27 setembro, 2008

CORREIO DO LEITOR (jn)

De: Renato Oliveira [mailto:renato_oliveira@tele2.pt]
Enviada: sábado, 27 de Setembro de 2008 17:44
Para: 'csantos@jn.pt'Cc: 'leitor@jn.pt'
Assunto: Página do Leitor

PRÊÇOS COMBUSTIVEIS (PROTESTO)


O protesto da DECO contra os preços dos combustíveis, marcado para hoje (27), com
o apelo para que ninguém abasteça a sua viatura, caiu em saco roto !

Os Portugueses têm aquilo que merecem ! Senão vejamos:

Os taxistas que tanto reclamam por causa dos preços dos combustíveis, rejeitaram, pura
e simplesmente, aderir ao protesto de hoje, organizado pela DECO!

Vários automobilistas apanhados a abastecer a viatura, e perante a questão de não aderirem
ao boicote, responderam que não valia a pena porque as Gasolineiras têm a faca e o queijo
na mão. Alguns afirmaram “desconhecer” que havia esse pedido de boicote e outros, ainda,
afirmaram que os portugueses são mesmo assim, reclamam, reclamam, mas na altura de
fazer, esquecem e nada fazem para defender os seus justos e legítimos interesses!

Quer dizer que a maioria concorda com este tipo de acções de protesto, mas quando
Confrontados com a aplicação das acções, dizem que não resulta. AH GRANDE POVO
PORTUGUÊS! SÓ TU!

Parafraseando alguém “Eles falam, falam, falam…… mas não fazem nada”


Renato Oliveira

A "FILOSÓFICA" TEORIA DA MERDA

Caro amigo b):
Aqui vai o meu lado discordante do seu curioso comentário.
Não quero ser fastidioso com os nossos leitores e por isso tentarei ser o mais sintético possível para me fazer entender. Mas desculpem-me, porque nem sempre é possível resumir em poucas palavras o que pensamos e porque pensamos assim e não de outra maneira.
Achei pertinente o comentário do leitor b) - assim se denominou - e como não pude responder-lhe ontem, vou fazê-lo neste momento.
No primeiro parágrafo do seu comentário, o senhor (ou senhora) b), fez uma co-relação muito curiosa e realista entre a SIC e a prostituição. Concordando embora com o diagnóstico, não no todo, mas em grande parte, faltou-lhe acrescentar um elemento: uma ideia terapêutica. Mal comparando, soou como alguém que sabe que está doente e recusa tratar-se porque pensa que sabe o que tem. Algo parecido com isto: "estou doente, fumei e bebi demais, alimentei-me mal, logo, se tenho uma úlcera duodenal, a culpa é só minha, porque não fui capaz de resistir às tentações do "mercado". E não vai ao médico!
Vistas assim as coisas, podem revelar uma invulgar consciência do "eu", um tanto masoquista até, mas demasiadas vezes ausente também. O princípio, não deixa de ser algo introspectivo e responsável, mas pouca valia tem se não tentarmos sobrepor-lhe uma reacção, uma resposta. Tentar, pelo menos... A sociedade é também, o que nós permitimos que ela seja. Por isso, não posso aceitar completamente o diagnóstico aqui traçado pelo nosso amigo b), e porque não há um só culpado. Há vários. No caso caricaturado por b), há um só responsável: o cliente. Eu tenho ideia que há dois: o cliente e a prostituta. Não podemos ilibar a "prostituta" e condenar "o cliente" como se fossem partes de um Mundo diferente, são realidades do mesmo. Ambos são responsáveis.
Descendo agora à terra, ao concreto do tema, não me parece sensato condescendermos com os meios para justificar os fins. Dizermos que a SIC dá "merda" ao povo porque o povo gosta, e a prefere a outras "iguarias", pode até ser um facto, mas é também admitirmos passivamente e com excesso de fatalismo que o estado de embriaguês do povo é algo de irreversível. Experimente-se dar arroz e só arroz a uma criança durante anos a fio sem lhe dar a provar mais nada e vejamos se depois ela gosta de outra coisa. Pergunte a qualquer governante se não sabe que é assim? Eles, melhor do que ninguém o sabem. E Pinto Balsemão, acha que não sabe?
Mas, vamos lá a ver. Não se diz (e eu aceito), que todos somos responsáveis pelo nosso destino? Que o contributo de cada um é importante para consolidar a mudança conjuntural? E o contributo de um ex-primeiro Ministro, não devia ser ainda maior, mais coerente, mais sério, mais exemplar? Estamos disponíveis para branquear estas vulgaridades a pretexto da manutenção da ignorância e das taras (fraquezas) do povo? Não temos todos um dever de encaminhar, sem moralizar? Então, ao menos, tenhamos a seriedade de acabar com todos os valores se já não precisamos de restaurar e renovar os poucos que restam. E que viva a anarquia!
Mas, não me parece que seja isso que o Dr. Pinto Balsemão (e outros como ele) defende quando precisa de vestir a terceira máscara da sua esquisita personalidade, como seja, falar como ex-primeiro Ministro, ou até, como simples chefe de família... Apesar da multifacetada personalidade, reconheçamos que, ainda assim, ele consegue (para muitos papalvos) fazer passar o seu lado de homem "respeitável". E se é verdade (é aqui que concordo consigo) que ainda há papalvos com fartura neste espaço mimíco de país, nós não podemos nem devemos (nem na aparência) integrar esse pelotão, sob pena de um dia nos acusarem também de apreciarmos "merda".
Termino fazendo esta afirmação pública, à laia de resumo: eu não respeito alguns produtos da SIC, mas não respeito de todo, o ex-Ministro Pinto Balsemão.

