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FCPorto protesta o jogo como Sporting, mas mansinho,
como cabe à «diplomacia» desportiva nacional... |
Nós, portistas, andamos meios perdidos, algo baralhados entre continuar a apoiar Pinto da Costa, ou dispensá-lo. Uns, confundem solidariedade com submissão, preferindo fechar os olhos ao pragmatismo dos resultados, e viver dos sucessos do passado na ilusão que algum dia o líder regresse. Com isto, esquecem o clube que amam, a essência da paixão que os move, que é o FCPorto. Não é uma pessoa, nem muito menos um Deus.
Os que agora censuram o presidente, já o apoiaram, e muito, como é o meu caso e de outros adeptos. Os que ainda o defendem, não têm o direito de se considerarem melhores dos que o criticam, porque as críticas que lhe são dirigidas são sustentadas em argumentos sérios e objectivos. Tanto neste blogue, como noutros, e nas próprias redes sociais, há adeptos a explicarem porquê. Querem evitar que o FCPorto bata no fundo. As causas são várias. O que não quero nunca, é que nos precipitemos na escolha de quem vier a candidatar-se à liderança do clube. Até sobre essa hipotética renovação concordei que se Pinto da Costa continuasse pro-activo fosse ele a propôr a candidatura do seu substituto. Agora, já não penso assim. Acho que ele tem outras prioridades acima do FCPorto.
Na minha opinião, a causa principal dos problemas do FCPorto é a fragilidade da liderança. Fragilidade, não só patenteada pelo decréscimo dos recursos financeiros, e de má gestão, mas fundamentalmente por uma clara incapacidade para salvaguardar a segurança do FCPorto. A juntar a isto, existem outros factores perniciosos, que resultam da vulnerabilidade do clube, e que só servem para intensificar abusos e prejuizos, causados por quem deles se aproveita. Importa também destacar outro facto: tudo isto acontece em praticamente todas as modalidades, para além do futebol.
Senão, vejamos: se, enquanto clube queremos preservar o futuro e a dignidade do FCPorto, não podemos manter este modelo de gestão. É quase tão criminoso tolerar o crime, sendo dele vítimas, como quem o pratica. O prolongado silêncio da administração acaba também por levantar suspeitas, e isso não é nada normal. Competências técnico tácticas à parte, e sem subestimar a qualidade dos adversários, o FCPorto não é obrigado a aceitar tudo o que ultrapassa o razoável, e é ilegal. Basta de fazermos de conta que somos lorpas, que não percebemos as artimanhas das arbitragens, e de alguns adversários!
Comecemos pelo futebol. Por que raio havemos nós de continuar a aceitar os incessantes "erros" de arbitragens, como se fossem sempre meras casualidades, como se ignorássemos a intenção? Por quê, se o objectivo do vídeo-árbitro foi precisamente para reduzir os erros humanos involuntários? Mas, para que serve se atrás da máquina colocarem um árbitro desonesto? É preciso dizê-lo sem papas na língua, porque há como prová-lo. Não podemos é permitir constantemente a adulteração dessas provas. É preciso convencer o próprio Estado da sua incompetência, da sua inqualificável cumplicidade. Que esse comportamento desacredita-lhe a autoridade. O Estado tem de ser obrigado a regenerar-se, a perceber a democracia que teoricamente preconiza. O que é preciso é obrigar toda esta gente a encarar os factos tal como são, e não deixá-los tranquilos no seu conforto. Até porque o currículo comportamental destes cavalheiros vai nesse sentido. O VAR do jogo de ontem anulou um pénaltie marcado pelo árbitro de campo, e não registou outro que o árbitro aparentemente não viu. Em que ficamos?
Além de mais existem as imagens de televisão para rever os lances de jogo mais duvidosos, e o FCPorto até tem o privilégio de dispôr de uma estação independente. Por que razão continuamos a consentir a acumulação de tantos erros contra nós, apenas a constatá-los, em vez de os usarmos como objecto legal de defesa? Por quê? Esta condicionante é incompreensível, é uma declarada abdicação do direito à defesa.
Com um comportamento destes, os dirigentes do FCPorto estão indirectamente a consentir abusos de autoridade, do próprio Estado, que faz de conta que não sabe nada! Ou, que outra razão poderá justificar tamanha indulgência? E como havemos de acreditar que esta SAD, e o presidente, estão realmente empenhados a defender o FCPorto se nem sequer abrem a boca sofre o assunto? Alguma explicação têm de dar aos associados, não é verdade? Ou, pensam que não? Se assim fôr, como parece, então ainda é pior. É porem-se a jeito para uma saída inglória do clube, pelas portas traseiras. E se é todo o conjunto da estrutura da SAD a primeira responsável, o senhor Pinto da Costa está a lançar ao lixo tudo o que de positivo fez no FCPorto, o que é lamentável para ele próprio, e para os adeptos que sempre o apoiaram durante anos.
