26 setembro, 2013

Que ÓÓrgulho malta! Só falta visitar a Luz e os Ministérios...


Reader's Digest: Lisboa é a cidade menos honesta do mundo

Se encontrasse uma carteira perdida no chão devolvia-a? Num estudo recente sobre a honestidade, a Reader's Digest chegou à conclusão que os habitantes de Helsínquia, Finlândia, são os mais honestos enquanto os lisboetas ocupam a última posição.

Para este estudo os investigadores deixavam cair no chão 12 carteiras no total, espalhadas por locais movimentados das cidades e ficavam depois a observar se os transeuntes ficavam com as carteiras ou as entregavam a alguma autoridade para que pudessem ser devolvidas aos seus donos. Cada carteira continha ainda cerca de 50 euros, fotografias de família e contactos.

Em Helsínquia 11 das 12 carteiras foram entregues, enquanto em Lisboa apenas uma foi devolvida - não por um lisboeta mas por um casal de holandeses que se encontrava de férias.
No total, das 192 carteiras apenas cerca de metade foi devolvida.

O estudo conclui ainda que as condições económicas não têm impacto directo no facto de as pessoas ficarem com o dinheiro ou não. Mumbai, na Índia, alcançou a segunda posição, com os cidadãos a devolverem nove das 12 carteiras. Em comparação, apenas quatro foram entregues em Zurique, na Suíça.
Conheça a lista completa das capitais:
1. Helsínquia, Finlândia: 11 de 12 carteiras
2. Mumbai, Índia: 9 de 12
3. Budapeste, Hungria: 8 de 12
4. Nova Iorque, EUA: 8 de 12
5. Moscovo, Rússia: 7 de 12
6. Amesterdão, Holanda: 7 de 12
7. Berlim, Alemanha: 6 de 12
8. Liubliana, Eslovénia: 6 de 12
9. Londres, Reino Unido: 5 de 12
10. Varsóvia, Polónia: 5 de 12
11. Bucareste, Roménia: 4 de 12
12. Rio de Janeiro, Brasil: 4 de 12
13. Zurique, Suiça: 4 de 12
14. Praga, República Checa: 3 de 12
15. Madrid, Espanha: 2 de 12
16. Lisboa, Portugal: 1 de 12

[fonte: Jornal Económico]

23 setembro, 2013

Futebol Clube do Porto/Paulo Fonseca

Numa análise sumária às últimas exibições do FCPorto de Paulo Fonseca caracterizadas pelo suficiente menos [apesar do 1º lugar], constato o seguinte:

  • Que Paulo Fonseca anda indeciso quanto ao sistema de jogo a implantar
  • Que prefere não arriscar, num sistema mais criativo, com a bola a circular de pé para pé e no sentido da baliza adversária, como parecia no início de época e nos 1ºs jogos do campeonato e que tão boa impressão deixou
  • Que decidiu apostar na continuidade do modelo de Victor Pereira utilizando a espinha dorsal da equipa do ano transacto, esquecendo que já lá não constam João Moutinho e James Rodrigues [e isso faz toda a diferença]
  • Que não querendo implantar o seu próprio sistema, optando pelo modelo do técnico anterior, mas sem as mesmas "peças", nem o mesmo rigor táctico, se arrisca a desestruturar a equipa em todos os sectores
  • Que tem de atalhar caminho e corrigir rapidamente o que há para corrigir, porque a Champions está já aí e não pactua com equipas de futebol duvidoso e mastigado
PS-
Declaração de interesses:  não fui fã do modelo de jogo de Victor Pereira. Não gostava e continuo a não gostar. Ponto! Mas uma virtude lhe reconhecia, a consistência que transmitia às suas equipas.

22 setembro, 2013

O povo português não é sereno, é burro!

Walter Hugo Mãe
Quando oiço falar de elites, ou de forças "vivas do Norte", acabo por não saber muito bem o que se pretende dizer com essa espécie amorfa de palavra de ordem. Sempre entendi por forças vivas e elites, um grupo restrito de pessoas com alguma visibilidade social e intelectual, ligadas à cultura, à economia, à política, e sobretudo às finanças - que é de facto onde realmente se concentra o poder -, capazes de influenciar os Governos.  Por isso me incomoda ouvir esta gente falar como pobres diabos, sem qualquer capacidade reivindicativa ou coragem para se imporem frente ao poder político. Praticamente, limitam-se a fazer pouco mais que o comum cidadão faz, que é, lamentar-se.

Emídio Gomes, novo presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte prestou-se a esse papel, pouco acrescentando ao discurso dos antecessores, limitando-se a queixar-se: "o Norte não precisa de esmolas", declarou na entrevista que hoje deu ao JN. Quando se dispõe de algum estatuto, e não se mostra capacidade para unir, reunir, persuadir e mobilizar as referidas forças vivas da região, é porque não se tem perfil para o cargo. No fundo, teve um comportamento muito semelhante aos destinatários das queixas, que se limitam a ocupar os cargos com as inerentes mordomias e a deixar correr o marfim, com os danos colaterais que sabemos.
 
Curiosamente, é a gente ligada à cultura que ainda vemos colocar o dedo na ferida, sem espalhafato mas com muita lucidez. O escritor Walter Hugo Mãe, disse hoje [também no JN] àcerca da crise, uma coisa tão simples quanto óbvia, e que eu aqui não me tenho cansado de destacar, que foi o seguinte: «se alguém em Portugal não tivesse o rabo preso, tudo seria diferente. Ninguém desata a pagar uma dívida sem mais nem mesmo. Qualquer pessoa a quem apresentam uma conta questiona o seu teor. Como podemos imputar uma dívida gigantesca a pessoas que não tiveram responsabilidade na acumulação dessa verba? Não foi a população que encomendou os submarinos nem nada que se pareça. O que qualquer governo de boa fé teria feito seria a renegociação da verba que nos foi imputada. A Islândia foi exemplar. A 1º.medida que tomaram foi mandar prender as pessoas que, através da contratação de dívidas impossíveis, contribuíram para a crise. Também devíamos ter prendido os responsáveis.».

Pessoalmente, as declarações de Walter Hugo Mãe não me espantam, pouco acrescentam ao que sempre pensei e escrevi sobre o assunto.  O que me espanta e incomoda é que este povo, em vez de reagir sob o efeito e as consequências desta cínica política de "austeridade" [cortes nas pensões de reforma, etc], nunca tenha refutado com veemência e revolta, a sua cota parte de responsabilidade na suposta dívida.  Governantes, políticos e banqueiros, lançaram para cima das populações essa patranha com a mesma facilidade com que se limpa o rabinho a um bébé, e a coisa pegou de estaca apesar dos tímidos protestos.  Às tantas, o povo ainda hoje acredita nisso. Alías, basta ver como é que ainda há gente com estofo para se colar à propaganda eleitoral das autarquias. Das duas uma, ou são burros, ou deixaram-se comprar.

Para terminar, vale a pena ler e comparar outro pedaço de texto da entrevista de W.H.M, sobre a Islândia, país que conhece bem e onde vai lançar o seu livro:

«Um desempregado islandês tem mais segurança que um empregado português. Além de receber um subsídio mínimo de 1500,00 €, vê o Estado pagar-lhe a renda da casa.  A prova de que a crise foi uma abstracção financeira sem ligação ao real, é que, um ano depois, já era o país com maior crescimento do mundo, e um dos líderes do ranking da felicidade».

Ah, dirão certos regressitas [vulgo, retardados mentais], mas os islandeses não têm Ronaldos, nem Mourinhos. Pois sim, direi eu, mas temos um país de merda, do qual ainda por cima se orgulham.

20 setembro, 2013

Que justiça é esta, senhores magistrados?

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Na edição de hoje do JN, onde extraí esta notícia, vinha igualmente publicado um inquérito do Centro de Estudos Sociais, feito a magistrados judiciais e do Ministério Público, sobre o que eles pensavam da reputação da Justiça aos olhos da opinião pública. Muitos assumiram que não era a melhor, mas responsabilizaram a comunicação social pelo facto.