Belo poema de Nely Araujo

recosta, amor
este teu corpo cansado
de tanto trabalhar...
e ouve este acalanto
que estou a entoar...
e quando teus cílios
já sem controle
quiserem se fechar,
adormece em meus braços
pra teu sono embalar...
neli araujo
(do blogue "e o pensamento voa)

26 setembro, 2008

Resposta do comentarista B) ao meu post sobre P. Balsemão

Compreendo a sua indignação relativamente à qualidade dos programas fornecidos pela cadeia de TV SIC (questão para dizer: "you make me SIC"). Creio, todavia, que falta um elo na sua crónica.

A SIC é uma espécie de prostituta mental: fornece aquilo que os clientes querem ver! Desde que os clientes estejam dispostos a sintonizar os seus receptores na sua cadeia de TV, assim bebendo as toneladas de publicidade escondida que nos vão impindindo e garantindo um negócio de milhões, a SIC fornece. Todos os desejos mais recônditos, mais obscuros, mais negros, mais vergonhosos do espectador, a SIC está disposta a fornecer em termis limpos e descomplexados, sem perguntas nem juízos. Desde que o espectador sintonize, tem o que quer! Aliás, a SIC é uma cadeia que tem feito a sua história a produzir aqueles programas que todos criticam mas que não deixam de ver.

Mas a questão fundamental é a seguinte: de quem é a culpa? Da prostituta que se oferece no meio da estrada ou do cliente que busca os seus serviços? Da prostituta que saceia os desejos ocultos do cliente em troca de bens materiais ou do cliente que procura os seus serviços e está disposto a pagar o preço solicitado?

Naturalmente que a culpa é dos clientes! A SIC limita-se a proporcionar resposta à procura dos espectadores. Convençamo-nos: os espectadores gostam de merda, de degradação e de podridão! Querem ver gente a dizer que tinha relações homosexuais em troca de dinheiro, que bate na mulher, que já traiu o marido, que fez incesto consensual com a filha! Essas pessoas e esses programas são a válvula de escape de toda uma população reprimida sexualmente e moralmente que precisam de ver os outros rastejar para se sentirem bem! A população quer ver isso, quer um bode espiatório, quer uma prostituta que toda a gente critica e em cima de quem toda a gente cospe mas a quem não faltam clientes pela calada da noite, quando ninguém vê.

A ERC não tem nada a ver com o assunto. A ERC não se deve substituir ao Ministério da Educação, que não soube elevar o nível cultural do povo, aos que pais que falharam em dar uma educação superior aos filhos, à sociedade que procura como um todo este género de coisas para expiar os seus próprios pecados. O culpado é o povo que assiste a esses programas e unicamente o povo. Se o povo quisesse documentários sobre a vida dos pinguins do Antártico ou sobre as religiões xamânicas dos Sami, então os concorrentes davam isso e a SIC perdia espectadores.

A SIC é a prostituta e o povo o cliente. De quem é a culpa? Do Polícia que não pode impedir uma actividade legal e que está de giro a velar pela Lei (mas não pelos bons costumes, pois já não vivemos no tempo da PIDE)?

26 de Setembro de 2008 18:41
Nota de Renovar o Porto:
Vou ao Dragão ver se o Jesualdo já afinou a equipa, por isso não tenho tempo para dizer o que penso sobre a opinião deste leitor B). Para já, adianto que em certos aspectos até lhe dou alguma razão, noutros não.

Menina dos olhos de água-Pedro Barroso



O Homem canta muito bem. É lisboeta, bairrista, mas não é faccioso. Ah...quando chegar à parte que fala do Tejo e das fragatas, basta imaginar o Douro e os rabêlos, e a coisa "digere-se" bem, porque é infinitamente mais belo.

FRASE DA SEMANA

"É já tempo de a sociedade civil saltar para a rua e protestar contra esta quase indiferença generalizada do poder (face à criminalidade)."
(D. Manuel Martins ex.bispo de Setúbal à RR)
Eu estenderia o repto ao domínio político, social e económico. Mas, vindas da boca de um clérico, são sempre de louvar as palavras de inconformismo do ex-bispo de Setúbal. Uma lição para muitos cidadãos que, enquando o «dilúvio» não lhes inundar as casas não tiram o rabinho do sofá... Ai, esta sociedade civil, mais as suas crenças economicistas. Será que agora, que até a toda sapiente América está a tremer com a crise económica, finalmente vão descer à terra? Ainda não será desta, palpita-me...

