Ainda não decorreram três dias, e já me arrependi de agradecer à CMP (Direcção Municipal da Via Pública) a colocação tardia das placas toponímicas da Rua Coronel Almeida Valente.
Tardia, porque andei um ror de tempo a contactar para tudo o quanto era departamento da Câmara (e até no blogue do TAF, de A Baixa do Porto) a solicitar a substituição da referida placa, não por qualquer capricho especial, mas por ter verificado (e comprovado) que dos vários quarteirões das redondezas só as placas daquela artéria e de uma outra que lhe é paralela - a Rua do Dr. Carlos Ramos - não tinham sido substituídas.
Ora, como não sou propriamente um simpatizante da gestão de Rui Rio, e o manifesto publicamente, cheguei a admitir o "incidente"" como uma forma mesquinha de retaliação à minha conduta, e o facto de, a placa da Rua do Dr. Carlos Ramos também não ter sido substituída, aguçou ainda mais as minhas suspeitas de tal poder vir a servir de álibi para as afastar, caso viesse a apresentar qualquer tipo de queixa judicial.
Da Câmara, durante todo este tempo, foram-me apresentadas as desculpas mais esfarrapadas que se podem imaginar. Primeiro, alegavam não estar na posse de elementos biográficos sobre o meu avô - o que aumentou a minha perplexidade, pelo facto de ele ter sido, também, vereador da própria Câmara e até proposto para Presidente (que recusou) -, tendo-me motivado a fornecer-lhes uma data de elementos biográficos para o efeito. Muito tempo depois, enviavam-me um e-mail dizendo que a placa e outras (que não necessitavam de substituição) faziam parte de uma encomenda em curso, o que me levou a responder-lhes e alertá-los para a "gaffe",dado estarem a encomendar placas a mais... Mais tarde, queixavam-se de não poderem satisfazer atempadamente o meu pedido, por alegadamente o fornecedor daquele equipamento só satisfazer pedidos superiores a 500 placas! Apelavam à minha compreensão para o esforço hercúleo (literalmente, foi esta a expressão) que era a substituição das placas, e depois de vários e-mails, tive finalmente a «garantia» do Engº. Sérgio Brandão (Chefe da Divisão Municipal de Intervenção da Via Pública) de que as placas seriam substituídas. Como, entretanto, o tempo passou e o assunto parecia não se resolver, tive de ser mais incisivo nas reclamações e só então consegui que fosse reposta a "normalidade" desta caricata situação.
Contudo, e apesar da minha reclamação ter sido finalmente satisfeita, fiquei desapontado com o que vi. Primeiro, porque depois de ter enviado documentação suficiente sobre a vida do Coronel Almeida Valente, com destaque especial para a sua brilhante carreira militar, onde (desculpem-me a aparente imodéstia, mas foi mesmo assim) se celebrizou pela sua coragem inexcedível nas colónias do Ultramar, a Câmara, decidiu referenciá-lo na nova placa como "Vereador da Câmara do Porto". Não é que seja uma desonra a menção, mas o meu avô foi muito mais do que isso! Ou seja, nem com os dados que lhes forneci foram capazes de tomar a decisão correcta!
Mas, não é tudo. A cerejinha no pico do bolo só foi colocada quando, curioso por saber se os serviços da Via Pública tinham aproveitado a "embalagem" para substituir a placa da Rua do Dr. Carlos Ramos que fica mesmo ao lado, verifiquei que não o tinham feito.
Pergunto: devo estar agradecido?
NOTA:
Pelo que pude constatar, através dos contactos que mantive com a CMP, a relação dos funcionários com o arquivo histórico da mesma, deve ser da mais profunda indiferença - dada a ignorância manifestada àcerca de alguém que lá prestou serviços de alguma relevância -, a ponto de ter de ser só através de mim que conseguiram descobrir dados biográficos sobre o meu avô.
Como tal, aproveito para informar os eventuais interessados que, o Dr. Carlos Ramos (que às tantas não tem a sua placa topomínica substituída, «por carência de informação biográfica», ou simples laxismo), só pode ter sido:
- Hipótese 1ª. - *Carlos (João Chambers) Ramos, Arquitecto, nascido no Porto em 1897 e falecido em Lisboa em 1969, que realizou obra importante de arquitectura, obtendo sempre altas classificações em concursos oficiais. Foi também professor e Director da Escola Superior de Belas Artes do Porto.
- Hipótese 2ª. - Carlos (Augusto) Ramos, famoso Pintor paisagista e naturalista, nascido em Coimbra, em 1912, e falecido em 1983. Está representado no Museu Soares dos Reis, onde expôs muitos do seus quadros.
* Esta hipótese parece a mais fiável. Quem tiver dúvidas, só tem de continuar a pesquisar.
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