Mesmo reconhecendo que a nossa comunicação social não é exemplar, que está longe de se poder orgulhar do serviço público que produz, é inadmissível que os juízes atirem para cima dos jornalistas a exclusividade das culpas pela má justiça que temos. Os juízes, como diz, com razão, Marinho e Pinto, pararam no tempo da outra senhora. Sendo órgãos superiores do poder, deviam exigir dos seus pares um nível de justiça muito mais elevado, condizente com o prestígio que deviam ter, e que agora sentem que perderam.

Governantes e presidentes da República, também têm culpas no cartório, porque durante estes 39 anos de democracia foram incapazes de intervir usando da famosa magistratura de influência em casos como os do artigo acima publicado, podendo assim evitar que temas desta natureza afogassem os tribunais de processos sustentados em invejas e boatos. Por exemplo, processos como o Apito Dourado e as escutas, que deram azo a toda a espécie de especulações, a discriminações pessoais e regionais, tendo o FCPorto e os clubes nortenhos como epicentro, resultaram no ostracismo socio-económico de que hoje a região padece, quando podiam ser reprimidos com um simples  "raspanete" dos órgãos de soberania atrás referidos.

Há inúmeros exemplos que indiciam a falta de elevação dos Chefes de Estado e dos governantes das últimas décadas. Sempre se notabilizaram pela lei do menor esforço, pelo não me comprometam, aliando-se preguiçosamente a supostas maiorias como almofadas de conforto, sem se incomodarem com as fracturas regionais que a sua indolência pudesse originar. O caso aqui noticiado é paradigmático da negligência desses órgãos de soberania e do péssimo "funcionamento" dos tribunais. 

O crime de difamação do Presidente do Benfica praticado na RTP [a tal do serviço público], contra a integridade da pessoa do vice-Presidente do FCPorto, Antero Henrique, prova como em Portugal é possível a determinado tipo de pessoas* brincar com a Justiça [e com os senhores magistrados], e fazer as acusações mais indecorosas que é possível imaginar, sem que o acusador seja julgado e punido em tempo útil. O processo de Antero Henrique a Vieira foi levantado em 2005, já lá vão 8 anos, mais precisamente, 2.920 dias [sem os bi-sextos], 70.800 horas. E o arguido não compareceu mais uma vez em tribunal...

Afinal, a quem querem os senhores magistrados enganar? A eles próprios? Será assim possível medir o respeito da Justiça pelos cidadãos? Por que não esquecem o sindicalismo da classe colocando-se ao nível do simples operário? É imperativo saber ser digno do estatuto que outrora já tiveram. É um crime destruir os alicerces da democracia, como são, e sempre foram, a JUSTIÇA!

* Vale e Azevedo - curiosamente, também ex-presidente do Benfica -, não só escarneceu com a justiça como vexou todos os que a representam.  Foi preso em 2001, mas em 2008 fugiu para Londres onde viveu como um nababo, voltando a ser detido apenas em fins de 2012. 

Ninguém duvidará da celeridade desta mesma "justiça" se a provocação e a desobediência tivesse partido de um cidadão desconhecido, mesmo que muito honrado.

19 setembro, 2013

FCPorto na Champions. Uma estreia muito pobre

Quando alguém tem um objectivo, e o consegue alcançar com maior ou menor dificuldade, e se atrás desse mesmo objectivo existem outros candidatos que não o conseguem, é injusto negar-lhe competências. Mas, se esse objectivo for mesclado de outras mais valias, como o empenho, a inteligencia, a concentração e [porque não dizê-lo] e espectacularidade, o reconhecimento é total, e inegável. Refiro-me, claro, ao futebol e aos homens cuja principal tarefa é levar os clubes ao topo mais alto das competições: os treinadores.

Falando de treinadores, ontem não pude deixar de me lembrar de Victor Pereira por se encaixar no primeiro quadro que acima apresentei, porque conseguiu atingir um dos principais objectivos que foi a conquista sem brilho do Campeonato, mas falhou outros. O futebol, repito, é fantasia, é técnica, é táctica e estratégia, mas perde muito do seu interesse se o espectáculo não for garantido. Ontem, foi Paulo Fonseca que esteve ao leme da equipa e aquilo que vi fez-me lembrar o pior de Victor Pereira.

Se houve coisa que me animou nos jogos da pré-época, da Taça, e nos primeiros do campeonato, foi a mobilidade dos jogadores. Ontem, foi exactamente o contrário. A equipa apresentou-se apática, nervosa, esqueceu-se de pressionar alto e jogou desorganizada. Os laterais não subiam, tornando os avançados como Licá e Varela, completamente inofensivos. Ao "esquecer-se" de pressionar como costuma, a equipa do FCP deu muito espaço ao adversário, aumentando as dificuldades no sector defensivo, onde atletas normalmente assertivos nos tempos de entrada, pareciam baratas tontas à procura da bola. Às vezes apetece-me dar razão ao Miguel Sousa Tavares que, como se sabe, exagera nas críticas que lhe faz, mas Varela põe-se a jeito. Licá, também não existiu, e Jackson ligou o complicómetro que Varela lhe emprestou... Jackson, vai marcando, mas está lento, quase irreconhecível. 

Há dois aspectos que no nosso futebol me causam estranheza desde há muitos anos, que são, em primeiro lugar a incapacidade quase absoluta para chutar de primeira, e a cisma em quererem dar muitos toques na bola antes de a passarem ao companheiro perdendo imensas oportunidades para surpreenderem os adversários. Será assim tão complicado alterar isto? Não sei que razões objectivas poderão estar por detrás desta mania, mas é uma realidade. Basta olharmos para os nossos vizinhos de Espanha, para vermos como sabem fazer do remate pronto e da rapidez um argumento importante nos seus movimentos ofensivos  [isto, já para não falar de Inglaterra]. Em alta competição, não nos podemos dar ao luxo de ignorar tais argumentos, caso contrário, e a jogar como (não) jogamos ontem, corremos o risco de um dia ser vexados. Cuidado!

Estou convicto que o jogo de ontem foi apenas um dia mau, apesar do bom resultado, mas a segunda parte do jogo com o Gil Vicente também não deu para perceber. Foi miserável. De Paulo Fonseca espera-se muito mais, não pode permitir que a intermitência passe a ser a imagem de marca do FCPorto. O espectáculo tem de ser salvaguardado. E os resultados também. Não confundo nunca, o futebol com ópera, porque confundí-los é já uma aberração intelectual. Por isso, não me falem de ópera, sim?     

17 setembro, 2013

O candidato Luís Filipe Menezes

Luís Filipe Menezes foi um autarca despesista, é verdade. Mas foi também o único que tirou Vila Nova de Gaia do estigma de cidade/dormitório em que viveu durante dezenas de anos. Tão "cidade dormitório" como é certo o esquecimento geral do nome dos presidentes da Câmara que o antecederam. Reconhecer isto, não é concordar com excessos de gestão ou com a acumulação de dívidas. Sucede, é que quando o próprio Governo, além de mau pagador, é hiper-centralista e usurpador de fundos destinados a outras regiões para os entregar à gorda capital, desaparece a legitimidade para criticar um autarca que usa o mesmo expediente no desenvolvimento da sua cidade. Neste contexto, não me repugna mesmo nada a política do "olho por olho, dente por dente", caso contrário, o que fica para a história, é um presidente submisso, cinzentão, e improlífero, como foi Rui Rio.

Mas não foi em obediência à política do "olho por olho" que LFM endividou a Câmara de Gaia. Foi porque sabe quão importante era para a cidade [e também para si próprio], apresentar obra útil [e não me refiro às rotundas e aos jardins-infantis]. É indiscutível que a cidade de Gaia e toda a região envolvente, mudou para melhor, desde que LFM chegou à câmara. Se falarmos na marginal esquerda do Douro e a compararmos com a antiga, ou até com a margem direita, sabemos ver a diferença. Assim como o próprio teleférico, a reabilitação de toda a costa marítima até Espinho e respectiva higienização de águas, e areias. A instalação do Corte Inglês na cidade contribuiu também para criar uma nova centralidade no grande Porto. Os recintos desportivos foram também obra sua não despicienda. Enfim, pode-se dizer  que em termos de dinamismo, de interacção com a cidade, com mais ou menos demagogia, LFMenezes apresentou "serviço" válido. De Rui Rio, só herdamos truculência, problemas, e uma gestão de mercearia, poupadinha. Mas as corridas de popós que patrocinou, vieram destoar o seu discurso economicista. A intensidade da indignação com a promiscuidade entre a política e o desporto foi débil, matando-lhe a credibilidade, porque afinal, ficamos a saber que era tudo uma questão de preferências desportivas...