AS TRÊS FACES DE PINTO BALSEMÃO

"Fiquei sem crónica". Foi assim que Graça Franco iniciou o seu artigo no Público de hoje que, por estar reservado aos assinantes do jornal, com muita pena minha não posso aqui reproduzir. Mas valia a pena ler. Não é que o artigo acrescente algo de novo, mas confirma o que escrevi ainda há dias sobre alguns circunstanciais defensores da ética na comunicação social. Só com uma diferença, é que a jornalista (por motivos óbvios) apontou as espingardas para "o guarda fiscal" que é como quem diz, para o Dr. Azeredo Lopes (responsável pela ERC), e eu fiz mira para o Comandante da Guarda, o Dr. Pinto Balsemão!
O que Graça Franco escreveu, com visível indignação, foi uma denúncia explosiva do que de mais ordinário a SIC (do Dr. Pinto Balsemão) continua a produzir em matéria de programas, ditos "recreativos". Eu não vi, nem vou ver, acreditem, mesmo que seja para melhor poder avaliar, porque é inútil. Já sei do que a casa gasta. Mas se vos disser que no referido programa se estimulam e "divertem" as pessoas com perguntas de alto nível moral e cultural, como (reprodução da cronista): "por 250 mil € seria capaz de manter relações homossexuais?". Outras: "já traiu o seu marido?", "já bateu na sua mulher?".
A jornalista não se limitou a "malhar" no lixo que a SIC do Dr. Balsemão sublimamente nos deu, malhou preferencialmente no fiscal (Dr. Azeredo Lopes), que era (como escreveu) a sua última esperança em ver o programa ser repudiado por quem de direito. A senhora jornalista esqueceu-se que hoje os cargos não são para desempenhar, são para ganhar dinheiro, importância, e fazer de conta que se desempenham. Por isso digo que atacou o elo mais fraco. Talvez quem sabe, com receio de vir a perder também o seu emprego...

Adiante. A crónica acaba por ser uma não notícia, todos no fundo concordaremos. Mas o ponto único que me suscita dúvidas sobre essa eventual unanimidade de opinião entre nós é se todos têm na mesma conta o Dr. Pinto Balsemão. A minha é baixíssima, e a vossa?

Se servir para abrir os espíritos mais complacentes, não me custa nada relembrar o que disse recentemente o patrão da SIC numa reunião do European Publishers Council em Helsínquia:

Exemplos de programas de "alta qualidade"? "Mais programas de história natural, documentários pesquisados «de forma adequada», notícias que abordem «assuntos caprichosos» de forma justa e séria, melhores comédias «inovadoras» ... e menos telenovelas, ou «exploração de exibicionistas vulneráveis» [em reality shows]", afirmou o responsável máximo da SIC.

Perante isto, apenas me ocorre levantar esta questão: da tripolar faceta da personalidade de Pinto Balsemão, em qual delas podemos nós acreditar? Na de ex-Primeiro Ministro? Na do mais alto «responsável» de um grupo empresarial de comunicação social privada? Ou, na do declamador de discursos moralistas para estrangeiro impressionar?

Afinal, estaremos nós a falar de uma, ou de três pessoas ao mesmo tempo?

PS-As aspas colocadas («») nalgum do fraseado (a vermelho) de Pinto Balsemão são da minha responsabilidade, porque não faço a mínima ideia o que querem dizer.

Conferência sobre Regionalização

Assisti ontem a uma daquelas conferências destinadas a discutir o ‘sexo dos anjos’, isto é, a Regionalização. Não ouvi novidades. Também, valha a verdade, ninguém estava à espera disso. Mas foi interessante. Foi interessante verificar a descrença que tanto João Cravinho como Vital Moreira, embora não o afirmem directamente, demonstram no futuro de Portugal se persistir o actual modelo de desenvolvimento.

A intervenção que para mim foi mais interessante deveu-se a João Cravinho. Dissertou durante longos minutos sobre a estratégia que ele considera a melhor para Portugal: apostar na metrópole polinucleada que vai de Braga a Setúbal, promover a sua coesão e evitar que a ruptura entre a sua parte norte a parte sul se estabeleça. Segundo ele tanto a região Porto como a região Lisboa deviam “desenvolver-se em simbiose” e formar uma faixa atlântica com 7,5 milhões de pessoas que contrabalance Madrid e se transforme na porta de entrada ocidental da Europa. João Cravinho concluiu também que esta estratégia, infelizmente, foi abandonada em favor duma estratégia de desenvolvimento que se consubstancia no eixo Lisboa – Badajoz - Madrid. João Cravinho está errado. Como bem frisou Carlos Abreu Amorim, na assistência, a estratégia defendida por Cravinho nunca existiu e o modelo que privilegia Lisboa é o único que sempre conhecemos como o adoptado.

É sabido que as elites que em Lisboa dominam o Estado há muito têm o projecto de transformar a sua área metropolitana numa região com “dimensão europeia”. Isto é, transformar Lisboa numa urbe com mais de 5 milhões de habitantes a curto prazo. Para isso não se incomodam em sacrificar o país em prol dos seus interesses. A coesão nacional não os comove e nunca os comoveu. Só nós aqui é que, em nosso prejuízo, continuamos a nos preocupar com isso.

Vital Moreira deu uma aula sobre direito administrativo em volta da Regionalização e a sua intervenção não trouxe novidades de maior com a excepção que afinal ele também é a favor da gestão regionalizada dos aeroportos.

Frases Fortes:

“Em matéria de descentralização a unidade não é o ano mas mais a década”

“O afundamento do Norte é o problema mais grave que o País enfrenta em termos de desenvolvimento”

João Cravinho
--
“A Regionalização depende do PSD”

“Enquanto a Regionalização depender de referendo as possibilidades de êxito são escassas”

Vital Moreira


P.S. – Devido ao adiantado da hora deixei a Conferência no período de debate com a assistência pelo que não assisti à totalidade da troca de opiniões entre a assistência e os conferencistas.

25 setembro, 2008

Os políticos que temos

É sabido o que vale a generalidade dos nossos políticos. Apontar casos concretos pode legitimamente ser considerado "chover no molhado". Acho no entanto que é bom mantermos presente as atitudes de quem nos "representa" naquilo a que se chama uma democracia "representativa".

