28 março, 2008

Notas Soltas

1 - Parece ser consenso geral que os responsáveis em caso de atropelamento de peões, são os automobilistas, mas se fizermos uma observação atenta do que se passa à nossa volta (e à nossa frente!) quando percorremos as artérias desta cidade, chegamos à conclusão que grande número de peões não sabe atravessar uma rua. Já nem me refiro aos que o fazem em qualquer local, com o trânsito a correr, numa atitude de inconsciência suicida. Falo dos que utilizam as passadeiras, podendo caracterizá-los em vários tipos.

- Há os que transformam as "passadeiras" em "passeadeiras" , percorrendo-as tão devagar como se estivessem a passear num jardim.
- Há os que pensam que as passadeiras os protegem miraculosamente de qualquer acidente, e então atravessam sem verificar se o podem fazer sem perigo.
- Há um sub-tipo que até olha, mas pensa que os veículos param instantaneamente e então atravessa quando já não há possibilidade de travagem.
- Há enfim outro tipo, o mais perigoso e, pelo que tenho visto, mais comum do que se poderia pensar, que acha que tem prioridade nas passadeiras em que há semáforo, mesmo quando este esteja vermelho para os peões e verde para os veículos.

É por isso que quando leio uma notícia de atropelamento numa passadeira, não concluo logo que indiscutivelmente a culpa é do automobilista. Pode não ser.

2 - Um vulgar anúncio de concurso público das Estradas de Portugal ao qual deitei um olhar distraído, veio avivar, se preciso fosse, o meu sentir anti-centralista. Trata-se de uma obra menor de engenharia consistindo na reparação de uma ponte. O que me chamou atenção foi o facto dela se localizar bem a norte, no concelho de Terras de Bouro, mas no entanto a abertura das propostas terá lugar na sede da E.P. em Almada. Desnecessário focar o abuso que é obrigar os candidatos do Norte a fazerem 700 ou mais quilómetros para assistir a um acto administrativo, não obrigatório é certo, mas que é do interesse dos concorrentes estar presente. Não haveria com certeza dificuldades administrativas insuperáveis para que o acto fosse feito algures na região onde a obra se localiza. Simplesmente o poder central está-se nas tintas, ou então procura deliberadamente favorecer os empreiteiros da região de Lisboa e
Vale do Tejo.

Por muita insignificância que este caso assuma, é no entanto bem revelador do descaso com que os colonizadores de Lisboa tratam os súbditos provincianos.

2 comentários:

  1. Inteiramente de acordo.
    Há outro assunto não menos procupante, que tem a ver com a circulação de ciclistas e que até hoje não vi ninguém discutir.
    No centro do Porto, pelas características do terreno pouco plano o problema quase não se põe e os ciclistas quase não existem, mas na Foz e na Senhora da Hora por exemplo,já é mais sério, e tem a ver com a completa falta de respeito dos ciclistas para com os peões. É frequente vê-los a circular nos passseios públicos misturando-se com as pessoas sujeitos a atropelarem-nas, a rodarem em sentido proibido e a atravessarem as passadeiras destinadas aos peões em cima das bicicletas. Eu mesmo, fui atropelado por um que ia ultrapassar-me no passeio no momento em que me desviava de um buraco para o mesmo lado por onde decidiu fazê-lo.
    Desde que na Foz, foi construída a ciclovia ao lado do passeio, as pessoas que circulam em bicicleta devem ter (mal) assimilado a ideia que o podem fazer em todos os passeios públicos normais.
    O problema maior (como de costume), é que as autoridades 'competentes' não reprimem este tipo de comportamentos e muito menos informam as pessoas para esse tipo de infracções.
    Dá-me ideia que no dia em que houver um acidente com gravidade, aí talvez se comece a pensar em fazer qualquer coisa...

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  2. " O que me chamou atenção foi o facto dela se localizar bem a norte, no concelho de Terras de Bouro, mas no entanto a abertura das propostas terá lugar na sede da E.P. em Almada. Desnecessário focar o abuso que é obrigar os candidatos do Norte a fazerem 700 ou mais quilómetros para assistir a um acto administrativo, não obrigatório é certo, mas que é do interesse dos concorrentes estar presente."
    Meu caro, estamos a falar do Ministério das Obras Públicas, do Ministro "Jamé" o maior centralista do Governo.
    Um abraço

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