Resumindo, LFMenezes podia ser um interessante candidato ao Porto se, tivesse respeitado a memória do povo. Tal como agora, antes de chegar a líder efémero do PSD, Menezes fartou-se de bramir pela causa da regionalização,  para logo a meter no baú das promessas demagógicas assim que chegou ao topo da pirâmide. Agora, convencido [com certa razão, diga-se] que a memória do povo é fraca, volta a pegar na mesma bandeira, juntamente com um grupo de colunáveis, auto-intitulados "Forças Vivas". Menezes, e as suas "ilustres" Forças Vivas [sem qualquer ambição eleitoralista, é claro], anunciam agora que vão lutar contra o centralismo na distribuição de fundos comunitários... 

Sua Exa. descobriu agora que [cito]: «podemos estar a caminhar no sentido da mimetização de um centralismo insuportável, que tem história em Portugal na gestão dos fundos comunitários, prejudicando o Porto e o Norte sempre de forma incrível». «Temos de ser muito rápidos a reunir as Forças Vivas da cidade e da região e ir a Lisboa dizer que temos direito a fundos comunitários». Se ele o diz, é porque o vai fazer. Quando, é que mais difícil... Até aqui, andou muito desmemoriado e com a voz doente... As artroses nas mãos também o impossibilitaram de enviar umas missivas anti-centralistas ao Passos Coelho. Sejamos pois compreensivos...

As Forças Vivas constituem uma equipa de peso de notáveis "regionalistas", ou não fizessem dela parte nomes como Américo Amorim, Ilídio Pinho, Manuel Violas, Miguel Cadilhe e Joaquim Azevedo. Até cansava ouví-los falar do centralismo, sobretudo quando iam a Lisboa. Imaginem que de repente ficaram preocupados com a situação da RTP/Porto. É que a RTP/Porto, como todos sabemos, era a voz fiável do Norte, sempre muito defensora da regionalização que  sempre lutou pela sua autonomia... Os funcionários vão ser despedidos? Têm o que merecem. Afinal, não foram mais do que a voz do dono do centralismo. A RTP é o canal mais centralista de todos os canais. Por isso, como portuense e nortenho essa causa não me comove. Inventem outra!

Se votasse no Porto antes de Menezes chegar a líder do PSD teria votado nele. Mas ele estragou-me a intenção. Traiu-me quando chegou ao poleiro que sempre almejou, e por muito mérito que lhe reconheça jamais lhe perdoaria a afronta. Só confio uma vez. Mas, sei, conheço bem este povo, as suas ancestrais tendências servilistas, e sei que também ele me vai trair, e que mesmo assim Menezes vai ser Presidente da Câmara do Porto. Se quando lá chegar voltar a meter a viola no saco, quer dizer, se mandar às malvas o tema da regionalização, não digam que eu não avisei. Se a mediocridade se instalou na política, é porque os eleitores não são menos medíocres.

13 setembro, 2013

Aposto que não cumprem! Quem quer perder dinheiro?


Se o que se anuncia não fosse mais uma das incontáveis falsas promessas da canalhada política, jamais me atreveria a escrever isto. Não gosto de ofender ninguém, nem criticar por criticar. mas não tenho a menor dúvida que andámos há tempo demais a ser comandados por garotos e garotinhos. Nunca tive dúvidas sobre isso. E se insisto neste tema, é porque tenho provas. Só não as tem quem for desmemoriado ou senil. 

A notícia, tem contudo uma virtude: confirma que em matéria legislativa e de gestão florestal, continua tudo como dantes. Ou seja, nada de sério tem sido feito. Outros governos, de outros partidos, também anunciaram como o actual, o mesmo processo de intenções [as eleições estão à porta], e depois, zero!

Senão, se ainda houver alguém capaz de acreditar nas promessas desta gente menor, aguardem pelo próximo verão e façam o favor de me informar em que se traduziram estas medidas. Vão ter de me esclarecer, tintim por tintim, quantos terrenos foram identificados, quandos proprietários incumpridores foram sancionados, quantas matas foram limpas, quantos caminhos foram abertos para o combate aos fogos, e consequentemente quantos incêndios e mortes foram evitadas.

Ah, convém não fazer batota ou puxar pelos galões da competência alheia [como já presenciei]. Por exemplo, se o próximo verão der uma ajudinha em termos climatéricos... 

12 setembro, 2013

Para quando o repúdio do FCPorto à comunicação social centralista?

Antes mesmo de os clubes  de Lisboa e satélites, iniciarem a vergonhosa campanha de difamação contra o FCPorto, personalizada na figura de Pinto da Costa e na sua estrutura directiva, e que atingiu o seu climax no célebre processo Apito Dourado, era já  evidente uma clara discriminação em quase todos os orgão de comunicação social. Tal como agora, rádios, jornais e televisões, tratavam o FCPorto com indisfarçável desprezo e com uma estratégia bem definida, que consistia, não só em desvalorizar os seus êxitos desportivos, como em inventar esquemas duvidosos sobre a maneira como eram conseguidos. 

Tudo isto coincidiu e acentuou-se com a entrada de Pinto da Costa para a presidência do clube, precisamente o seu período mais vitorioso, consistente, e expansionista,  que se traduziu em múltiplos sucessos a nível nacional e internacional. Não era preciso ser-se apreciador de futebol para observar o tratamento arbitrário dos media com o FCPorto e o seu Presidente, bastava estar-se atento. Por mais campeonatos que o clube nortenho ganhasse, os jornais desportivos dedicavam exclusivamente as primeiras páginas aos dois clubes de Lisboa, mesmo assim, com uma clara preferência pelo Benfica, sem que tal se justificasse desportivamente. Os generalistas faziam o mesmo, as rádios e as estações de televisão, idem, idem. 

Como a esta espiral de discriminação e mau jornalismo, não se seguiu uma reacção categórica, ou uma clara rejeição pública das autoridades, com apelos à moderação e ao bom senso, a situação agravou-se, e hoje os media - inclusivé os do Estado -, fazem praticamente o que lhes apetece. Se os media já tinham poder antes, com o passar dos anos sentiram esse poder reforçado. Ora, entre muitas outras conjecturas, isto também revela uma outra realidade, e mais grave: Portugal nunca teve, quer a nível de chefes de Estado, quer de governantes, gente com categoria para ocupar cargos de tão alta responsabilidade. É um facto, um facto revoltantemente enfadonho... Resultado: a democracia, que devia ter sido tratada ao longo destes anos como uma flor, regada cuidadosamente para crescer forte e viçosa - e não violada na sua essência como foi e continua a ser -, está moribunda, prestes a morrer.

Independentemente da morte da democracia, o FCPorto e a sua legião adeptos, são os principais prejudicados na sua imagem com este status quo, apesar dos seus êxitos desportivos. Logo, caberá ao FCPorto e à sua direcção fazer algo mais para se defender, do que fez até aqui. A tese "o que é preciso é vence-los no campo", é muito interessante, mas não chega, e pode-nos um dia sair muito cara. Por enquanto, a jurisdição tem chegado para resolver os problemas que os nossos inimigos nos foram colocando, e a concentração competitiva os de ordem desportiva. Mas até quando é que o FCPorto poderá continuar a aguentar esta campanha difamadora? A intriguice indigna, o insulto, as insinuações venenosas, repetidas exaustivamente em quase todos os media? Não podemos contar com as autoridades, porque como sabemos, elas são parte do problema. 

O desespero dos nosso inimigos está a enlouquecê-los. As perseguições, e os apelos à violência contra o n/ clube são sobejamente conhecidos. E o que faz o Porto Canal para denunciar tal concorrência? Nada. Em certos casos não creio que "o calado seja o melhor", acredito mais no impacto do "quem cala consente". Apesar de saber que a inteligência do povo nem sempre é a melhor, se a injectarmos com doses industriais de falsas verdades, ele até acredita. Que ninguém tenha dúvidas. Afinal de contas haverá exemplo maior de mentira, que o "nosso" Governo?