Numa das últimas reuniões da Assembleia Municipal do Porto foi votada uma moção que exprimia o repúdio pela autorização concedida em Conselho de Ministros, da transferência para Lisboa de verbas do QREN pertencentes à região Norte. A moção foi aprovada por todos os partidos excepto pelo PS, que se absteve.

Uma abstenção, vejo-a como representando uma de duas coisas, ou mesmo as duas simultaneamente.

- Pode ter o significado de desinteresse pela matéria em votação, isto é, o partido não decide se está a favor ou se está contra, porque o assunto não é considerado suficientemente relevante para ser ponderado de modo a originar uma posição.

- Ou pode significar uma indecisão, que dizer, o partido tem dúvidas sobre a bondade do conteúdo da moção.

Será portanto legítimo concluir que o PS - Porto pensa, sobre o roubo de verbas ao Norte para benefício de Lisboa, mais ou menos isto: "não sabemos se essa atitude é ou não reprovável e temos coisas mais importantes para discutir nas nossas estruturas".

Considero vergonhosa esta abstenção, desclassificando para sempre os políticos responsáveis por esta aberração. O que eles fizeram foi defender o "tacho" ao não quererem contrariar os donos do partido com um voto contra o governo. Como habitualmente, venderam a sua honra por um prato, não de lentilhas, que já não satisfaz, mas certamente de suculenta carne.

No fundo, o que mais me entristeceu é ver mais uma confirmação da impossibilidade de termos a regionalização a curto prazo, na medida em que acredito que para a sua implementação é necessária uma frente comum de todos, políticos e não políticos. Sem unidade não vamos a lado nenhum, pois só assim poderemos vergar o governo, seja qual for a sua cor. Nenhum deles vai querer partilhar poderes voluntariamente, aceitando a regionalização, por muito que proclamem o contrário.

Continuo à espera do "meu" D.Sebastião: um lider que crie um partido de base regional. Haja paciência para esperar!

24 setembro, 2008

Indignação cega e surda

Clicar sobre a imagem para ler

Bem estariam os cidadãos se pudessem confiar nos neo-profissionais da política, mesmo quando, por circunstancial casualidade, concordam com eles. O problema é que, o facto de concordarmos com o que pensam num determinado momento os políticos, não significa que eles estejam a concordar connosco ou com aquilo que realmente nos interessa. Eles estão noutra galáxia, eles não falam para os cidadãos mesmo quando parecem falar, falam para outras "estrelas", para o partido ou contra a oposição em busca de protagonismo e poder. O único período da vida em que se aproximam fisicamente do povo, é durante as campanhas eleitorais. Aí sim, é vê-los com a «lata» que Deus lhes deu, sorridentes e beijoqueiros em tudo quanto é feira e mercado. É aí que a sua crónica hipocrisia atinge o ponto mais alto, o climax!

Exemplificando. Estaríamos todos de acordo com as críticas que Pacheco Pereira fez à RTP e à cumplicidade propagandista que esta mantém com Sócrates no folclore do computador Magalhães oferecido aos meninos das escolas, se não fosse ele o mensageiro. Assim, só podemos concordar com o conteúdo, mas nem tanto com idoneidade do transmissor da mensagem. E passo a explicar porquê.

É que, aquilo que agora Pacheco Pereira considera escandaloso em sede de informação e o respectivo tratamento indecoroso dado por parte da RTP ao Governo, é bem menos que o sectarismo «informativo» centralista que tem sido impingido aos portuenses em todos os canais, incluindo no canal da "sua" amadrinhada SIC durante dezenas de anos! Destes escândalos, não se lembra de falar Pacheco Pereira! Alguma vez, o viram ou ouviram inquietar-se com o tratamento abaixo de cão que todos os governos têm dado ao Porto, à «sua» cidade? Alguma vez este «intelectual» pedante e político improdutivo, falou como só sabe falar, quem sente e vive o Porto? Zero!

Causa-me calafrios quando (eles) dizem que os políticos são cidadãos como os demais, com todo o direito de emitirem as suas opiniões. Não só discordo, como repudio tal ideia. Em primeiro lugar, porque os políticos (PqT) dispõem quotidianamente de um argumento que o comum cidadão não tem, que se chama Poder. E em segundo lugar porque, exactamente por beneficiarem do Poder são também quem mais meios e oportunidades têm para opinar em tudo quanto é espaço mediático. E até são pagos para isso! Há ainda uma terceira razão, que a força dos maus hábitos faz esquecer (mas que convém lembrar) e que devia ser naturalmente a primeira: é que os políticos, em democracia, são os representantes do povo apenas para desenvolverem políticas que visem melhorar o seu bem estar social e económico, não para serem remunerados em debates e conferências. Ponto.

Como cidadão, a único discurso político que me interessa ouvir é a consequência directa que ele poderá ter (ou não) na vida das pessoas.

Humilhações

A propósito desta central de ondas, Helena Matos republicou hoje no Blasfemias o que escreveu no Público em Novembro de 2007. Vale a pena ler e tirar algumas conclusões. Aliás, esta história faz lembrar também toda esta palhaçada das declarações contraditórias de Mário Lino e a sua secretária de estado sobre a segunda fase do Metro e o incumprimento do protocolo com as autarquias por parte do Governo. Não acham humilhante o Porto estar refém de um ministro anedótico como o senhor Mário Lino?

