07 julho, 2008

NOJO

Cada vez que escrevo e manifesto o desgosto pelo palco de espectáculos deprimentes em que Portugal se tornou, sinto que já não existem palavras no dicionário capazes de traduzir o que me vai na alma. Tenho a certeza, que é esse, também, o sentimento de muitos e muitos portugueses.
Provavelmente, uma maioria, sem compromissos político-partidários. Só pode fechar os olhos a esta salada russa de pérfidas vulgaridades, quem beneficia, directa ou indirectamente, com ela, ou quem ensandeceu por razão de causalidade.
O meu desprezo - quase repugnância -pela classe política tem cada vez mais razão de ser. Esta, é talvez a única coisa em que preferia nunca ter tido razão. Mas tenho, e não ganho absolutamente nada com isso. Mas, ganharia seguramente ainda menos se calasse a minha revolta ou mesmo se (como alguns parvalhões que por aí há) se me atrevesse a pôr paninhos quentes nesta barafunda contaminável a que o país chegou. Tão insidiosamente, que até para dizer "país", começo a sentir o desconforto e a vergônha de um apátrida.
Se me dissessem que a Democracia era isto, nunca teria apoiado o 25 de Abril. Detestava Salazar, mas hoje, face a estes incapazes, até consigo contemporizá-lo. Esta gente que nos vem v-i-g-a-r-i-z-a-n-d-o, dia após dia, ano após ano, até chegar aos 34 anos de idade adulta em perfeita impunidade, não faz mais do que qualquer criminoso faria, continuar alegremente a tirar partido e a governar o mais que pode a sua vidinha. É assim, nada mais! A sua vidinha não sofre a corrosão das crises, sejam elas conjunturais ou não. Uma - ou mais do que uma - confortáveis
reformas pessoais são eles sempre capazes de preparar, o mesmo, já é impossível de garantir no que respeita às reformas do país e do povo.
O discurso é tão enfadonho como indignante, mas não sofre qualquer alteração, limita-se a mandar apertar o cinto. Nunca o cinto deles (isso é demagogia...), sempre o dos outros. E o cinto dos outros que gostam de mandar apertar (em nome da Nação) pertence, invariavelmente, sempre à mesma cintura: à do povo. Mas estas palavras não são reais, são demagógicas, e é com esta manipulação da própria realidade que estes sacanas vão governando a sua vida. Lixando o povo.
E o mais grave, é que costuma ser por estas alturas e ambiências que ficam criadas as condições óptimas para o ressurgimento de Ditadores. Normalmente surgem quando a sociedade está podre de corrupta, e normalmente os ditadores levam a melhor. O povo ama a liberdade, mas odeia passar fome. E entre uma coisa e a outra, às vezes opta pela última, sacrificando a primeira.
Tudo, porque a Democracia, sem respeito pelas regras e pela Lei, é um alfobre fértil para oportunistas e grande parte deles não estão só no futebol, estão no Poder e na política. Que ninguém duvide disso.

6 comentários:

  1. Caro Rui Valente.

    Estou completamente de acordo com o que escreveu e na minha opinião pessoal tudo isto já não muda.

    Aliás só mudará se formos capazes de introduzir a nossa região nem que para isso seja preciso "lutar" com sangue, suor e lágrimas.

    Cada vez mais a palavra independência faz sentido para a maioria dos Portuenses descendentes dos Galaicos.

    Vai sendo tempo de se tentar fazer algo que nos permita deixar de ser "lixados" pelo aeropago lisboeta.

    Abraço

    Renato Oliveira

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  2. Meu caro, assino quase tudo por baixo mas a nossa luta será sempre contra a tirania e a opressão.
    Valorizar salazar é impensável.
    Infelizmente deixou uma herança que ainda hoje está em vigor, desde o saudosismo da capital do Império até à anestesia do povo que, explorado come e cala aceitando pacificamente a classe politica que temos sem dizer BASTA e vir para a rua a sério denunciando as injustiças e o compadrio.
    Temos de lutar contra este estado de coisas, pelo despertar do povo mas nunca, nunca, valorar tal figura.
    Pelo Porto, sempre.

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  3. Meus caros,

    Eu não defendo, nem nunca defenderei o regresso de ditaduras, mas o que digo e repito é que a nossa "democracia" é um embuste. Na ditadura, sabíamos o que tínhamos e o que não podíamos ter. Em democracia temos apenas uma liberdade suportada pelas conveniências do Poder. O que resta desta democracia é apenas incompetência, TACHOS E GRANDES NEGOCIATAS para os políticos. Não me dão hipótese, só posso desprezá-los!

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  4. Eu percebo a amargura e revolta do Rui Valente, também concordo com o Jorge Aragão -um abraço,meu amigo- que declara valorizar Salazar ser impensável e creio deve haver um meio termo, um caminho que inteligentemente nos permita livrar destes oportunistas/taxistas que nos aparecem em cada esquina...O meu avô era Salazarista e Republicano -assim se assumia- eu adorava escutar os seus discursos políticos mas sentia -sabia- que ele estava errado, porque há minha volta só existia miséria e opressão...Foi preciso esperar bastante para conhecer a alegria da Liberdade e o preço que ela trouxe associada, a proliferação de espécimes cada vez mais aperfeiçoados da decadência e do oportunismo...Temos que saber aprender a ler os seus comportamentos e denunciá-los sempre que nos fôr possível. Temos que ter esperança!

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  5. Não há justiça em Portugal!!! A vergonha a que se assiste na comunicação social, isto não pode continuar!!! Mas será que ninguém põe cobro a isto!!!

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  6. Meus caros é preciso ter um grande estômago, uma paciência infinita, para aturar toda esta pouca vergonha e toda esta nojeira.
    Estão, há muito tempo, a semear ventos, mas se houver tempestade, a culpa, dirão eles, vai ser nossa.
    Um abraço

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Abrimos portas à frontalidade, mas restringimos sem demagogia, o insulto e a provocação. Democraticamente...