09 setembro, 2013

Votar em branco/abstenção

Nem todos terão vivido tempo suficiente para se certificarem da credibilidade dos homens que  andam na política e da forma como lá chegam. Contudo, para um jovem de 39 anos, com a mesma idade da implantação da democracia em Portugal, e daí para cima, é imperdoável que continue a ignorar a real valia daqueles que lhes garantiram possuir competências para a governação, ou alegar sentir-se enganado, sem correr o risco de passar por parvo.

Não sei, não faço a menor ideia, que mais será preciso acontecer para os eleitores compreenderem que não podem voltar a passar cheques em branco na hora de ir às urnas. Andamos, durante os primeiros anos de democracia, a ser mentalizados para a importância do voto em contraponto com as décadas de obscurantismo que a antecedeu, como forma de nos pressionarem a votar. Mas creio que já chega de banha da cobra. Hoje, só a dois tipos de eleitores interessa esta treta da importância do voto: os beneficiários directos e indirectos do pardirarismo político, e os idiotas.

Como a rede de compadrios está muito enraizada em Portugal, é improvável esperar alguma vez por uma abstenção generalizada, por mais danos que nos causem. Haverá pois que contar com os votos de "gratidão" partidária, esses são dados como certos pelos respectivos aparelhos. Contra isso, é mais complicado lutar, mas não é impossível, basta começarmos a fechar-lhes as portas... Aos eleitores descomprometidos com o regime, àqueles que estão habituados a contar somente consigo, caberá decidir o que fazer com o seu voto. 

Sabemos que as mesas de voto são constituídas por membros dos vários partidos políticos, o que em teoria devia garantir a isenção da sua contagem. Em clima de confiança política, a intervenção dos presidentes de junta, mais o aval dos presidentes das câmaras municipais deveriam, em princípio, bastar para nos deixar descansados com o destino dos votos em branco, mas depois de tanta trafulhice, será sensato continuarmos a confiar? Objectivamente, qual será a vantagem de votar em branco? Que interesse real, a não ser de ordem estatística, terá o eleitor com o número de votos em branco? O que é que poderá fazer de útil com eles?  Demonstrar que apesar de nos sentirmos defraudados, continuamos a acreditar na democracia? Para quê? E que democracia? Uma democracia meramente eleitoralista? Provocará o voto em branco alguma alteração comportamental relevante, numa classe política já de si destituída de valores democráticos e até educacionais?

Não terá mais impacto uma grande abstenção?   Por que não podemos nós inverter o preconceito da abstenção e a sua lógica impactante? Por que teremos nós  de os autorizar a interpretar uma decisão que é só nossa? De votar em branco, ou de simplesmente, não votar? Entre muitas outras razões, podíamos deixar à classe política esta elucidativa mensagem: nós até gostamos de votar. Mas não votamos em branco, porque vocês nem sequer merecem uma deslocação às urnas! Outros motivos? Por que vivemos em austeridade, porque as viagens estão caras, e os sapatos também! Haverá argumento mais forte?

Uma única condição bastaria para trocar a abstenção por um voto de protesto: que sobre este se pudesse plasmar sucintamente o que pensamos dos governantes, com direito a divulgação na Assembleia da República.    

Mercenarismo em política



Se eu estivesse recenseado em Lisboa ou no Porto não votaria em António Costa ou em Luís Filipe Menezes. Ambos pertencem àquela espécie de políticos de plasticina, sem coragem para grandes decisões nem sinceridade quando falam ao povo. A sua principal característica é a inegável capacidade para criar clientelas que, aliás, gerem de forma magistral. Quando lhes interessa um determinado apoio, eles têm sempre algo irrecusável a dar em troca, à custa do património público, claro. Geralmente, só agem pela certa e só vão, verdadeiramente, a jogo quando têm todos os trunfos na mão. Quando há condições para um combate leal e aberto, mas cujo resultado favorável não lhes está à partida garantido, eles hesitam, encolhem-se e nem mesmo empurrados lá vão. Às vezes até fogem a sete pés, como aconteceu com Luís Filipe Menezes, quando, há anos, se pirou para Vila Nova de Gaia com medo de enfrentar o Golias de então, Fernando Gomes, nas eleições para a Câmara Municipal do Porto, deixando todo o campo de batalha ao David Rui Rio.
António Costa é um caso claro de oportunismo e de aproveitamento da CML como trampolim para a realização de outros desígnios pessoais. Ele deveria dizer, agora, claramente, se vai cumprir integralmente o seu mandato ou se, a meio, o vai trocar por qualquer coisa melhor, como fizeram Fernando Gomes com a Câmara do Porto e Durão Barroso com a chefia do Governo. Se o seu compromisso eleitoral com o povo de Lisboa não é postiço, ele devia garantir, agora, que o vai cumprir até ao fim. Mas isso é pedir de mais a quem tem claramente uma agenda pessoal que se sobrepõe a todos os compromissos políticas.

Por isso, em Lisboa, eu nunca votaria em António Costa, mas antes no único candidato que, em minha opinião, possui as qualidades humanas para ser um bom presidente da Câmara e que jamais abandonaria as pessoas que o elegessem: João Semedo. Votaria nele não por ser do Bloco de Esquerda, mas apesar de ser do Bloco de Esquerda.

Quanto a Luís Filipe Menezes, ele pertence, justamente, àquele tipo de políticos oportunistas que nunca assumem as suas responsabilidades. Ele é um dos principais sustentáculos do atual Governo, juntamente com outro «Luís, também do Norte» - Marques Mendes. A fação que tomou o poder dentro do PSD e formou governo nunca o conseguiria sem o apoio desses dois homens. Mas, agora, na sua candidatura à Câmara do Porto, Menezes parece nada ter a ver com o seu partido. Quase precisamos de uma lupa para ver o símbolo do PSD nos seus cartazes de campanha. Mas aonde ele é mesmo bom é a gerir a teia imensa de clientelismos e de promiscuidades que foi criando ao longo dos anos à custa do erário público. Os seus fiéis, tal como os seus familiares, têm sempre os seus problemas resolvidos e subirão facilmente na vida (leia-se: no Estado, numa Câmara ou no Partido).

Há quase vinte anos, num congresso do PSD, ele teve a coragem de dizer umas verdades em Lisboa, denunciando o elitismo e o liberalismo de uns barões políticos do Sul. Alguns minutos mais tarde, já chorava em público arrependido dessa audácia. Não há muitos anos conseguiu ser eleito líder do PSD, mas pouco tempo depois já fugia assustado para o Norte com medo desses mesmos barões, abandonando todos os compromissos que estabelecera com os militantes do partido e até os que se propunha assumir com o povo português. Hoje, apoia com desvelo e muita eficiência esses mesmos «sulistas, elitistas e liberais», porque isso o ajuda a manter e a ampliar ainda mais o gigantesco polvo clientelar que criou no Norte, sobretudo à volta do Porto.

Não sei qual será o resultado das eleições do próximo dia 29 para a Câmara Municipal do Porto, mas se Luís Filipe Menezes for eleito seu presidente, isso significa que a população do Porto quer o mesmo populismo obreirista e irresponsável que levou este país (e a Câmara de Gaia) à situação deplorável em que se encontra. Um presidente da Câmara do Porto como Menezes, com a coluna vertebral de uma crisálida, poderá fazer muitas coisas, mas a cidade deixará, inevitavelmente, de ser Leal a si própria e, sobretudo, não voltará a ser Nobre e Invicta como foi no passado.

Nota de RoP:

Marinho e Pinto tem razão no que diz respeito aos candidatos "plasticina", eu também não votaria em nenhum deles. Mas, equivoca-se se pensar que Rui Rio não é da mesma estirpe. A plasticina deste é doutro género, mais camaleónica, mas é plasticina na mesma. Se não, como é que Rui Rio desprezou, como toda a gente sabe, o FCPorto, alegando a famosa promiscuidade entre o futebol e a política, e não fez o mesmo com as corridas da Foz, que ele próprio apadrinhou? Terá a promiscuidade alguma relação com preferências desportivas [e clubísticas], e no automobilismo será tudo limpinho, limpinho?

