Amanhã, é dia 1 de Dezembro, e é feriado. Teoricamente, seria uma data para os portugueses se congratularem, pois terão decorrido 369 anos da Restauração da Independência de Portugal em relação ao domínio de Castela. Na prática, este, como outros eventos de cariz patrioteiro, são uma grande fantochada, tendo em linha de conta o contrastante nível de vida entre os dois países e a mediocridade ascencional da nossa classe política, acompanhada à guitarra pela classe empresarial e ao piano pela do grande povo.
Pessoalmente, e como portuense, estou-me a marimbar para o dia de Portugal e para o carunchoso discurso de circunstância do Presidente da República. O que ele possa dizer, entra-me por um ouvido e sai-me logo pelo outro. Será apenas um plebeu videirinho que subiu na escala ordinária da hierarquia política que irá dizer à outra plebe umas palavras recheadas de solenidade para cumprir calendário, e pouco mais.
A par deste acontecimento - e para nossa profunda satisfação -, temos a entrada em vigor do Tratado de Lisboa [que outro nome podia ter o Tratado?], que promete regular o futuro da União Europeia, promessa essa que também receio não passar de uma fútil cerimónia protocolar se atendermos aos maus ventos que costumam soprar de Lisboa em direcção ao Porto e aos crescentes divórcios promovidos pela capital com a nossa cidade. E é uma lástima, porque alguém devia lembrar às gentes da capital que nós já éramos portugueses bem antes de elas o serem ...
Apesar destas «pequenas» traições, temos de levantar a moral e acreditar nas declarações do pseudo engenheiro Sócrates. Ele diz coisas bonitas. E se diz, é para levarmos a sério. Disse, entre muitas coisas importantes [e altamente animadoras] que «o Tratado de Lisboa vai criar melhores condições para desempenhar plenamente o seu papel no Mundo» [in JN], só que se esqueceu de nos explicar de que papel estava ele a falar. Cá para mim, quero supor que não se trate de papel higiénico... Fala também numa Europa mais forte e mais ágil, seja lá o que isso for, e finaliza com esta jóia digna de grande estadista: «o Tratado, não só valoriza a natureza multipolar do Mundo contemporâneo e promove o multilateralismo e a cooperação, mas também porque favorece o relacionamento com outros espaços envolvidos em processos regionais de integração».
Desta longa e sábia frase, a parte que me calou mais fundo foi este bocadinho: «... porque favorece o relacionamento com os outros espaços envolvidos em processos regionais de integração». Processos regionais de integração é com o senhor 1º. Ministro. Então, não salta aos olhos? Além disso, Sócrates quando promete, cumpre! Alguém duvida?
O comentário mais apropriado para este "paleio", é em inglês: bullshit!!!
ResponderEliminarUm abraço