29 setembro, 2008

Ainda sobre Televisão e o que se faz com ela

Caro amigo "b).",

Agradeço em meu nome, e em nome dos meus companheiros de blogue, as palavras gentis e elogiosas que teve a bondade de nos dirigir. Pela minha parte, esforçar-me-ei por continuar a partilhar da sua companhia e atenção.
Sim, é verdade que defendo uma maior e mais cuidada atenção da parte da comunicação social em geral, e muito em particular das televisões, pelo poder persuasor que tem junto do público. O Mundo é o que é, a vida não é fácil para a maioria das pessoas e os bons exemplos não abundam nem estão, como concordará, no topo da lista das preocupações da natureza humana. Logo, não creio que a exploração comercial das fraquezas dos pobres de espírito seja algo que devamos deixar ao sabor da corrente, mesmo sob a ameaça do regresso ao tempo da "velha senhora".
Pode ter a certeza que sou das pessoas que mais apreço tem à Liberdade, mas garanto-lhe que não me custa nada aceitar e cumprir determinadas regras desde que elas contribuam para regular (como agora se diz) a sociedade. É que isto que nós estamos vivendo agora, já pouco tem a ver com Liberdade, é pura e simples libertinagem, que a mim nenhuma falta me faz. E garanto-lhe, que quando assim é, não são os cidadãos honestos que beneficiam com isso. São os impostores.
O que agrava a situação, é irmos tendo a crescente percepção de que não é só do comum cidadão que proliferam os impostores, é, em grande escala, dos «altos» representantes dos poderes públicos e privados. Um só dia de consulta das páginas de Polícia dos jornais, é suficiente para o constatar. Não me deixa indiferente ou tranquilo, perceber que os Poderes estão entregues a gente sem escrúpulos, seja ela qual for. Eles não gostam de ouvir isto, porque apesar de gozarem da "autoridade" que o dinheiro empresta, sabem que nem todos o status se compram com ele. Ou se compram, é um status ilusório. É status de fachada, do Mercedes ou do BM. Só é honrado quem é licenciado na honradez, e para essa licenciatura as Universidades ou os "canudos"de pouco servem. É-se sério porque se gosta, mas também porque se deve e não se aprecia a versão antagónica. Ponto.
Repare que no post que originou esta conversa não fiz grandes referências à RTP. Não porque tenha a estação pública em grande conta. Para o tranquilizar, digo-lhe até que a considero a pior de todas as estações de TV, apesar da outra face da "Lua" chamada RTP 2. Não chega.
O que quis destacar foi a atitude inadequada e pouco abonatória do líder da SIC pelo facto de se tratar de um ex-1º. Ministro! É disso que se trata.
Pessoalmente, não consigo avaliar nada por modinhas ou por influencias pueris. Então, se falamos de pessoas com cargos de alta responsabilidade, nem pensar. Daí, ser inaceitável para mim, repugnante mesmo, que alguém a quem um dia foi conferida a responsabilidade de governar um país democrático, faça desse privilégio, dessa oportunidade sublime, um trampolim para mais tarde se lançar no mundo dos negócios, beneficiando de influências que outros cidadãos não podem obter. Essa é outra forma de concorrencia desleal, mais vil ainda, mas ainda assim lhe sobrou lata para se queixar da RTP!
Por isso escrevi que Pinto Balsemão era a pessoa menos indicada para criticar a RTP e falar de programas de qualidade, etc., etc.! Não pode, não tem estatuto moral para isso, bolas! E desculpe meu amigo, sobre o seu (dele) status económico e social estou-me eu a borrifar. Esse não me interessa. Ele foi 1º Ministro! É desse ponto de partida que estruturo a minha opinião, mais nada.
Se um dia chegarem a ser "normalizadas ou decretadas"(está a caminhar para isso, é verdade) estas condutas, então torno-me anarquista e passarei a orientar a minha vida de acordo com as minhas próprias regras. Mas, enquanto tal não acontecer por natureza espontânea ou por "Decreto-Lei" e cada um possa livremente defender os seus próprios valores (se os tiver), exigirei sempre que um Primeiro Ministro e um Presidente da República sejam pessoas acima de qualquer suspeita e de idoneidade impoluta (se é que ainda isso existe).
Entretanto, enquanto tal não estiver garantido ou não me parecer que o esteja, resta-me continuar a usar do único valor que ainda nos resta para o reclamar: a Liberdade.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Abrimos portas à frontalidade, mas restringimos sem demagogia, o insulto e a provocação. Democraticamente...