25 setembro, 2008

Os políticos que temos

É sabido o que vale a generalidade dos nossos políticos. Apontar casos concretos pode legitimamente ser considerado "chover no molhado". Acho no entanto que é bom mantermos presente as atitudes de quem nos "representa" naquilo a que se chama uma democracia "representativa".

Numa das últimas reuniões da Assembleia Municipal do Porto foi votada uma moção que exprimia o repúdio pela autorização concedida em Conselho de Ministros, da transferência para Lisboa de verbas do QREN pertencentes à região Norte. A moção foi aprovada por todos os partidos excepto pelo PS, que se absteve.

Uma abstenção, vejo-a como representando uma de duas coisas, ou mesmo as duas simultaneamente.

- Pode ter o significado de desinteresse pela matéria em votação, isto é, o partido não decide se está a favor ou se está contra, porque o assunto não é considerado suficientemente relevante para ser ponderado de modo a originar uma posição.

- Ou pode significar uma indecisão, que dizer, o partido tem dúvidas sobre a bondade do conteúdo da moção.

Será portanto legítimo concluir que o PS - Porto pensa, sobre o roubo de verbas ao Norte para benefício de Lisboa, mais ou menos isto: "não sabemos se essa atitude é ou não reprovável e temos coisas mais importantes para discutir nas nossas estruturas".

Considero vergonhosa esta abstenção, desclassificando para sempre os políticos responsáveis por esta aberração. O que eles fizeram foi defender o "tacho" ao não quererem contrariar os donos do partido com um voto contra o governo. Como habitualmente, venderam a sua honra por um prato, não de lentilhas, que já não satisfaz, mas certamente de suculenta carne.

No fundo, o que mais me entristeceu é ver mais uma confirmação da impossibilidade de termos a regionalização a curto prazo, na medida em que acredito que para a sua implementação é necessária uma frente comum de todos, políticos e não políticos. Sem unidade não vamos a lado nenhum, pois só assim poderemos vergar o governo, seja qual for a sua cor. Nenhum deles vai querer partilhar poderes voluntariamente, aceitando a regionalização, por muito que proclamem o contrário.

Continuo à espera do "meu" D.Sebastião: um lider que crie um partido de base regional. Haja paciência para esperar!

1 comentário:

  1. Caro Rui Farinas,

    Eu estou completamente de acordo com o meu amigo. Mas temo que não apareça o "D.Sebastião" e tenhamos que pegar em "armas" como outrora o fez o povo do Porto.

    Razão tem o Alberto João Jardim ao afirmar que "Colonização Nunca"!

    Abraço,

    Renato Oliveira

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