O centralismo influi negativamente na vida diária dos portugueses que não têm o privilégio (duvidoso!) de viver na região de Lisboa, por muito que não se apercebam disso. Não se apercebem por várias razões: inconsciência da situação, desinteresse, ignorância, hábitos enraizados há dezenas (ou mesmo centenas) de anos que anestesiam as pessoas e as levam a tomar como situações normais, aberrações com laivos colonialistas que, prejudicando o interesse das populações fora do círculo dos "eleitos", acabam por prejudicar todo o país. Na verdade nós, a "paisagem" da dicotomia "o país é Lisboa e o resto é paisagem" contribuimos negativamente para todas as estatísticas nacionais que retratam o bem estar e o desenvolvimento das populações. Deve ser por isso que há almas bem pensantes que aspiram a estabelecer uma mega cidade em Lisboa com cinco milhões de habitantes!
As notícias dos jornais dão-nos diariamente exemplos deste centralismo estúpido. Pego numa pequena e anódina notícia de há dias, que nos diz que a Câmara da Feira, com problemas para tratar dos seus lixos, não vai aderir à Lipor, situação que provavelmente seria a mais conveniente. E não vai simplesmente porque a Lipor, já não tendo de momento capacidade para receber mais lixo, precisaria de autorização do Sr.Ministro do Ambiente para ampliar as suas instalações. Significa isto que um problemas exclusivamente regional terá de ser tratado na capital a centenas de quilometros de distânncia, apreciado e resolvido por burocratas que provavelmente se estão borrifando para a região do Porto e que, no mínimo, não terão a menor sensibilidade para os problemas que não lhes digam directamente respeito.
É bem verdade que a regionalização contribuiria para aproximar os decisores e as populaçãoes a quem as decisões afectam, mas isto, porque é uma diminuição dos poderes de toda uma legião de burocratas enquistados em Lisboa, tem levantado e continuará a levantar a resistência de quem não está interessado em perder mordomias.
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