05 setembro, 2013

Um país sem lei, e de governantes incendiários

Ministra da "Justiça"
É publico:  os fogos de verão em Portugal, são uma tragédia que se repete ano após ano, sem que nada de verdadeiramente estudado tenha sido feito para os controlar. Uma tragédia que, pelas suas próprias características impressiona particularmente as populações rurais, e sobretudo os bombeiros, que pagam com a própria vida erros de terceiros. Os incêndios descontrolados, são "apenas" a prova provada mais trágica sobre a incompetência e a irresponsabilidade da garotada que nos tem desgovernado. Garotada sim. Já não me sinto confortável a tratá-los por governantes, porque fico mesmo assim com a sensação que lhes estou a dar alguma importância. E eles seriam insignificantes se não estivessem onde estão. A importância desta gente, releva apenas da necessidade de lhes sobrevivermos, de termos de nos defender deles como de facínoras. Eles, não querem saber porque têm consciência disso, mas de facto, não são pessoas de bem. Estarei porventura a diabolizá-los? Qual quê, eles são piores que o próprio demónio, que nem faço ideia quem seja. Não! Estes têm rosto, nome e residência, são identificáveis, o que não significa que tenham de obedecer às normas mais simples do código cívil. Mas deviam.

Escrevo com este desprezo por saber, como qualquer português saberá, que em Portugal somos incapazes de conviver pacificamente com a Lei. Os incêndios nunca foram encarados com seriedade e com respeito pelas vidas que deles são vítimas. Desde Abril de 1974, até hoje, continuamos a ignorar o que se fez em matéria legislativa, preventiva e fiscal para nos protegermos dessa praga. Não sabemos o que se faz, sistematicamente, para obrigar à limpeza das matas, tanto a proprietários particulares como aos do Estado, antes da chegada do verão. Ignoramos se há equipas de fiscais a percorrerem campos e montes na recolha de informações sobre eventuais infractores, se identificam terrenos e o seu estado de manutenção. Não temos conhecimento se alguma vez foram punidos e como foram punidos por incumprimento desses supostos deveres legais. Desconhecemos a existência de políticas de reflorestação que contemplem arvoredo resistente e a diversificação da flora, consoante as características do solo. Ignoramos se há, ou não, limites ao plantio de eucaliptos [que como é sabido, absorvem água como nenhuma outra árvore].

Enfim, a ignorância geral, assim como a dúvida permanente sobre assuntos tão caros ao povo, durante tantos anos [quase 40, pós Abril/74], dá-nos o direito de tratarmos esta gente por canalhada, sem apelo nem agravo. Qualquer analfabeto [como são no fundo estes políticos], resolveria o assunto com o "problema/culpa" dos incendiários. Os incendiários existem, é verdade, devem ser castigados, como é óbvio. Mas quem andará a semeá-los? Alguém de boa fé acreditará ser essa a principal causa de todos os incêndios?

Em Portugal a Lei é uma chatice. Uma chatice sobretudo para aqueles que a deviam RESPEITAR, sem mais delongas: os políticos. Quando temos uma Ministra da Justiça e o próprio 1º.Ministro a desrespeitar o que está legalmente instituído, afirmando que o "Tribunal Constitucional não está acima do escrutínio", está, por outras palavras a dizer que as Leis são como uma espécie de bola de futebol para chutar à baliza em momentos convenientes.

É tão flagrante a falta de senso ético de alguns governantes [vulgo canalhada], que nem sequer se dão ao dever moral de plasmarem claramente no site do Parlamento o registo curricular dos seus interesses. É só espreitar o que se pode ler sobre Rui Machete e Paulo Portas [e outros]para ficarmos esclarecidos. 


03 setembro, 2013

Porto Canal, mais PORTO, menos Juca

Estive quase quase para enviar uma carta ao director geral do Porto Canal a manifestar-lhe a minha decepção, não só pela vulgaridade do seu trabalho, como pela falta de respeito evidenciada para com os potenciais espectadores, que como é natural se localizam maioritariamente na região norte, além do Porto. Não cheguei a fazê-lo, apesar de anteriormente ter feito chegar ao Porto Canal, via e-mail, alguns posts a ele dirigidos e aqui publicados, porque quero ver o que é que a nova grelha de programação nos reserva.

Já o disse, e repito, independentemente dos problemas que possam eventualmente existir, nada impedia a Direcção do P. Canal de ter uma palavra de atenção [e respeito] com o público, no sentido de o esclarecer [e tranquilizar], por ter esgotado o mês de Agosto com programação exclusivamente gravada, repetida exaustivamente, hora após hora, e dia após dia. Para fazer isto, seria preferível e menos desagradável, colocar uma nota simples, a dizer "Encerrámos para férias". Uma lástima!

Quando me lembro do título de um artigo de Hélder  Pacheco no JN [O Juca é fixe!], por altura da entrada de J.Magalhães na Direcção do Porto Canal, e vejo o que entretanto foi feito, pergunto-me que título escolheria ele neste momento para a crónica. Pergunto se já não terá [como eu] mudado de ideias. Penso não me ter enganado na interpretação que fiz do artigo, se disser que H. Pacheco não estava  a referir-se estrictamente ao bom feitio do homem. O que Pacheco pensou exactamente, só ele saberá, no entanto, atrevo-me a dizer qualquer coisa como isto: "O Juca é competente",  "O Juca é o gajo ideal para o cargo", "O Juca vai fazer diferente".

Costuma-se dizer, que é nas pequenas coisas que se revelam os grandes homens. Não foi essa a ideia que Juca deixou estes últimos tempos. Nem uma nota de rodapé a pedir desculpa aos espectadores por lhes impingir 20 mil vezes "O Major Alvega" ou as gargalhadas parvas do Ricardo Couto mais os seus entrevistados. O que o Porto Canal tem produzido ultimamente é comparável a uma máquina de encher chouriços, e o que fez antes, não acrescentou qualidade à direcção anterior. Aliás, um dos melhores programas como "Caminhos da História", de Joel Cleto, vem da direcção anterior. E nem sequer me vou referir à programação desportiva, porque devendo ser melhorada, tem servido para suportar o marasmo dos outros conteúdos.

O Norte de Júlio Magalhães, é um Norte mestiço, seguidista, subserviente e conservador. Desse Norte, com as mesmas figuras, os mesmos protagonistas que, afinal, continuam a traí-lo , dentro e fora do Governo, os nortenhos não precisam. Que ninguém se iluda, para mais do mesmo, não faltam canais a Sul. Se os nortenhos quiserem continuar a ter mais Sul, sintonizam os canais que lá existem, não necessitam de o importar, é estúpido e fica mais caro. 

Repito: seria bom que o FCPorto, como parte interessada, acompanhasse de perto o que se faz em matéria de comunicação e programação no Porto Canal. Se as exigências do FCPorto tiverem paralelo com o que se tem feito no clube, o caminho não é o que está a ser seguido por esta Direcção. De todo.

PS
Enquanto puder, não sairei da linha que tracei para este blogue. Falarei frequentemente da falta de seriedade da Comunicação Social do Estado [e também da privada], desse cancro chamado centralismo, da irresponsabilidade política, dos falsos regionalistas, e de tudo que me cheire a hipocrisia. É uma chatice, mas abomino gente falsa. 

02 setembro, 2013

Pela descentralização da RTP




O país que somos não está representado na TV que temos. Com as redações dos canais de televisão sediadas em Lisboa, há uma agenda noticiosa que se constrói a partir de acontecimentos centrais, mas que integra também temas e fontes que apenas figuram ali pela sua proximidade às estações televisivas. Neste contexto, sobressai a importância do operador público, o único com meios capazes de descentralizar a emissão entre a capital e o Norte. É precisamente isso que a RTP terá de reforçar para conquistar a sua singularidade e a sua legitimidade.

Centremo-nos nos números. O país que vai de Aveiro a Viana e do Porto a Bragança, passando por urbes como Braga, Guimarães ou Vila Real, soma mais de quatro milhões de pessoas (40 por cento do total nacional), concentra mais de 40 por cento das exportações nacionais, apresenta três das cinco mais prestigiadas universidades nacionais e ostenta tradicionalmente uma grande dinâmica social, cultural e desportiva. Ora, face a esta realidade, poderá um projeto editorial, principalmente um serviço público de média, fazer de conta que não existem aqui motivos de reportagem e interlocutores que merecem participar no debate que se promove no espaço público mediático?