Em Agosto de 2005 o ministro Mário Lino assinou, no Porto, um protocolo que “visa o aproveitamento das ondas do mar para a produção de energia, no molhe norte da barra do Douro”. Segundo os jornais, o ministro mostrara-se rendido ao projecto que implicaria um investimento de 2,8 milhões de euros. E nos meses seguintes a central foi existindo nas notícias. Ganhou até nome próprio: CEODouroUm ano depois, em Dezembro de 2006, era aberto aos interessados o “Contrato de fornecimento dos equipamentos da Central de Energia das Ondas da Foz do Douro“. Vieram apoios para a central das ondas do Douro através da Agência de Inovação. A central não existia mas singrava no mundo dos papéis.Contudo em 2007 começou a esmorecer antes sequer de se ter acendido a luz deste “farol da tecnologia”, como lhe chamou um dos administradores duma das empresas envolvidas no projecto. Em meados de 2007 começa a perceber-se que o processo burocrático que rodeava a central caminhava a um ritmo muito menor que as obras que entretanto estão a ser feitas nos molhes do Douro.Na Assembleia da República, o grupo parlamentar do PCP apresentou um requerimento aos ministérios das Obras Públicas e Economia sobre a central das ondas do Douro. Apesar de tudo talvez ainda houvesse futuro para a dita central: em Junho de 2007 ficámos a saber que técnicos chilenos se tinham deslocado a Portugal para “recolher informações sobre o projecto e a construção da central da foz do Douro”. Optimista, o Diário Económico reproduzia declarações de responsáveis portugueses que concluíam que estávamos perante “uma oportunidade para as empresas envolvidas na central da foz do Douro estabelecerem uma parceria para o desenvolvimento de um protótipo conjunto” com os chilenos.Em Outubro a central virtual deixou de existir. Porquê? Simplesmente porque a burocracia não deixou. Segundo declarou o Instituto Portuário e Marítimo (IPM) ao jornal O Primeiro de Janeiro: “Trata-se de um projecto muito específico e complexo (…) que exigiria uma articulação muito rigorosa entre as duas obras, implicando uma definição atempada das suas interacções mútuas, para que não se verificassem atrasos e sobrecustos.”Por outras palavras, as dezenas de técnicos, directores-gerais e presidentes de vários institutos e ministérios não conseguiram articular entre si as obras dos molhes do Douro e da central das ondas. E o que é espantoso é que o IPM confessa que se desistiu porque não conseguiram fazer uma articulação “muito rigorosa entre as duas obras”. Ou seja, o rigor é aos olhos destes senhores algo de excepcional e inatingível.

Helena Matos
*PÚBLICO, NOVEMBRO 2007

Conferência sobre Regionalização

O ciclo de Conferências dedicado ao tema "Regionalização: uma vantagem para Portugal?", promovido pela Câmara Municipal do Porto, continua nos próximos meses.
Depois do sucesso alcançado em Junho e Julho, onde foram discutidos os aspectos económico e financeiro da regionalização, este debate continua agora sob novas ópticas.
Nesse sentido, tenho o gosto de convidar V. Ex.ª a participar no próximo debate, no dia 25 de Setembro, pelas 21h15, que terá lugar no Auditório da Biblioteca Almeida Garrett.

Atribuições e competências

João Cravinho / Vital Moreira

Rui Rio Presidente da Câmara Municipal do Porto

Veja aqui o programa completo.

A entrada é livre.

P.S. - Isto vale o que vale mas eu vou assistir. Mais alguém vai?

NOVO BLOGUE SOBRE A NOSSA CIDADE

Confrange-me demais a velocidade a que o velho casario da cidade do Porto está a degradar-se. Há momentos, em que me sinto numa cidade fantasma, destruída e abandonada por uma qualquer epidemia ou guerra. Mal posso imaginar o que os turistas que nos visitam dirão do Porto quando chegam às suas terras e falam com a família e os amigos. Alguns comentários já pude ouvir de viva voz, e a "tecla", é sempre a mesma: "é uma cidade linda, mas muito mal conservada e suja!".
CLICAR SOBRE O TÍTULO DO POST PARA ACEDER AO BLOGUE.

23 setembro, 2008

Partiu um grande empresário e um grande portista!

Adolfo Roque ajudou a criar um dos maiores fabricantes de revestimentos e pavimentos cerâmicos. Já não dirigia a empresa desde 2006

Adolfo Roque, um dos fundadores da Revigrés, morreu ontem, aos 73 anos, nos Hospitais da Universidade de Coimbra, vítima de doença prolongada. Conhecido como o "senhor Revigrés", anunciou a sua retirada da presidência da empresa em Março de 2006, para se dedicar a tempo inteiro a obras sociais e cívicas. A mudança concretizou-se um ano depois, com a adopção de um novo modelo de governação da companhia de Barrô, em Águeda, hoje um dos maiores fabricantes portugueses de revestimentos e pavimentos cerâmicos.

Numa entrevista anterior ao PÚBLICO, José Manuel Cerqueira, actual director-geral da empresa, afirmava que Adolfo Roque era "um homem especial, de uma intuição extraordinária, que dispensa as formas de gestão dos livros". Apesar de se ter retirado da liderança, continuava a ajudar a Revigrés, sempre que solicitado, deslocando-se ao estrangeiro, por exemplo, para compra de equipamentos. Licenciado em Engenharia de Minas na Universidade do Porto, Adolfo Roque começou a trabalhar em 1962 na Companhia de Diamantes de Angola. Já em Portugal, passou pela direcção de recursos humanos da General Motors, pela direcção de produção das tintas Dyrup, ao mesmo tempo que terminava o curso de Economia.

