço um pouco o Tiago, até porque tive oportunidade de comentar algumas vezes no seu blogue do qual me desvinculei precisamente por ele considerar agressivos alguns dos meus comentários e já não achar os de outros tão agressivos quanto os meus. Mas, adiante. O que eu quero referir, é que o Tiago, conquanto faça um trabalho cívico muito relevante não deixa de pecar por excesso de zelo, ou, por outras palavras, por não ousar fugir do politicamente correcto.
Se Elisa Ferreira, que tem procurado evitar referir-se ao seu adversário directo o mais possível, apesar da insistência dos entrevistadores, é agressiva, pró ou contra Rio [como ele refere], que dizer deste último? Rui Rio, não só tem sido agressivo com a sua adversária, como é com os portuenses e as suas maiores instituições, sejam elas de carácter cultural ou desportivo. Essa não Tiago!
Já aqui escrevi aquilo que penso ter sido o maior erro de Elisa Ferreira, não vou agora repetí-lo, mas o da agressividade não foi seguramente, talvez mais a falta de. Ter uma política de verdade é outra utopia quando alguém concorre a umas eleições apoiado por qualquer partido mesmo como "independente". Todos sabemos quão condicionada é a independência dos próprios militantes, quanto mais a de um independente! Podia ousar mais, concordo. Se calhar faltou-lhe a tal dose de agressividade [a que eu prefiro chamar afirmação] de que o Tiago a critica.
Quanto a elites e do papel que Elisa teve na respectiva federação [será o da AIP?], continuo a detestar a palavra e sabem por quê? Porque, na minha opinião, a massa de que são constituídas as elites portuguesas [e não só] não têm substância bastante para nela se enquadrarem na verdadeira acepção do termo. Raramente aplico o termo elite, talvez por ser muito mais exigente sobre o seu conteúdo, do que é a opinião publicada.
Politicamente, hoje, não há elites, há hierarquias que para mim é uma coisa bem diferente. Socialmente, a coisa não difere muito. As elites têm de ser redefinidas. Se continuarmos a falar de elites pela visibilidade das pessoas podemos bem ir buscá-las a um daqueles Big-Brothers da televisão que a diferença entre eles e os actuais protagonistas políticos não é muito grande.
Antes de falarmos em elites, é bom que expliquemos onde elas se encontram e quem são, que é para sabermos de uma vez do que estamos a falar.
PS-Como já aqui escrevi e comentei, considero o Rui Sá um bom candidato, mas votar nele é reabrir as portas da Câmara a Rui Rio. Para as fechar e lá poder entrar alguém para o seu lugar. tenho de votar em Elisa Ferreira.

9 comentários:

  1. Meu caro Rui, quando não se quer apoiar, arranja-se sempre pretextos para dizer mal: ou é a famosa gamela; ou é o discurso; ou é isto ou é aquilo. Enfim, como eu sou terra a terra e quando não gosto digo logo que não...custa-me a engolir estes "meninos".

    Um abraço

    ResponderEliminar
  2. A propósito da alegada agressividade de Elisa Ferreira, sabe o caro Rui Valente o que eu penso? Penso que EF foi soft, pois o mais agressivo que disse foi mostrar espanto por RR não ter resolvido determinados problemas em oito anos. Isto é agressividade?

    Tenho de confessar uma opinião muito heterodoxa no que diz respeito a agressividade política, uma opinião que talvez vá escandalizar muita gente, o que aliás nada me incomoda. Penso que o que faz falta aqui no Norte é uma réplica de Alberto João Jardim. Este homem é execrado e insultado pela CS centralista precisamente porque tem a coragem dizer em voz alta o que muitos outros apenas dizem em surdina, pondo em primeiro lugar o interesse da sua região e atacando, se necessário, o seu próprio partido, pois entende que a sua lealdade é primeiro para com os seus eleitores e só depois para com os "manda-chuva" de Lisboa. AJJ consegue resultados, e quem conheceu a Madeira há 20/30 anos e lá volta agora, nem acredita que está na mesma terra! Usasse ele as "luvas de pelica" dos lideres dos Açores, e nem metade tinha feito. Isto não vai lá com falinhas mansas. AJJ passa por vezes os limites da conveniência? Talvez, mas quem nunca se excedeu no decorrer da sua vida, que lhe atire a primeira pedra.
    Um abraço.

    ResponderEliminar
  3. Lamento muito Rui Farinas, mas não concordo consigo, AJJ é um exemplo acabado do que pode ser um mau político...Pode ter conseguido muito para a Madeira, mas nas condições excepcionais que lhe foram dadas, quem não conseguiria?...Não nos podemos esquecer que as Regiões Autónomas da Madeira e Açores tem um estatuto completamente diferente do que é aplicado no território Continental.
    Foi uma bandeira do PSD que decidiu ali consagrar direitos aplicáveis em mais nenhum ponto de Portugal...
    No fundo Portugal Continental deu à Madeira e aos Açores, aquilo que foi tirando da sua própria boca e a paga que lhe é dada, a cada passo, é ser ainda insultado por essa personagem de autêntica BD...Portugal precisa de Políticos sérios que pensem o País como um todo e não caiam na tentação fácil de no Poder, beneficiar uns em detrimento de outros...A isso chama-se Populismo, se nos queixamos de Lisboa querer tudo e não pensar nas outras regiões, não podemos apoiar acções que vão nesse mesmo sentido, isto é sejam diferentes apenas nas regiões que pretendem ajudar.
    AJJardim é um Político que não respeita ninguém que não esteja em sintonia com o seu espírito desligado da realidade...Os rendimentos deslocados para a RAMadeira são superiores em muito, aos que são deslocados para o resto do País, Lisboa incluída...E isto ele não o confessa, apenas exige a manutenção desses privilégios e fá-lo de uma forma despudorada, porque tem toda um apoio das elites nacionais que o toleram sabe-se lá bem porquê...Cumplicidades difíceis de explicar.
    Ainda hoje percebemos bem porque algumas elites Portuenses apoiam incondicionalmente Rui Rio, Manuel Veiga diz-vos alguma coisa?...

