29 novembro, 2009

Habituem-se

Não sou comentador político nem pretendo sê-lo. Todavia há certas notícias que se leem nos jornais que não podem deixar de originar reacções do cidadão comum que procura acompanhar o que se vai passando no país onde vive.

Eu sei que a nossa democracia, o tal "governo do povo", é uma caricatura do original. Uma justiça lenta, ineficiente, com tão pouca transparência que dá origem às mais lamentáveis suposições. Uma corrupção a alto nível que se aproxima perigosamente dos padrões do terceiro mundo mais subdesenvolvido. Os partidos políticos que pertencem ao chamado "arco do poder", funcionando como instituições do tipo mafioso, fechados ao exterior, dominados por "barões" que são o verdadeiro poder político, imunes à sociedade que são supostos representar(basta atentar no modo como são indicados os candidatos a deputados nacionais). Governos centralizados que beneficiam económicamente a capital e os amigos aí radicados, deixando estiolar o resto do país, que é a maioria da população, à custa do saque organizado dos recursos que lhe pertencem. Temos agora um partido que formou governo porque foi votado por menos de metade dos eleitores, mas que pretende arrogar-se o direito de governar sem olhar à opinião dos outros partidos, mantendo os tiques ditatoriais a que a maioria absoluta os tinha habituado.

As reacções às derrotas parlamentares desta semana parecem indicar que o PS pretende que a oposição actue com a mesma passividade com que actuavam os deputados socialistas durante o governo ditatorial da passada legislatura. Sócrates chega ao ponto de manifestar a sua azia chamando irresponsável à Assembleia ( supõe-se que apenas aos deputados da oposição...) e afirmando que quem governa é o governo. É verdade, mas isso não significa que os restantes partidos abdiquem da sua opinião própria, e além disso é por disposição constitucional que o governo (qualquer governo) é fiscalizado pela AR, o que pressupõe o direito da discordância expresso nas votações parlamentares.

Habituem-se! Agora é que, sem a almofada da maioria absoluta, vamos ver a habilidades dos "artistas".

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