Assisti ontem a uma daquelas conferências destinadas a discutir o ‘sexo dos anjos’, isto é, a Regionalização. Não ouvi novidades. Também, valha a verdade, ninguém estava à espera disso. Mas foi interessante. Foi interessante verificar a descrença que tanto João Cravinho como Vital Moreira, embora não o afirmem directamente, demonstram no futuro de Portugal se persistir o actual modelo de desenvolvimento.
A intervenção que para mim foi mais interessante deveu-se a João Cravinho. Dissertou durante longos minutos sobre a estratégia que ele considera a melhor para Portugal: apostar na metrópole polinucleada que vai de Braga a Setúbal, promover a sua coesão e evitar que a ruptura entre a sua parte norte a parte sul se estabeleça. Segundo ele tanto a região Porto como a região Lisboa deviam “desenvolver-se em simbiose” e formar uma faixa atlântica com 7,5 milhões de pessoas que contrabalance Madrid e se transforme na porta de entrada ocidental da Europa. João Cravinho concluiu também que esta estratégia, infelizmente, foi abandonada em favor duma estratégia de desenvolvimento que se consubstancia no eixo Lisboa – Badajoz - Madrid. João Cravinho está errado. Como bem frisou Carlos Abreu Amorim, na assistência, a estratégia defendida por Cravinho nunca existiu e o modelo que privilegia Lisboa é o único que sempre conhecemos como o adoptado.
É sabido que as elites que em Lisboa dominam o Estado há muito têm o projecto de transformar a sua área metropolitana numa região com “dimensão europeia”. Isto é, transformar Lisboa numa urbe com mais de 5 milhões de habitantes a curto prazo. Para isso não se incomodam em sacrificar o país em prol dos seus interesses. A coesão nacional não os comove e nunca os comoveu. Só nós aqui é que, em nosso prejuízo, continuamos a nos preocupar com isso.
Vital Moreira deu uma aula sobre direito administrativo em volta da Regionalização e a sua intervenção não trouxe novidades de maior com a excepção que afinal ele também é a favor da gestão regionalizada dos aeroportos.
Frases Fortes:
“Em matéria de descentralização a unidade não é o ano mas mais a década”
“O afundamento do Norte é o problema mais grave que o País enfrenta em termos de desenvolvimento”
João Cravinho
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“A Regionalização depende do PSD”
“Enquanto a Regionalização depender de referendo as possibilidades de êxito são escassas”
Vital Moreira
P.S. – Devido ao adiantado da hora deixei a Conferência no período de debate com a assistência pelo que não assisti à totalidade da troca de opiniões entre a assistência e os conferencistas.
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Presumo das suas palavras que não perdi grande coisa por não ter assistido. Também já era de prever.
ResponderEliminarSabe António,
cheguei a um ponto de hiper-alergia com os PqT que deslocar-me de propósito para os ouvir é, além de uma perda de tempo, dar-lhes uma relevância que não lhes reconheço. Só em casos especiais, em homens (ou mulheres, claro) que ainda não foram postos à prova e que, obviamente, me transmitam alguma "fezada"...
De mais a mais, quando alguns deles já desempenharam funções governativas (João Cravinho)sem conseguirem fazer a diferença.
Mas não foi por isso que não compareci, pode crer.
Caro António Alves,
ResponderEliminarO que o amigo diz, para mim, não é nenhuma novidade! Dizem sempre a mesma coisa, sejam eles de Coimbra, de Lisboa e afins! O "tacho" e o "poder" está-lhes na massa do sangue e não querem perder nada. Vão dizendo alguma coisa, para não dizerem NADA.
E por essa razão não pus lá os pés.
As elites que, habitualmente, vão a estes debates não dizem nada.É só para entreter a "malta" que perde o seu precioso tempo em ouvir estas "sumidades"!.
Abraço,
Renato Oliveira