Em 1977 junta-se a onze sócios, cria a Revigrés e, apesar de deter apenas 18 por cento do capital, depressa se assume como rosto emblemático da empresa. O patrocínio, desde os anos oitenta, ao Futebol Clube do Porto (onde era presidente do conselho fiscal) traz notoriedade internacional à companhia - a primeira em Portugal a patrocinar um clube de futebol da 1.ª Divisão. Foi director da Associação Industrial Portuense.

Com um estilo "duro e agressivo" de gestão, Adolfo Roque tinha como herói de ficção favorito Sandokan e admirava Margareth Thatcher. Lealdade e frontalidade eram as qualidades que mais valorizava nos amigos. Aconselhava os jovens gestores a "ouvir todos, mas decidir sozinho". E a escolher bem os recursos humanos. "Costumo afirmar que os bons colaboradores, mesmo sendo caros, são sempre económicos. Os fracos, por vezes, até de borla são caros", disse à revista Exame.

No último ano em que esteve à frente dos destinos da Revigrés, em 2006, a empresa facturou 42 milhões de euros e obteve um lucro de 4,3 milhões de euros. As placas de revestimento cerâmico vidrado e de revestimento e pavimento em grés porcelânico estão hoje em todo o mundo, desde os estúdios da BBC, em Londres, ao aeroporto de Moscovo ou ao estádio de futebol de Macau. A Revigrés é a única empresa de cerâmica citada no livro The Best of 180 produtos de desing português.

Segundo a agência Lusa, o funeral de Adolfo Roque está marcado para hoje às 18 horas, em Barrô, terra natal do empresário.
(Ana Rute Silva, in Público)

Nota:

Por volta dos anos 80, contactei, na região de Águeda (Barrô, fica aí), imensas pessoas, de muitas empresas locais, ligadas à indústria das bicicletas e motociclos (e outras). Todas, me falaram bem dele! Deu emprego a muita gentinha! Era um homem querido na região.

O Renovar o Porto apresenta à família e amigos de Adolfo Roque sentidas condolências.

RESPOSTA AO OLHAR INTROSPECTIVO DE RUI FARINAS

1 - Lixar-nos! Disse bem, caro Rui Farinas. Nem a figura de vendedor de equipamento informático que Sócrates anda a fazer com o computador Magalhães, na tentativa (desesperada) de vender um produto que não é seu (os votos podem vir a ser), o livra da fama de péssimo pagador de promessas. Chega a ser uma provocação ouvir este homem gabar-se das migalhas que esporadicamente por aqui vai deixando e falar delas como se tivesse descoberto diamantes. Com mais esta nega dada ao Norte com perda da base da Ryanair no ASC e com a sua deslocação para Barcelona, Sócrates deu uma "preciosa" machadada na já moribunda economia da região. De facto, lixou-nos (para não aplicar uma palavra mais forte)!
2- Como pode haver dúvidas sobre isso, se por aqui os políticos da esfera do governo e da oposição, estão é preocupados com os lugares nos partidos e nas respectivas carreiras? Até a putativa candidata do PS à Câmara Municipal do Porto, Elisa Ferreira, caso seja eleita, parece estar com vontade de acumular o cargo de deputada no Parlamento Europeu (que já ocupa) com o de Presidente da Câmara. Com tanto que há por realizar no Porto, desde que Rui Rio é Presidente, não me parecem muito felizes e de bom augúrio, as intenções desta senhora, de quem, aliás, tenho boa impressão.
3- A esse propósito, e objectivamente no que respeita à malha urbana da zona histórica do Porto, decidi criar um novo blogue (http://ascasasdoporto.blogspot.com), para denunciar o estado decrépito das casas antigas da cidade. Para o efeito, publicarei regularmente fotos das casas que me pareçam mais interessantes a nível arquitectónico (embora não seja um experto na matéria) e daquelas que, não o sendo, preservem a traça histórica da arquitectura da cidade ou estejam degradadas. Mesmo assim, tenho sérias dúvidas que isso possa bastar para acabar com o masoquismo de alguns portuenses. A mim, parece-me mais sado-masoquismo, ou desamor, sei lá...
4- Bem, sobre isto, serei mais sintético e pragmático. O termo vigarice, como todos os outros do léxico português, existe para ser usado, de preferência com aplicações justas e claras. Se não é vigarice aquilo a que o amigo Farinas chama "falta de pudor", o que é então?
5 - Sobre este assunto respondi por "antecipação", aqui.
6 - A postura dele em campo diz alguma coisa. A mão demasiado tempo no queixo em pleno treino, ar frequentemente preocupado, uma certa subserviência no modo como reage quando substitui um jogador (à laia de: desculpa lá pá, não leves a mal!). As conversinhas de orelha com os jogadores, sinceramente, não podem ser sinais de quem está muito seguro de si, mas também não quero extrapolar e abusar dos meus "dotes" de psicólogo, que não sou nem pretendo ser. Neste ponto, o que eu quero é mesmo enganar-me.
7 - Concordo consigo. A minha esperança é que, para o mal e para o bem, estamos integrados na União Europeia. Por lá a Justiça também não é famosa, mas sempre está muitos furos acima da destes inaptos. Terá de ser lá que Pinto da Costa verá feita justiça. Aqui (ou melhor, em Lisboa) a Justiça está completamente contaminada.
8 - Idem, idem, aspas, aspas.

