02 dezembro, 2009

Estratégia, Lucidez e Coragem

Este caso da Red Bull e o seu evidente sucesso no Porto é um bom motivo para ser abordado numa perspectiva mais estratégica. A Região do Grande Porto encontra-se no miolo de uma mega região com cerca de 8 milhões de habitantes - toda a área que vai de Aveiro à Corunha. Este território ,principalmente no seu litoral, é uma região densamente povoada e recheada de cidades médias - Aveiro, Braga, Guimarães, Viana do Castelo, Vigo, Pontevedra, Santiago de Compostela e Corunha - com história, tradição, dinâmicas e vida própria e, também, suficientemente independentes, no caso das portuguesas, do grande centro urbano que é o Grande Porto. É uma região estruturalmente saudável. Este policentrismo é na verdade uma das nossas maiores riquezas. Num raio de 60 km centrado na cidade do Porto encontramos, por exemplo, 3 excelentes universidades: Porto, Aveiro e Minho. Esta é uma prova do dinamismo e da criatividade da região e é coisa ímpar no território português quase todo ele, principalmente a sul, desertificado pelo grande eucalipto que é Lisboa.

O que nos falta, e isso é cada vez mais evidente, são políticos com coragem, independência e não subservientes ao seu medíocre emprego de deputadozinho ou ministrozinho deste projecto de país com a falência adiada praticamente desde que um tolinho de Lisboa, que chegou a rei, resolveu matar-se em África lá por volta de 1578 (1). Falta-nos políticos com visão estratégica para darmos o grande salto em frente. Falta-nos também empresários com coragem para investirem o seu dinheiro e potenciarem este imenso capital humano. É hora daqueles que nesta sociedade forjaram as suas fortunas devolveram uma parte delas a quem de direito e deixarem-se de estratégias cobardes à Mota-Engil (2).

Estamos no meio de 8 milhões de pessoas, a 500 km de Madrid e a 2 horas de Londres. É este o nosso maior activo e vantagem competitiva. Não somos um conjunto de 3 milhões de habitantes encravados entre o mar e os desertos alentejano e estremenho espanhol que só tem a importância que tem porque há muito usurpou este estado decadente e parasita em seu favor. Estamos à espera de quê? Tomemos o futuro nas nossas mãos. Os objectivos imediatos são assumir o nosso próprio poder e usar o nosso dinheiro em nosso favor. E isso não se faz com falinhas mansas e subserviências. Faz-se com coragem e espírito guerrilheiro.

1 - Na minha opinião o projecto de país chamado Portugal morreu antes: morreu com D. Dinis. Pouco tempo depois Lisboa viciou-se em pimenta e anda de dependência em dependência desde então. Quando em carência rouba a família como qualquer drogado.
2 - Para os que insistem em não saber o que é uma estratégia à Mota-Engil recomendo a leitura do artigo de Henrique Neto no Jornal de Leiria

6 comentários:

  1. Sempre com a pontaria afinada, caro António! Em país de cegos, é obra!

    Abraço

    ResponderEliminar
  2. Air Race: Rui Moreira desafia Turismo de Portugal a tomar posição

    "O Porto tem sido permanentemente mal tratado pelo Instituto de Turismo de Portugal", afirmou Rui Moreira.

    O presidente da Associação Comercial do Porto (ACP) desafiou hoje o Turismo de Portugal a tomar uma posição sobre a deslocalização da Red Bull Air Race do Porto para Lisboa

    "Gostava de saber o que o Instituto do Turismo de Portugal tem a dizer sobre esta matéria", afirmou Rui Moreira à Lusa, realçando que "os patrocinadores são livres de fazerem o que entenderem, mas o que me interessa mais é a questão dos dinheiros públicos".

    Em declarações à Lusa, o presidente da ACP reforçou que "seria conveniente que esclarecesse qual é o seu pensamento estratégico sobre esta matéria até porque foi feito um estudo de impacto económica na região" que provou ter "uma vantagem muito significativa".