Num contexto de grandes dificuldades económicas, percebe-se que uma empresa privada encontre sérios constrangimentos financeiros para alargar a sua rede de correspondentes ou criar franjas horárias descentralizadoras da sua emissão. Todavia, esse não é o caso da RTP, na medida em que dispõe de um Centro de Produção em Vila Nova de Gaia com capacidade técnica, infraestrutural e humana para produzir um número substancial de horas de emissão. Cabe ainda aqui reivindicar os valores estruturantes do serviço público e recuperar aquilo que preveem a Lei de Televisão ou os contratos de serviço público assinados entre a RTP e o Estado para reforçar a importância dos programas feitos e emitidos a partir do Norte, quer em canais abertos, quer na antena de informação do cabo.
Claro que tais obrigações poderiam ser teoricamente cumpridas através do preenchimento de franjas de audiência residual, mas isso seria enganar aqueles que são os verdadeiros acionistas do serviço público de média: os cidadãos. Para ser a tal televisão de todos os portugueses, a RTP tem de dar um sinal inequívoco de um operador plural, participativo e integrador de múltiplas realidades, nomeadamente em horário que congregue uma considerável audiência.

O processo de concentração da emissão da RTP em Lisboa empobrece objetivamente o país. Como se sabe, o desenho do debate coletivo é muito condicionado e ampliado pela televisão, pelo que confinar a emissão à capital, onde estão já as estações privadas, significa assumir a distância face aos problemas de grande parte do país e abdicar da inteligência regional no debate público. Hoje, o principal perímetro de acesso aos plateaux, sobretudo noticiosos, reduz-se à região de Lisboa, pois não será muito praticável a alguém do Porto, Braga ou Aveiro deslocar-se a Lisboa de cada vez que lhe for solicitada uma participação em direto num programa.

A riqueza das nações assenta muito na diversidade e na pluralidade. A visão centralista que nos é imposta e que inexoravelmente atravessa quase tudo o que importa neste país não deixa de ser de certa forma de analfabetismo, o que muito explica o insucesso nacional. Mas, pior ainda, é também uma conceptualização que tem sempre subjacente o princípio de que todo o país paga a centralidade. É admissível que todos paguem uma taxa de audiovisual e que alguém tome a decisão de chamar a Lisboa toda a emissão da RTP? Não, não é admissível e não pode acontecer.

A perspetiva de centralização completa da RTP requer uma intervenção antecipada e musculada por parte dos políticos, intelectuais, empresários, autarcas e candidatos a autarcas do Norte. Para isso, é preciso que haja convicção, coragem e consequência.

Nota do RoP: Tem 2 dias de atraso o artigo, mas o tema justifica sempre a publicação.

30 agosto, 2013

Porto, desconsiderado cá dentro, louvado lá fora

Metro do Porto distinguido pela universidade norte-americana de Harvard

Foto:Carlos Romão/Arq.
A escola de design da universidade norte-americana de Harvard, no estado de Massachusetts, vai atribuir na terça-feira o prémio “Veronica Rudge Green Prize” em design urbano à empresa de transportes Metro do Porto.

De acordo com a informação disponível na página da internet da universidade de Harvard, no projecto Metro do Porto, o júri destaca o potencial desta infra-estrutura de mobilidade, “cuidadosamente planeada e executada para transformar a cidade e a região”.

Este galardão distingue também o arquitecto Eduardo Souto de Moura, prémio Pritzker 2011, e que coordenou a equipa de projectistas responsáveis pela inserção urbana do metro em diferentes locais da Área Metropolitana do Porto.

O prémio, que vai já na sua 11.ª edição, é também atribuído ao projecto de Integração Urbana do Nordeste, em Medellín, na Colômbia.

“As duas obras criaram oportunidades que vão além do movimento físico, fazendo avançar a mobilidade social e revigorando o espaço cívico”, refere a universidade de Harvard.

O presidente do conselho de administração da Metro do Porto, João Velez Carvalho, afirmou hoje à agência Lusa que “a atribuição deste prémio representa uma honra” para a empresa, “tendo em conta o que significa em termos de reconhecimento internacional”.
“Esta distinção premeia um dos projectos mais impressionantes do arquitecto Souto Moura”, disse, acrescentando ser também “uma distinção ao mérito e ao empenho de todos os responsáveis, tanto ao nível de decisão política como ao nível técnico, que souberam ultrapassar dificuldades e problemas bem complexos e concretizar este projecto”.

João Velez Carvalho defendeu que este prémio “valoriza a sustentabilidade do Metro do Porto, não apenas em termos de arquitectura, integração e design, mas também no seu serviço à população e na crescente procura por parte dos clientes”.
“Para o Metro do Porto, para a cidade do Porto e para o país, deve ser um motivo de enorme orgulho ver reconhecido e apreciado de forma tão notável o trabalho que foi feito e que continua a ser levado a cabo”, concluiu.
Um projecto “digno de ser imitado”
Velez Carvalho e Souto de Moura estarão presentes na cerimónia de entrega do prémio, que decorrerá pelas 18:h30 (hora local), na cidade de Cambridge.
Nascido em 1986 por ocasião da celebração dos 350 anos de Harvard e dos 50 anos da escola de design, este prémio é atribuído de dois em dois anos a projectos com escala maior a um edifício individual, construído em qualquer parte do mundo durante dez anos anteriores à sua atribuição.

Os vencedores são escolhidos pela sua “substancial contribuição no domínio público de uma cidade” e por “melhorar a qualidade de vida” urbana.

A 1.ª edição deste galardão, em 1988, foi dividida entre Álvaro Siza Vieira, pelo seu Conjunto Residencial Malagueira, em Évora (1977-1988), e Ralph Erskine, com o seu projeto do “Byker Redevelopment”, em Newcastle Upon Tyne (1969-1982).

A Universidade de Harvard descreve o Metro do Porto, que iniciou a sua operação comercial em Janeiro de 2003, como “uma forte infra-estrutura de escala e complexidade significativa”, projectada e construída em cerca de dez anos.

“O escopo de tal empreendimento dentro de uma cidade Património Mundial da Humanidade é notável”, destaca, acrescentando que o “alto padrão de design” alcançado por Souto de Moura e pela sua equipa torna o projecto “digno de ser imitado”.

“O Metro do Porto é um projecto estratégico decisivo”, que “desempenha um papel importante na mobilidade” da região, sustenta Harvard.

29 agosto, 2013

O Estado, e quem o tem representado é o pior dos incendiários

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O problema dramático dos incêndios é um dos que melhor espelham a irresponsabilidade dos governantes e talvez o que melhor define a sua verdadeira personalidade. É também pela forma laxista e criminosa como ao longo dos anos este assunto tem sido tratado que desprezo tanto a classe política. 

Já em 2005 me manifestava no extinto Comércio do Porto sobre o assunto. Como podem constatar, o problema continua actualizadíssimo, aliás como é costume, em Portugal, desde há muitos anos. Quem  os prende a eles, aos pirómanos do Estado?

 

24 agosto, 2013

RTP, a suástica do centralismo


Ainda estou por saber, exactamente, qual é o papel de um Presidente da República, para além de ser o garante da coesão e da independencia nacional,  e do regular funcionamento das instituições democráticas. Tudo junto, isto deveria resumir muita coisa, mas na prática [que é o que conta], não vale nada de especial.

Vejamos. Não tendo poderes de executivo, o PR tem contudo outro tipo de poderes que apenas dependem da sua vontade, ou consciência cívica. O ponto 3 dos deveres de um PR, diz claramente isto: 

"No plano das relações com a Assembleia da República, o Presidente da República pode dirigir-lhe mensagens, chamando-lhe assim a atenção para qualquer assunto que reclame, no seu entender, uma intervenção do Parlamento. 

Pode ainda convocar extraordinariamente a Assembleia da República, de forma a que esta reúna, para se ocupar de assuntos específicos, fora do seu período normal de funcionamento.

Pode, por fim, dissolver a Assembleia da República com respeito por certos limites temporais e circunstanciais, e ouvidos os partidos nela representados e o Conselho de Estado -, marcando simultaneamente a data das novas eleições parlamentares. A dissolução corresponde, assim, essencialmente, a uma solução para uma crise ou um impasse governativo e parlamentar."

