A propósito desta central de ondas, Helena Matos republicou hoje no Blasfemias o que escreveu no Público em Novembro de 2007. Vale a pena ler e tirar algumas conclusões. Aliás, esta história faz lembrar também toda esta palhaçada das declarações contraditórias de Mário Lino e a sua secretária de estado sobre a segunda fase do Metro e o incumprimento do protocolo com as autarquias por parte do Governo. Não acham humilhante o Porto estar refém de um ministro anedótico como o senhor Mário Lino?
Em Agosto de 2005 o ministro Mário Lino assinou, no Porto, um protocolo que “visa o aproveitamento das ondas do mar para a produção de energia, no molhe norte da barra do Douro”. Segundo os jornais, o ministro mostrara-se rendido ao projecto que implicaria um investimento de 2,8 milhões de euros. E nos meses seguintes a central foi existindo nas notícias. Ganhou até nome próprio: CEODouroUm ano depois, em Dezembro de 2006, era aberto aos interessados o “Contrato de fornecimento dos equipamentos da Central de Energia das Ondas da Foz do Douro“. Vieram apoios para a central das ondas do Douro através da Agência de Inovação. A central não existia mas singrava no mundo dos papéis.Contudo em 2007 começou a esmorecer antes sequer de se ter acendido a luz deste “farol da tecnologia”, como lhe chamou um dos administradores duma das empresas envolvidas no projecto. Em meados de 2007 começa a perceber-se que o processo burocrático que rodeava a central caminhava a um ritmo muito menor que as obras que entretanto estão a ser feitas nos molhes do Douro.Na Assembleia da República, o grupo parlamentar do PCP apresentou um requerimento aos ministérios das Obras Públicas e Economia sobre a central das ondas do Douro. Apesar de tudo talvez ainda houvesse futuro para a dita central: em Junho de 2007 ficámos a saber que técnicos chilenos se tinham deslocado a Portugal para “recolher informações sobre o projecto e a construção da central da foz do Douro”. Optimista, o Diário Económico reproduzia declarações de responsáveis portugueses que concluíam que estávamos perante “uma oportunidade para as empresas envolvidas na central da foz do Douro estabelecerem uma parceria para o desenvolvimento de um protótipo conjunto” com os chilenos.Em Outubro a central virtual deixou de existir. Porquê? Simplesmente porque a burocracia não deixou. Segundo declarou o Instituto Portuário e Marítimo (IPM) ao jornal O Primeiro de Janeiro: “Trata-se de um projecto muito específico e complexo (…) que exigiria uma articulação muito rigorosa entre as duas obras, implicando uma definição atempada das suas interacções mútuas, para que não se verificassem atrasos e sobrecustos.”Por outras palavras, as dezenas de técnicos, directores-gerais e presidentes de vários institutos e ministérios não conseguiram articular entre si as obras dos molhes do Douro e da central das ondas. E o que é espantoso é que o IPM confessa que se desistiu porque não conseguiram fazer uma articulação “muito rigorosa entre as duas obras”. Ou seja, o rigor é aos olhos destes senhores algo de excepcional e inatingível.
Helena Matos
*PÚBLICO, NOVEMBRO 2007
Em Agosto de 2005 o ministro Mário Lino assinou, no Porto, um protocolo que “visa o aproveitamento das ondas do mar para a produção de energia, no molhe norte da barra do Douro”. Segundo os jornais, o ministro mostrara-se rendido ao projecto que implicaria um investimento de 2,8 milhões de euros. E nos meses seguintes a central foi existindo nas notícias. Ganhou até nome próprio: CEODouroUm ano depois, em Dezembro de 2006, era aberto aos interessados o “Contrato de fornecimento dos equipamentos da Central de Energia das Ondas da Foz do Douro“. Vieram apoios para a central das ondas do Douro através da Agência de Inovação. A central não existia mas singrava no mundo dos papéis.Contudo em 2007 começou a esmorecer antes sequer de se ter acendido a luz deste “farol da tecnologia”, como lhe chamou um dos administradores duma das empresas envolvidas no projecto. Em meados de 2007 começa a perceber-se que o processo burocrático que rodeava a central caminhava a um ritmo muito menor que as obras que entretanto estão a ser feitas nos molhes do Douro.Na Assembleia da República, o grupo parlamentar do PCP apresentou um requerimento aos ministérios das Obras Públicas e Economia sobre a central das ondas do Douro. Apesar de tudo talvez ainda houvesse futuro para a dita central: em Junho de 2007 ficámos a saber que técnicos chilenos se tinham deslocado a Portugal para “recolher informações sobre o projecto e a construção da central da foz do Douro”. Optimista, o Diário Económico reproduzia declarações de responsáveis portugueses que concluíam que estávamos perante “uma oportunidade para as empresas envolvidas na central da foz do Douro estabelecerem uma parceria para o desenvolvimento de um protótipo conjunto” com os chilenos.Em Outubro a central virtual deixou de existir. Porquê? Simplesmente porque a burocracia não deixou. Segundo declarou o Instituto Portuário e Marítimo (IPM) ao jornal O Primeiro de Janeiro: “Trata-se de um projecto muito específico e complexo (…) que exigiria uma articulação muito rigorosa entre as duas obras, implicando uma definição atempada das suas interacções mútuas, para que não se verificassem atrasos e sobrecustos.”Por outras palavras, as dezenas de técnicos, directores-gerais e presidentes de vários institutos e ministérios não conseguiram articular entre si as obras dos molhes do Douro e da central das ondas. E o que é espantoso é que o IPM confessa que se desistiu porque não conseguiram fazer uma articulação “muito rigorosa entre as duas obras”. Ou seja, o rigor é aos olhos destes senhores algo de excepcional e inatingível.
Helena Matos
*PÚBLICO, NOVEMBRO 2007
Não tem nada a ver com o post,mas gostaria de deixar esta experiência pessoal:
ResponderEliminartinha um carro já com uma idadezinha - um Rover 213 SE - e resolvi por isso comprar um novo em Junho deste ano.
Comprei também um carro normal -Mazda 3 DE 1349 CC 157 CO2 -.
Com o carro anterior, pagava de selo à volta de 12 euros e o máximo que paguei nunca ultrapassou os 20 euros. Hoje fui pagar o selo do novo e vou pagar 127,70 euros.
-Um roubo!- disse eu à senhora das Finanças, que não tem culpa nenhuma, mas foi aquilo que que senti.
Conclusão: disseram-nos que iamos beneficiar com o fim do IA.Conversa, apenas conversa...
Um abraço
Humilhante é, e o que é podemos fazer? É mais uma, para a colecção.
ResponderEliminarÉ aí que me vai faltando a pachorra para ouvir estes idiotas.
Só mesmo à chapada!
E os "apoios" recebidos para onde foram?
ResponderEliminar"Rigorosamente", o que havia a fazer com esses ilustres técnicos & Ca., era passarem a ganhar o ordenado mínimo nacional. Talvez aprendessem assim a entender o que implica o rigor...