    "O Porto tem sido permanentemente mal tratado pelo Instituto de Turismo de Portugal", afirmou Rui Moreira, acrescentando que não contesta a partida por "razões bairristas", mas pelo impacto económico que tem para a região.

    Em relação aos patrocinadores, o empresário diz que "estão no livre direito de tomarem as opções que tomarem", mas considera que a polémica sobre a localização do evento pode levar os patrocinadores a abandonarem a prova.

    "E aí nem vêm para Lisboa nem para o Porto. Vai-se acabar por estragar isto tudo e não faltam cidades na Europa interessadas", alertou.

    O presidente da ACP considera que são os dinheiros públicos e não os patrocinadores que determinam a transferência do evento.

    A Associação dos Comerciantes do Porto apelou terça-feira ao boicote aos produtos da TMN, GALP e EDP, que diz serem os patrocinadores do Red Bull Air Race, como forma de protesto à eventual transferência do evento para Lisboa.

    A TMN, a Galp e a EDP já reagiram ao apelo, dizendo que não são patrocinadoras do evento. Fontes da EDP e Galp dizem que nunca patrocinaram a prova e a TMN esclarece que apoiou a prova nos últimos dois anos, mas que não apoiará no futuro, independentemente da localização.

    Na última semana, o Norte tem falado a uma só voz contra a deslocalização do Red Bull Air Race, que, na última edição, levou às margens do Douro um milhão de pessoas.

    O presidente da Entidade Regional de Turismo do Porto e Norte de Portugal disse que não acredita "minimamente" na eventual transferência para Lisboa, acrescentando que tem mantido contactos para manter a prova no Porto.

    A empresa promotora da Red Bull Air Race disse à Lusa que "continua a trabalhar com as entidades competentes" para garantir a realização do evento em Portugal, adiantando que o calendário e mais informações sobre a prova serão divulgados "oportunamente".

    Os deputados do PSD eleitos pelo círculo do Porto enviaram um requerimento ao ministro da Economia, Viera da Silva, perguntando sobre a eventual deslocalização da Red Bull Air Race para Lisboa.

    O presidente da Câmara de Gaia, Luís Filipe Menezes, considerou, também hoje, como "mais uma atitude discriminatória do Estado" e o presidente da Câmara do Porto criticou esta eventual transferência, acusando o poder central de falta de bom senso e de não promover o equilíbrio do país.
    JN

    ResponderEliminar
  3. De acordo, D. Sebastião nasceu em Lisboa.
    Mas Sócrates e Teixeira dos Santos não... E até o Presidente do Instituto de Turismo é da Covilhã.
    Algo me diz que o problema não é esse...
    Miguel Duarte

    ResponderEliminar
  4. Anónimo nº1 [decida-se você mesmo a descobrir qual é...]:

    Rui Moreira faz bem em atacar a Turismo de Portugal, mas desresponsabiliza exageradamente os patrocinadores.

    É verdade que são livres de vender o produto a quem dá mais, mas por essa mesma razão, os consumidores também têm o direito de o boicotar, ou aconselhar a não comprar. Mas o tiro de Rui Moreira foi na direcção errada. Devia era tê-lo apontado ao Governo Central e com muito mais veemência.

    Estas "normalidades" da livre concorrência são precisamente aquilo que o Governo mais deseja ouvir.

    ResponderEliminar
  5. Anónimo nº.2 [Miguel Duarte]

    A resposta às suas respostas óbvias, pode encontrá-las na explicação que o autor Henrique Neto dá para a hipótese de Teixeira dos Santos poder já não ser o que era... Leia bem.

    ResponderEliminar
  6. Muito bom o post do António Alves,mas... Tomar o futuro em nossas mãos? Como,se 80% da população ignora os problemas causados pela centralização, 15% entende-os mas não lhe convem fazer ondas,e só 5% se interessa conscientemente pela questão,mas não vê um lider credivel capaz de,pelos menos,dar o indispensável pontapé de saída??
    Um abraço.

    ResponderEliminar

Abrimos portas à frontalidade, mas restringimos sem demagogia, o insulto e a provocação. Democraticamente...