CORREIO DO LEITOR

De: Renato Oliveira [mailto:renato_oliveira@tele2.pt]
Enviada: segunda-feira, 22 de Setembro de 2008 22:51
Assunto: FW: Página do Leitor

A MENTIRA

Irradiando Narcisismo, José Sócrates e o seu governo, apesar da realidade nua e crua dos
desconcertantes indicadores económicos e sociais, vem sempre anunciar maravilhas e
que Portugal está no bom caminho, quando o que se passa é precisamente o contrário,
com os índices de pessimismo a nunca serem tão altos neste pobre País!

Como se já não bastasse todos os males que foram feitos aos portugueses (aumento dos
Impostos, aumento do desemprego, fecho de hospitais e maternidades, retirada de benefícios
aos trabalhadores e pensionistas, etc.etc.), ao arrepio do que foi prometido durante a campanha
eleitoral, por José Sócrates. Vem agora o seu ex-ministro da saúde, Dr.Correia de Campos,
afirmar que “A razão mais importante para o alargamento das taxas moderadoras ao
internamento e à cirurgia do ambulatório não foi, nem o objectivo moderador, nem o objectivo
financiador, mas sim uma preparação da opinião pública para a eventualidade de todo o
sistema de financiamento ter de ser alterado, caso as medidas de boa gestão adoptado no
S.N.S. não se revelassem suficientes”!

Temos, portanto, mais uma mentira a que o Dr.Correia de Campos, reconhece! E que tem
sido uma constante neste governo!

Portugueses reajam inteligentemente mesmo a um tratamento não inteligente!


Renato Oliveira
Porto

22 setembro, 2008

Um olhar retrospectivo

Permito-me um olhar retrospectivo sobre as três últimas semanas em que faltei com a minha presença neste espaço de opinião. Que novidades ocorreram? Vejamos.

1 - A Ryanair desistiu da sua base no ASC e vai fazê-la em Barcelona. Incalculável prejuizo para a nossa cidade e para a nossa região. Parabéns ao governo que, através da ANA, conseguiu aquilo que queria: lixar-nos. Não vejo outra motivação.

2 - Ainda acerca do ASC. Persiste o silêncio do governo sobre a gestão autonomizada do aeroporto. Alguém duvida que vamos ser lixados outra vez?

3 - A Câmara do Dr.Rio continua as suas trapalhadas. Agora é a propósito do Bolhão. É o que dão o autísmo, a prepotência e a incompetência: além do atraso na solução de um problema, há o risco de pagamento de enorme indemnização. Esta Câmara do Dr.Rio consegue a proeza de, para além de ter a cidade em completo imobilismo através de uma administração mais que cinzenta, meter-se em alhadas que podem custar caro. Já não bastava o caso dos terrenos do Parque da Cidade? Fico aguardando com muita curiosidade as próximas eleições autárquicas para saber até onde vai o masoquismo dos eleitores do Porto.

4 - A falta de pudor do governo atingiu novos limites. O Metro do Porto foi vítima de burla. Leu-se nos jornais que esta sociedade fez um acordo em que cedia o controle accionista ao governo, contra a promessa de este providenciar a ampliação da rede, com determinados limites temporais. Vem agora o governo dizer que não tem dinheiro para cumprir os compromissos que tomou. Não seria caso de cadeia?

5 - O petróleo sobe, a gasolina sobe acentuadamente. O petróleo baixa, a gasolina hesita em descer uns míseros dois cêntimos. O governo diz que faz e acontece. Todos muito machos. Faz que faz e nada acontece. A escandalosa protecção ao racket dos ultra poderosos continua.

6 - No campo de futebol lamento verificar que parece confirmar-se a desconfiança que sempre tive em relação a JF. Pode saber muito de futebol, mas isso está ao alcance de quem leia os livros necessários. Para mim, JF não é um condutor de homens, não conseguiu o controle do seu plantel nem o sabe motivar, e como tal não serve para um clube como o FCP. Temo um vexame em Londres na próxima semana, e receio bem que, a continuar assim, o tetra seja uma miragem. Sinceramente espero que esteja totalmente enganado.

7 - Pinto da Costa ilibado na Relação do Porto. Ainda há elementos sãos na justiça portuguesa? Segue-se mais uma prova: o Supremo Tribunal de Justiça. Receio os miasmas tóxicos provenientes da PGR, pelo que tenho muitas dúvidas quanto ao teor do acórdão final.

8 - Em resumo, sempre a mesma choldra, como diria o Eça. Ou melhor, algo de novo. Refiro-me à iniciativa do Alexandre Ferreira com a sua tentativa da criação de uma associação de cidadãos do Porto interessados em discutir o que fazer para sairmos da "apagada e vil tristeza" em que vivemos. Tive o gosto de ter estado presente na reunião inicial e tenciono continuar a comparecer. Força Arquitecto, não desanime.