Passemos ao Hóquei em Patins: ninguém duvida do mérito da nossa equipa, como, de boa fé, ninguém duvida da qualidade dos rivais de Lisboa, pela simples razão de ser verdade. Agora, o que ninguém, igualmente de boa fé, pode dizer, é que tanto o Benfica como o Sporting, têm o mesmo comportamento, o mesmo respeito pelos regulamentos da competição como tem a equipa do FCPorto. Ninguém! Excepto os fanáticos, aqueles que negam a diferença entre o preto e o branco com a naturalidade típica dos desonestos.
Reparemos só nos detalhes: é, ou não verdade que o guarda-redes do Sporting tem um comportamento em campo completamente inadequado a um grande profissional? Viram os nossos atletas a pressionar os árbitros como ele (Girão) e os seus colegas pressionam? Eu não vi. Viram o modo tresloucado e furibundo como ele bate o stick no chão? Aquilo é de um tipo normal? No entanto, não me dispenso de considerá-lo um grande guarda-redes, porque o é. Mas é só isso. Elevação e respeito é o mais que lhe falta.
Enfim, impõe-se recordar que foi este mesmo Sporting que num jogo com o FCPorto, também em Lisboa, agrediu barbaramente um jogador do FCPorto pondo-o em estado de coma. Isto é recorrente naquela terra, e nós achamos que os nossos atletas são obrigados a suportar esta discriminação com as consequências que sabemos. Considero isso uma injustiça, um abuso. O FCPorto paga-lhes, tem o direito de exigir o melhor deles, mas não tem o direito de os obrigar a tolerar a bandalheira assassina em que se tornou o nosso desporto. Isso, não.
Repito: essa história antiga do "contra tudo e contra todos" não é um hino de valentia, é uma ideia errada de combatividade, é sujeitarmos os atletas a competir em condições desiguais. Se os nossos forem agredidos, não podem reagir, porque são logo penalizados se não respeitarem as leis (como no futebol), aos outros tudo lhes é permitido.
O comando das "tropas" devia começar no presidente e na SAD, são todos eles que deviam dar o exemplo, incluindo o da capacidade combativa. Pois que sejam eles a dar o exemplo. Que recorram aos tribunais, à União Europeia, ao que entenderem, mas justifiquem o cargo que exercem, e lutem pelo FCPorto.
Mas há mais. Os dois principais clubes de hóquei de Lisboa assemelham-se no estilo e nos métodos. Tanto o Benfica como o Sporting exploram muito a velocidade de jogo. O FCPorto, também não desdenha a rapidez, só que, enquanto os jogadores dos nossos rivais usam esse elemento para, na impossibilidade de visarem a baliza do FCPorto, se lançarem para cima dos nossos atletas e simularem faltas com tal aparato que mais parecem ter apanhado em cima com um camartelo. Fazem isso com uma frequência tal, que já não duvidam da colaboração das arbitragens. A fita, a vigarice, não é técnica desportiva, é acto próprio das mentalidades batoteiras.
E o FCPorto, em vez de se impor, de obrigar a Federação da modalidade a pronunciar-se sobre o assunto, não, remete-se ao silêncio deixando os seus atletas a pensar se foi boa ideia jogarem no FCPorto, um clube sem comando.
Como tal, nem sequer tenho vontade de comentar a derrota de ontem, a exibição algo inibida dos nossos jogadores, porque jogar num país assim, de árbitros vendidos, e num ambiente tão doentio, não entusiasma ninguém. Neste país, só vencem sem problemas, os clubes corruptos e corruptores, os viciados da falsidade. É por hábitos como estes que entre nós se popularizam clichés muito bravios mas sem qualquer efeito prático. Os tempos mudaram, e para pior. O FCPorto recusa-se a lutar pelos seus interesses e direitos. Assim, passa de vítima a cúmplice de quem o ataca. Sádico, não?
PS-Sei que me repito, mas não vejo como mudar a agulha e compreender tanta indulgência, tanta cobardia mesmo. Não há desculpa. O Porto não era isto.Um dia, ainda vamos saber as causas. Receio que não sejam as mais nobres.
PS2-Alterei o título do post da palavra centralismo para corrupção por considerar mais apropriado. Embora tenham algumas semelhanças...