Como vemos, o Presidente tem, estaturiamente, a liberdade de contactar o Parlamento e lhe chamar a atenção para o que bem entender, desde que o assunto possa pôr em causa qualquer dos deveres que jurou defender. No âmbito do regular funcionamento das instituições democráticas, Constituição, órgãos do poder e da justiça, haverá alguma destas que controle e regule efectivamente outros órgãos de influência, como a comunicação social, por exemplo?  Em teoria, isto é, se a resposta apontar para as famosas Altas Autoridades Reguladoras, podemos dizer que existem várias entidades, só que não funcionam de todo. Quem as representa, será naturalmente pago para a função, mas na realidade não a desempenha de forma convincente. Só negam esta evidência os visados, como se compreenderá...

A RTP, a estação de tv que devia representar o Estado, sem o envergonhar, pelo contrário, continua apostada em usar do mais primário sectarismo, e a fazer do canal sustentado por todos os portugueses, um veículo descarado de propaganda clubística ao serviço de Lisboa. E mais uma vez, não vislumbramos da parte das referidas instituições, incluindo a Presidencia da República, qualquer esboço na defesa do mais sagrado dos direitos, que é o respeito pela "saúde" da democracia. Falsear coisas, inverter prioridades, ou viciar dados em democracia, é 1000 vezes mais grave que numa ditadura, porque daí à degeneração numa ditadura pior que a anterior é um passinho muito curto. As ditas instituições de soberania, como Procuradoria Geral, altas autoridades e a própria Presidencia da República, ou andam cegas, ou são incompetentes, ou são desonestas, porque mais uma vez, voltamos a assistir da parte da RTP, a comportamentos "dignos" do terceiro mundo, em termos de rectidão.

A RTP, os seus dirigentes e funcionários comportam-se como um autentico bando de malfeitores dispostos a executarem qualquer trabalho, desde que lhes paguem, ou que lhes preservem o emprego. Nota-se que lá dentro anda instalado o medo, todos sentem que têm de ser a voz do dono. O direito à indignação, à auto-crítica com o serviço prestado, não passa de uma miragem. Os [e as] trabalhadore(a)s, são meros paus mandados que nem os carros topo de gama [de alguns] que conduzem, podem disfarçar. Aquilo é carne para canhão, sem amor nem convicções próprias. Não serei eu quem os apoiará se um destes dias forem para o olho da rua, como alguns já foram, porque dos fracos a história não reza, e eu não me compadeço com rastejantes, de fatos Armani e carteiras Louis Vouitton. Serão sempre gentinha.

Escuso-me a detalhar factos, porque eles são por demais conhecidos dos leitores.  O certo, é que a propaganda que UM CANAL DO ESTADO (sim, sr. Presidente da República), DO ESTADO, anda a fazer arbitrariamente ao Benfica, está paredes meias com o que de pior se fez na Alemanha nazi, de Hitler. Terá porventura também V. Exa., alguma espécie de orgulho com a comparação? Apesar de tudo, de não gostar ouví-lo a proferir essas declarações, prefiro que continue a "orgulhar-se" dos nossos emigrantes...

A verdade, sabe, é que V. Exa., a prosseguir  por esse caminho de corta-fitas, não me faz falta nenhuma, enquanto cidadão. Nem a alguns como eu [que espero sejam cada vez mais].

23 agosto, 2013

E os centralistas de cá e de lá, a assobiar para o lado...


PORTO “É CAPITAL PORTUGUESA DA ARQUITETURA”, DIZ REVISTA ALEMÃ

A revista alemã Häuser dedicou um artigo de oito páginas à cidade do Porto, elegendo-a como o melhor destino para férias na sua última edição. A rubrica "Viagem" caracteriza a cidade do norte como a capital portuguesa da arquitetura, onde o estilo moderno coabita com o estilo barroco.

A publicação de Abril/Maio é ilustrada com imagens do Porto, da autoria do fotógrafo português Fernando Guerra, desde a capa, até ao artigo principal da Häuser. Os edifícios da cidade são o grande destaque da revista especialista em arquitetura e design.

O artigo "Ainda melhor do que o vinho" começa por referir que a cidade à margem do Douro acolhe dois vencedores do Prémio Pritzker: Álvaro Siza Vieira e Eduardo Souto Moura.

O jornalista Ansgar Steinhausen considera a centenária Livraria Lello a "catedral dos livros", que contrasta no seu ambiente com o modernismo arquitetónico do edifício da Casa da Música.

Também a Faculdade de Arquitetura, o Museu Serralves, o Coliseu, a Casa de Chá da Boa Nova, as igrejas e as estações do Metro do Porto são alguns dos principais pontos de interesse considerados pela revista alemã.

"O artigo da Häuser dedicado ao Porto resulta de uma viagem de imprensa que teve o apoio da Associação de Turismo do Porto, no âmbito das várias iniciativas que desenvolve ao longo do ano para a promoção externa deste destino", explica a agência de comunicação portuense PR Wave, no mesmo comunicado.

A Häuser dedica-se à arquitetura e ao design, com 45.000 exemplares por publicação distribuídos em toda a Europa. Os seus artigos focam projetos internacionais de excelência através de artigos explicados com profundidade e com o conhecimento extenso na área.
[fonte: blogue Regionalização]


Nota de RoP:

Sou um tripeiro empedernido. Bairrista, tanto quanto os complexados de Lisboa e do Porto, quiserem que eu seja. 

Embora não resida actualmente no centro do Porto, continuo a gostar da cidade que me viu nascer, como de nenhuma outra. E já conheço algumas, da Europa, América do Sul, Estados Unidos, a África. Residi noutras cidades, tanto no país [incluindo, em Lisboa], como no estrangeiro [Paris,Lille e Nantes], e em outras menos conhecidas. Nem por isso esmoreceu a afeição que me liga à cidade, bem pelo contrário, intensificou-se. Mas não é de agora que nutro este sentimento pelo Porto. Lembro-me do tempo em que comecei a viajar com assiduidade para Lisboa, e de lá para o Porto, quando cumpria o serviço militar, da estranha sensação de pertença e simultaneamente de fascínio, sempre que o comboio começava a reduzir velocidade na aproximação à antiga Ponte D. Maria e a imagem da cidade se mostrava. Parecia falar comigo, parecia saudar-me, parecia querer-me dizer: estou aqui, firme, sólida, sê benvindo à tua terra!

Como vos disse anteriormente, tinha vinte e poucos anos, nessa altura, portanto, qualquer relação entre o meu sentimentalismo e a minha idade actual é pura coincidência. Não se trata de emoções próprias de idades vetustas, mas de algo só sentido por quem conhece o granito, o cheiro da cidade, e a pôde comparar com outras! Só assim se compreende, que, com o empenho e a colaboração das suas gentes - mais no passado recente, do que propriamente no presente -, o Porto continue a receber tantos elogios e distinções, vindas de todo o Mundo. 

Ainda bem que não somos nós a auto-elogiar-nos, nem a implorar ao Mundo que o faça. É o Mundo [ao contrário da capital, que só tem olhos para si], que sabe reconhecer o que é impossível negar. 

Imaginem agora como seria, se tivéssemos tido, nestes últimos 12 anos um Presidente de Câmara empreendedor, que soubesse zelar pela cultura e pela higiene da cidade!  Que desperdício!

 
 

21 agosto, 2013

Sobre a política, e as pessoas

É a minha opinião, e vale o que vale uma opinião. A questão é que, até ao momento, não encontrei opinião melhor, e que é a seguinte: enquanto o regime capitalista, goste-se ou não, continua - como disse Karl Marx - a inspirar-se na exploração do homem pelo homem e nas sociedades de consumo, o comunismo tem realmente uma ideologia, que não sendo perfeita, defende exactamente o contrário, isto é, a desmistificação feudal das sociedades elitistas. 

O grande defeito do regime comunista, como aliás de qualquer outra ideologia política, são os homens, frequentemente incapazes de seguir um ideal sem sucumbirem à sedução que a seguir ao poder os enreda na corrupção, e daí na ditadura. O capitalismo, não é humanista, é negócio puro e duro, de preferência desregrado. Não possui qualquer ideal social. É pragmático com o dinheiro, mas injusto e elitista com a sua distribuição. Não será por acaso que é nos países capitalistas do Norte da Europa mais civilizada, onde os assuntos de ordem social são mais respeitados, que também se vive melhor. Se os governantes e os empresários dos países latinos tivessem a mentalidade dos escandinavos, talvez as coisas fossem um pouco diferentes para melhor. Mas isso, é uma utopia, os latinos são geneticamente avessos à ordem e às questões de justiça social. Os latinos têm uma ideia de justiça e de dever muito individualista, praticamente só se preocupam com esses assuntos quando tal lhes interessa, particularmente.  Isto é um facto.  