OS APLAUSOS VERSUS ASSOBIOS


Hoje é segunda-feira, dia de dar um pouco de tempo e espaço ao futebol. Há quem não goste, mas há muito mais quem goste. Como a maioria (dizem os especialistas da democracia), tem sempre razão (eu não concordo muito, mas enfim), hoje vou satisfazer-lhes o ego e aproveitar para opinar, não especialmente sobre o jogo de ontem e de 4ª. feira, mas sobre o treinador Jesualdo Ferreira.
Quando um treinador termina e vence um campeonato com 20 pontos de avanço sobre o 2º. classificado, depois de ter assistido às mais infames conspirações, contra o clube de que é treinador e o seu Presidente, é quase uma aberração apontar-lhe o dedo da crítica mesmo que seja só com o mindinho. Quase... Porque Jesualdo Ferreira é uma espécie ambivalente de manager que vence mas não convence. Mesmo com vinte 20 pontos de bónus a seu favor! É verdade!
Táticas
e técnicas à parte, creio que aquilo que mais intriga os portistas em Jesualdo, é a mania que tem de falar dos jogadores e dos jogos da equipa como se fosse um simples adepto ou nada tivesse a ver com eles. É preciso, antes que seja tarde, que Jesualdo interiorize bem o princípio de que o primeiro responsável pela produção do jogo e pelos resultados da equipa que comanda, é ele. Só depois, vêm os demais treinadores-adjuntos e os jogadores. Se os jogadores não cumprem com aquilo que lhes ensina, então é porque, ou não lhes consegue passar a mensagem, ou se consegue, é porque não é a mensagem adequada.
É preciso também não esquecer que o tempo do amor à camisola já passou. Os jogadores, como todos os elementos da equipa técnica, são principescamente pagos em relação à maioria das pessoas que pagam cotas e bilhetes para os ver jogar (alguns até com muitas dificuldades). Por isso, não alinho no discurso proteccionista de que os espectadores não devem assobiar. E por que não se os assobios forem merecidos? Até nesta matéria é importante saber distinguir as coisas. O exagero é a mais pertinente.
Uma coisa, são aqueles adeptos frenéticos e hipersensíveis que, ainda mal começou o jogo e já estão a vociferar impropérios absolutamente extemporâneos e patéticos. Esses, eu condeno totalmente, e se estiver perto deles até lhe peço para se calarem. Outra coisa bem diferente, é vermos uma equipa fazer 20 minutos de futebol de alta qualidade, marcar dois golos fantásticos e, a partir daí desaparecer completamente do jogo deixando a massa associativa à beira de um ataque de nervos! Isto aconteceu quarta-feira passada e eu vi, lá no belo Dragão! E, repetiu-se ontem com o Rio Ave! E ninguém é de ferro, bolas! Eu não assobiei, mas juro que não pensei coisas boas da equipa! E do treinador...
Mas não é apenas isso que é condenável. Há outros tiques de alguns adeptos, não tão desagradáveis, mas absolutamente contraproducentes, que é aplaudir os jogadores quando passam a bola para trás ou a atiram para fora quando ela ainda está em condições de ser jogada de forma construtiva. Não é isto que vemos aplaudir em Inglaterra ou em Espanha! Aí aplaude-se sobretudo o jogo construtivo e inteligente. O espectáculo. Nós somos latinos, e os espanhóis o que são? Deixemos de ser complacentes com a mediocridade. Já não nos chega a política nacional?
Vamos lá ver se percebemos esta coisa singela que alguns "experts" e comentadores desportivos parecem olvidar: o aplauso no futebol, como em qualquer espectáculo ao vivo onde há espectadores e actores, é a mensagem que o público envia a estes últimos para lhes dizer: "bravo, estamos a gostar, belo espectáculo, estamos connvôsco, damos por bem empregue o tempo que aqui passamos, vocês merecem o que ganham!". Os assobios, têm a mesma legitimidade, só que com um significado contrário. É bom não esquecermos que o fundamental é a seriedade e a pertinencia com que aplaudimos, ou assobiamos. Se assim fizermos, os jogadores acabam por perceber. Eles são pagos para isso, e são homens de barba rija. Tratá-los com "mimo" (como já ouvi alguns), como se de criancinhas pré-adolescentes se tratasse, pode significar estragá-los. Isto claro, salvaguardando aqueles casos particulares de assimilação de um jogador muito jovem num grupo de adultos.
Há ainda outros mitos a destruir, e um deles são os opinon maker. É, por exemplo, não levarmos demasiado a sério o que dizem alguns comentadores da "redondinha". Às vezes há outros «interesses» por detrás de tanto proteccionismo aos jogadores...
Quanto ao resto, os portistas não têm razão para se enervarem, a procissão ainda vai no adro, que é como quem diz: o campeonato ainda agora começou. Mas ... vale mais prevenir.

Links e comentários

"Não havia necessidade…" de deter Pinto da Costa a)

Batalhas socialistas b)


a) - A leitura deste artigo não oferece a menor dúvida (a quem ainda possa tê-las) quanto à posição despropositada e sectária do grupo de Procuradores centralistas afectos à clã Pinto Monteiro/Maria José Morgado, que tudo têm feito para humilhar e prejudicar Pinto da Costa. O que eles fizeram (e continuam a fazer) não tem nada a ver com investigação e muito menos com justiça. Tem a ver com uma coisa mais parecida com perseguição, exibicionismo e troféus de caça. Por isso, considero pequena a indemnização atribuída a PdC. É uma vergonha!
Não sei quantos mais manifestos de incompetência e falta de categoria serão precisos para exigir a demissão imediata destes magistrados. Mais: não sei de que estará à espera o Governo para investigar seriamente a acção e o tipo de relações ou mesmo eventuais lobbys entre estes dois (já) sinistros personagens.
b) -
Como já o dei a entender, não me parece que Pedro Baptista tenha grandes chances de ganhar a distrital do PS ao hiper-desqualificado e carreirista Renato Sampaio. É assim a vida. Os oportunistas vingam, a frontalidade assusta...
Pode ser uma óptima oportunidade para Pedro Baptista perceber definitivamente que o Partido Socialista (como o PSD), já não são partidos credíveis, já não são instituições destinadas à coisa pública, são agências de emprego e de sociedades de compadrios. Não sendo isso que Pedro Baptista procura, não vejo porque insistir em ressuscitar um morto.