11 julho, 2008

Duvidar de tudo e de todos

Duvido muito que, depois do prolongado carnaval em que o país tem vivido estes últimos anos, José Sócrates faça uma pequena ideia da confusão e insegurança que se instalou nos portugueses.
Ele, tal como todos aqueles para quem a crise pouco mais significa do que uma pacífica corrente de ar, está a uma distância assustadora dos reais problemas por que passam as populações. Nesta matéria, só o povo e apenas o povo é soberano e sábio. Por isso, nesta altura, ouvir os políticos falar do Estado da Nação, é mais intediante e risível do que fazer a apologia do Fado como canção "nacional".
Alguém acredita que, face ao triste espectáculo que os mais altos responsáveis da Nação estão a proporcionar aos cidadãos, o país ainda tenha futuro? Saia daí um optimista a garantir-me que sim, sem antes nos propôr esta condição: fazer passar pela peneira toda esta gente que jura perante a Constituição, cumprir e fazê-la cumprir. A passagem pela peneira, já compreendemos, será muito mais fiável do que as juras dos políticos à Constituição, porque teria de se submeter, obviamente, a uma prévia e cuidadosa selecção, enquanto que a palavra jurada (ou não) dos políticos não vale literalmente nada.
E assim mesmo, teríamos de saber escolher bem a "peneira", porque tal como a Lei, pouco vale se não fôr bem e criteriosamente usada. Ora, é exactamente isso que não acontece nunca, neste país: o hábito de cumprir.
E, tal como disse (e bem) aqui o Rui Farinas, estamos a passar por uma versão diferente do PREC (Processo Revolucionário em Curso), para pior, porque este está completamente desenquadrado dos 34 anos de democracia já vivida. À luz do tempo, o PREC do pós 25 de Abril, até se compreende, dada a imaturidade política dos portugueses à época e à mordaça da censura que os impediu, durante quase 50 anos, de votar. Agora, em 2008, esta pouca vergônha, num Estado de Direito? Mas que Direito? O Direito dos acomodados, dos beneficários directos? Ou, o Direito de Marinho Pinto? E, Marinho Pinto? E ele, será de confiar? E aqueles que o rejeitam, serão mais confiáveis?
Meus amigos, eu não sei dar-vos a resposta, porque em boa fé, não sei mesmo. Até prova em contrário, o melhor é desconfiarmos de tudo e de todos, se possível, sem fechar as portas a nada, nem a ninguém. Utopia, isto? Pode ser. Mas, o que nos resta?
PS-Ah, ia-me esquecendo. Cautela! Antes de entrar e sair de casa, do carro, do metro, ou (abrenúncio!) da casa de banho, olhe para a frente, para trás, para cima, para baixo, para os lados. Nunca se sabe, se não estará um funcionário da Liga ou da FPF, com escutas, para saber se o amigo pertence à sacro-santa família benfiquista, ou aos mafiosos do FCP... Veja bem, porque arrisca-se a perder o emprego.

1 comentário:

  1. À atenção do Procurador Geral da República, sua Excelência Dr.Pinto Monteiro: -Tiroteio em Loures-
    Equipa especial de investigação? NÃ, nem pensar é apenas uma brincadeirinha com pistolas de alarme...

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Abrimos portas à frontalidade, mas restringimos sem demagogia, o insulto e a provocação. Democraticamente...