    ResponderEliminar
  4. Caro Meireles,

    eu creio que Rui Farinas tem consciência de tudo o que você aqui descreve [com alguma razão] àcerca de AJJ e dos benefícios de insularidade de que a Madeira goza o que contribui [e muito] para o desenvolvimento da Madeira.

    Mas repare que apesar de AJJ ser uma pessoa excessiva e algo populista, a verdade é que o povo continua a votar nele. Nos Açores as coisas já não são bem assim...

    Eu creio que a faceta que pessoamente me fascina em AJJ é o desprezo e a coragem que tem evidenciado em relação ao poder Central, não obstante exerça sobre esse poder alguma chantagem de cariz independentista sempre que quer mais alguma coisa.

    Às vezes também não gosto da forma como faz as coisas, mas por outro lado como portuense, considero que é assim que o Governo Centralista merece ser tratado. E só por isso tenho alguma simpatia por ele. Com Rui Farinas deve passar-se o mesmo.

    Abraço

    ResponderEliminar
  5. O Povo regra geral é conservador, decidindo votar em alguém só se for completamente defraudado é que muda, por isso AJJ e muitos outros continuam a sustentarem-se ao longo de muitos anos e só as recentes alterações às regras eleitorais vêm permitir arejar muitas situações...Exemplos para confirmar esta tese não faltam. A Madeira tem mais razões ainda, o Governo Regional é o maior empregador de toda aquela região e isso só por si é o garante de muitos apoios...O mesmo acontece noutras autarquias por razões diversas como contractos contínuos com muitas Empresas influentes com efeitos mais ou menos semelhantes...Quando falava no Porto e em Manuel Veiga -espero não errar o nome- estava a referir-me a uma situação que me intrigava e que ontem ficou explicada, este senhor, influente portuense, tem contratos de assistência jurídica com a Câmara do Porto, a permanência constante ao lado de Rui Rio depois de tantas diatribes deste fica clara...É este tipo de relações obscuras entre muita gente que mina a transparência Democrática que muitos gostariam de ver ser aplicada no nosso País...Se isto acontece no Porto, com toda a oposição em posição atenta, imaginem o que não se passará lá para as terras do Alberto João...

    ResponderEliminar
  6. Acho que uma faceta evidente da personalidade de Alberto João Jardim é a falta de pudor e a inconsciência que revela nas suas constantes atitudes...Esta inconsciência talvez seja apenas reflexo de um forte sentimento de impunidade que tem vindo a ser fortalecido com as constantes demonstrações de apoio que a maior parte dos responsáveis Políticos Portugueses lhe conferem...Chega a ser confrangedor ver por exemplo alguém como a Manuela Ferreira Leite sorrir de forma cúmplice com as parvoíces que este senhor fez na sua presença, durante a campanha para as Legislativas...Ainda ontem, o episódio dos cartazes, a submissão da Polícia local aos seus ditames...

    ResponderEliminar
  7. É aí que eu quero chegar quando digo nutrir alguma simpatia por AJJ. Não que recomende o estilo, mas a altivez, a coragem como lida com esta canalhada do Continente, aprecio-a. Ele faz exactamente o contrário dos cobardolas do Continente do próprio Partido, incapazes de lhe dar um bom raspanete. Sabe por quê? É simples, porque são mil vezes piores do que ele. E são cobardes.

    ResponderEliminar
  8. O caro Meirelesportuense refere "nas condições excepcionais que lhe foram dadas". É este o "espirito da coisa" nesta minha "fábula" de querer no Norte uma réplica de AJJ. "Dadas" ou "conquistadas"? As coisas não caem do céu, há que lutar e porfiar por elas, e é o que ele tem feito. Aqui no Porto vê algum político a fazer o mesmo? Fica tudo nas encolhas, a olhar para o "prato dos queijos" que está em Lisboa e a pensar a qual poderão deitar a mão. Acha que AJJ alguma vez ia permitir que lhe roubassem centenas de milhões de euros como Lisboa fez em relação ao QREN do Norte? À parte isso, que é fundamental, concordo com muitos dos pontos negativos que apontou. Aprecio muito os seus comentários e espero que continue a comentar mesmo que seja para discordar.
    Um obrigado ao Rui Valente que já me vai conhecendo razoavelmente e que explicou bem a minha posição.
    Um abraço.

    ResponderEliminar
  9. Um rápido esclarecimento. O Veiga em questão é Miguel.

    ResponderEliminar

Abrimos portas à frontalidade, mas restringimos sem demagogia, o insulto e a provocação. Democraticamente...