27 março, 2008

"OS SUAVES MILAGRES POLÍTICOS"

Extraído do JN
Por outras, palavras,
de Manuel António Pina

Começou a campanha eleitoral. Não há ainda listas nem candidatos, mas o tiro de partida já foi dado o IVA descerá 1% a partir de Julho.

Se bem me lembro, ainda há 12 dias Sócrates dizia em Bruxelas que era "leviano e irresponsável" falar em baixar os impostos. Será que Sócrates, há 12 dias, ainda não tinha ideia nenhuma sobre o facto de o défice de 2007 ter ficado abaixo da meta dos 3,4% nem sobre os dados da economia relativos aos primeiros meses deste ano? E por que é que, estando as contas públicas agora muito melhor do que estavam em 2005 (situação que justificou a quebra da promessa eleitoral de não aumentar os impostos), o IVA não desce desde já para os níveis de 2005?

É óbvio, no entanto, que descerá mais um pontito com o aproximar da data mágica ("Veremos para o ano", já foi dizendo Sócrates), e que, no OE de 2009, será provavelmente a vez do IRC e do IRS.

Entretanto, na Educação, na Saúde, na Justiça, as políticas tornar-se-ão, por suave milagre, mais dialogantes, a ministra da Educação adiará algumas medidas mais afrontosas (afinal de contas, os professores representam 140 mil votos) e sorrirá cada vez mais e o das Finanças descobrirá finalmente que a crise orçamental está ultrapassada. O azar dos portugueses é não haver eleições todos os anos.


Meu comentário:

Embora não contenha nada que todos nós já não saibamos, não resisti a publicar, na íntegra, este artigo de Manuel A. Pina.

Depois de o ler, pus-me a pensar, se não seria pelo menos mais honesto, propôr ao Ministério da Educação, a criação de uma nova disciplina para o ensino primário, ou mesmo pré-escolar, com o nome (por exemplo) de "Ciências da Hipocrisia".

Não é que simpatize com a ideia, pelo contrário, desgosta-me. Mas, apesar disso, a nova aula teria a "vantagem" de proporcionar às criancinhas - que serão os homens e mulheres de amanhã - uma precoce aprendizagem na arte de bem-enganar-a-todo-o-povo.

Depois, ficavam desde muito cedo a saber, que a desonestidade é afinal uma "virtude" a desenvolver, ao contrário do que os nossos pais e professores nos andaram a dizer desde pequeninos.

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