Mas há um aspecto que me repugna em certos povos como o nosso, que é não  compreenderem que o presente mais venenoso que um governante lhes pode oferecer, é o elogio. Se há discurso que me enoja, é ouvir um político glorificar a serenidade do povo, ou orgulhar-se dos emigrantes. Mas pior, muito pior, é saber que ainda há muita gente a comover-se com estes piropos. Aí, meus caros, confesso, chego a ter vergonha de me saber português.

A propósito, e como falei de comunismo, vou citar um exemplo que extraí dum livro que estou a reler e que se relaciona com o conformismo e a cobardia de certos povos, neste caso, o russo. O livro chama-se "O Arquipélago de Gulag", fala do regime stalinista, das perseguições, de detenções indiscriminadas, e do medo. O autor [A. Soljenitsine], que também esteve preso e viveu portanto a repressão, sugere-lhe imaginar o seguinte:   "Em pleno dia, a detenção é inevitavelmente um momento breve, que não se repete, em que o levam através da multidão, entre centenas de outros homens, igualmente inocentes e condenados como você. E a sua boca não foi tapada. E você pode e deveria absolutamente GRITAR! Gritar que vai preso! Que há malfeitores disfarçados que andam à caça das pessoas! Que as apanham com base em denúncias falsas! Que uma surda repressão é desencadeada contra milhões de pessoas! E, ouvindo esses gritos, inúmeras vezes durante o dia, e em todas as partes da cidade, talvez que os nossos concidadãos se revelassem! E talvez que as detenções não se tivessem tornado tão fáceis!? 

Sejamos razoáveis, mas não masoquistamente paternalistas. Este pedaço de texto, onde o medo, a indiferença pelo outros é tão flagrante, reporta-se a uma época tenebrosa da história da ex-União Soviética. Havia uma ditadura e a polícia repressiva agia a seu bel prazer para levar sem explicação para a cadeia qualquer pessoa, mesmo que inocente. Em que patamar de valentia teremos de colocar o povo português quando aceita pacificamente a destruição das regalias sociais e a redução de reformas já de si baixas? Quando aceita, ou está disposto a aceitar ser governado por gente que se habituou a mentir-lhes sem lhes pedir garantias? Quando a pretexto da crise, diz que sim a salários cada vez mais reduzidos, sem exigir sacrifícios a quem os impõe? Que povo é este?  Nem as crianças são tão ingénuas. De um povo assim, tenho vergonha.


19 agosto, 2013

Capitalismo, ou liberalismo, chame-lhe o que quiser: é a selva!

Segundo o jornal France Football, Radamel Falcon, ex-goleador que o FCPorto foi buscar há duas épocas [2009/2010, 2010/2011] à Colombia, para ter de o vender ao Atlético de Madrid em Agosto de 2011, por 40 milhões de euros, pode estar na iminência de fazer outro contrato.  Isto, no limite da data de fecho do mercado, como aconteceu, aliás, com outros jogadores e treinadores no FCPorto, e poderá voltar a acontecer também este ano.

São situações cada vez mais recorrentes no mercado de transferências, onde o verdadeiro rosto do capitalismo se mostra, desfazendo qualquer dúvida sobre a moralidade do sistema. Eu nunca as tive, em relação a esta matéria. O capitalismo é um monstro com um corpo só, mas com muitas cabeças, sem pruridos de ordem social, e sobretudo de ordem humanitária.

Para cúmulo dos cúmulos, admitindo que esta notícia possa ter fonte credível, depois de um milionário do Mónaco ter comprado Falcao ao A. Madrid por 60 milhões de euros, sem praticamente ter jogado, agora, é o Real Madrid que se prepara para o rapinar, vá-se lá saber porque preço! Mas o que é isto? Como é possível almejar um Mundo sem guerras nem violência, com estes exemplos? Como?   

A impunidade do erro


A forma como os tribunais têm decidido as recandidaturas de presidentes de câmaras municipais que já cumpriram três mandatos consecutivos evidencia um problema da justiça portuguesa para o qual tenho, desde há vários anos, alertado: os mesmos factos, com as mesmas leis originam, nos nossos tribunais, com demasiada frequência, sentenças diametralmente opostas. Os juízes decidem, afinal, como o faria qualquer vulgar cidadão, ou seja, de acordo com aquilo que pensam, de acordo com a sua idiossincrasia, a sua filosofia de vida, a sua ideologia. Só que um juiz não é um cidadão qualquer; ele é acima de tudo um técnico qualificado que foi preparado para exercer adequadamente a função constitucional de administrar a justiça, o que exige, em primeiro lugar, uma correta interpretação da lei. Infelizmente, isso está muito longe da nossa realidade judicial. O juiz decide de qualquer maneira e, tal como o outro, imediatamente lava as mãos, indiferente às respetivas consequências. Essa desresponsabilização conduziu à pior de todas as situações que é a de as pessoas deixarem de acreditar na administração da justiça e de terem confiança nos tribunais. A justiça portuguesa passou a ser um totoloto: se o meu processo for distribuído a este juiz a sentença será uma, mas se for distribuído àquele a sentença será outra. Em vez de podermos prever a solução jurídica de um litígio com base na lei, teremos de aguardar, na incerteza e na insegurança, a decisão do juiz, pois a lei pouco ou nada vale perante o seu poder funcional. A demagogia sindicalista que se apoderou das magistraturas depois do 25 de Abril conduziu a esta situação.

Dirão alguns que a disparidade de decisões é corrigida pelo mecanismo dos recursos, já que os tribunais superiores acabariam por fazer uma boa administração da justiça, revogando as más decisões e sufragando as boas. Só que a realidade das coisas não é assim. Primeiro porque a maioria das decisões de primeira instância não admite, sequer, recurso, pois, em Portugal, a dignidade de uma pretensão judicial afere-se pelo seu valor económico, o que faz com que as pequenas causas (mas não menos importantes) tenham sempre menos garantias processuais do que as outras. Depois, porque nos tribunais de recurso se passa, demasiadas vezes, o mesmo que na 1.ª instância: os mesmos factos com as mesmas leis originam também acórdãos diametralmente opostos. Além disso, os magistrados têm conseguido do Poder Político restrições legais cada vez maiores a essa garantia de uma boa administração da justiça. Mas mesmo quando um recurso não é impedido diretamente pela lei, ele acaba, muitas vezes, por se tornar impossível na prática dados os seus custos incomportáveis para a generalidade das pessoas. O mínimo que um cidadão terá de pagar, por exemplo, por um recurso para o tribunal constitucional ultrapassa os dois mil euros, a que acrescerão as igualmente usurárias custas dos outros tribunais. Assim, a justiça tornou-se um privilégio apenas de alguns: dos ricos e dos indigentes que beneficiarem do apoio judiciário.

Por outro lado, os magistrados têm combatido de forma quase obscena o direito de recurso, identificando--o quase sempre com as chamadas manobras dilatórias. E, não raro, recorrem às mais descaradas mentiras para levarem a água ao moinho dos seus privilégios corporativos. Para eles, a principal causa dos vergonhosos atrasos na justiça já não é a demora dos magistrados em decidirem, mas sim o facto de os cidadãos recorrerem das suas contraditórias decisões. Devido às reivindicações dos magistrados o direito de recurso deixou, em alguns casos, de ser uma garantia da lei para depender apenas da sua própria vontade. O que acontece em processo civil com a chamada «dupla conforme» (denegação do direito de recurso para o STJ quando a decisão de 2.ª instância confirmar uma decisão de 1.ª instância) é disso um exemplo claro, apesar de não podermos ignorar o elevado número de decisões do STJ que revogava, por má aplicação do direito, decisões confirmadas em 2.ª instância. Em Portugal, o direito de recurso já não é uma garantia da lei, mas sim uma graça concedida pelos magistrados.