07 fevereiro, 2009

A petição do JN e a minha opinião

Não calem o JN www.petitiononline.com
— Assunto: Pelo JN
Não calem o JN Petição pela preservação da identidade do Jornal de Notícias (clicar no link)http://www.petitiononline.com/pelojn/petition.htmlTo:
Toda a sociedade portuguesa Manifesto pelo último grande jornal da cidade do Porto
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Há um só jornal de dimensão nacional sedeado fora de Lisboa, o "Jornal de Notícias", resistente último à razia que o tempo e as opções de gestão fizeram na Imprensa da cidade do Porto. Todavia, nunca a precariedade dessa sobrevivência foi tão notória como hoje, sendo tempo de todas as forças vivas da sociedade reclamarem contra o definhamento da identidade de uma instituição centenária que sempre as representou, passo primeiro para a efectiva e irreversível extinção.
Desde sempre duramente penalizado pela integração em grupos de Comunicação Social, pois sempre foi impedido de viver à medida das audiências e dos resultados, o "Jornal de Notícias" tende a ser profundamente descaracterizado pela remodelação que o Grupo Controlinveste encetou, ao lançar um processo de despedimento colectivo que afectou, para já, 122 pessoas em quatro dos títulos de que é proprietário.São cada vez mais nítidos os indícios de que o referido grupo económico está a usar a crise para levar a cabo uma reestruturação, longamente pensada, que, através da criação de sinergias, destruirá a identidade dos dois jornais centenários de que é proprietário: o JN e o "Diário de Notícias".
Se o processo não for travado, os dois jornais, mesmo que mantenham cabeçalhos diferenciados, serão apenas suportes de conteúdos sem alma. A ideia não é nova e, com a concentração dos media e com alterações legislativas feitas à medida, está em pleno curso. É agora prática corrente a figura do "enviado notícias", jornalista de um dos dois títulos em serviço no estrangeiro, que vê a sua reportagem (ipsis verbis) publicada em ambos, ainda ontem concorrentes, mesmo que integrados no mesmo grupo. Foi agora criada, à custa do despedimento de fotojornalistas, uma agência fotográfica cujos membros integrantes trabalharão, indiscriminadamente, para os jornais "Diário de Notícias", "24Horas" e "O Jogo" (o JN entrará logo depois nesse esquema, a primeira grande machadada nas matrizes identitárias das publicações).O resto virá a seguir. Os jornais do Grupo Controlinveste passarão a ser, não importa se sob uma ou várias marcas, veículos de um pensamento unificado.
Pensando apenas em optimização de recursos, descaracterizam-se redacções e nada impedirá, como acabou de suceder no JN com a informação internacional, que secções sejam extintas, uma vez que, nesta visão redutora, um só jornalista chegará para alimentar quantos jornais e páginas da Internet for necessário. A prática que se adivinha está já em curso na informação desportiva, em que JN e "O Jogo" partilham trabalho jornalístico.Com a solidificação deste assustador processo, será o JN o mais penalizado e, com ele, a cidade do Porto, todo o Norte do país, vastas extensões da região Centro e, por conseguinte, a própria qualidade da democracia portuguesa.
Toda esta estratégia está a ser desenhada à distância, integrando-se nela a recuperação, há menos de um ano, do cargo de director-geral de publicações, entregue ao director do "Diário de Notícias". Não importa a qualidade boa ou má dos propósitos, apenas que a estratégia do JN vem sendo traçada por pessoas que desconhecem por completo a história, o papel social, o estilo, os leitores ou os agentes sociais que ao longo de décadas tiveram neste jornal a sua voz.Cada vez mais, o JN deixará de ser a montra dos problemas e dos anseios de vastas zonas do país (o fecho e o emagrecimento de filiais são paradigmáticos). Com isso, haverá um crescente isolamento de regiões que o centralismo tem colocado cada vez mais na periferia. Com isso, o debate sobre a regionalização será restrito e controlado pelo espírito centralista. Com isso, questões como o peso do Porto e do Norte no Noroeste Peninsular serão menorizadas. Problemas como o da gestão do Aeroporto Francisco Sá Carneiro serão menos discutidos. A progressão da rede de metro do Porto será menos reclamada. O poder local será ainda mais invisível. O empreendedorismo será asfixiado. A vida cultural será ainda mais silenciada. O país exterior à capital será cada vez mais paisagem.
Em sede própria, estão os trabalhadores afectados pelos despedimentos (não apenas jornalistas), muitos deles em situações dramáticas, a lutar pelos direitos que lhes assistem. Aqui, é o jornal que luta pela própria existência. Dentro dos deveres que lhes são impostos, os representantes eleitos pelos jornalistas do "Jornal de Notícias" erguem a voz pela história que lhes cumpre honrar, pedindo que se lhes juntem as vozes de quantos virem na preservação desta identidade uma causa justa.A cidade do Porto e o Norte assistiram, calados, ao desmantelamento de ícones como "O Primeiro de Janeiro" e "O Comércio do Porto". Quando reclamaram, era tarde. No caso do JN vão ainda tempo de exigir responsabilidade e sensatez. Quando perceber que o fim de tudo foi assim evitado, também o Grupo Controlinveste agradecerá, e é por isso que reclamamos a recuperação urgente do verdadeiro JN. Nacional mas do Porto.
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A minha opinião:

Quando escrevo coisas desagradáveis sobre o que quer que seja é, obviamente porque tenho razões objectivas para o fazer. Quem quiser acreditar, acredita, quem não quiser, paciência, mas muito mais feliz ficaria, se tivesse motivos para fazer elogios sobre os assuntos que decido abordar.

Falo desta maneira, porque, de vez em quando aparecem por aqui alguns comentadores que, à falta de argumentação séria e objectiva se limitam a contradizer o que escrevo e, com maior ou menor subtileza, a levar os comentários para a insinuação insultuosa. Ora, destas reacções primárias, a única conclusão a que posso chegar, é que, acertei na "mouche", e que as pessoas que se manifestam dessa maneira se reviram naquilo que pretendi transmitir.
Passando de seguida a outro assunto, resolvi plasmar, aqui em cima, uma petição de solidariedade com o Jornal Noticias que encontrei na caixa de comentários por, enquanto mero cidadão portuense, ter algumas dúvidas sobre a sua objectividade.
Lamento, sinceramente, que a única coisa que motivou os funcionários da Controlinveste a abrirem uma petição on-line tenha sido o despedimento de 122 pessoas, depois de tantas afrontas terem sido feitas a outras instituições da cidade, tão ou mais nobres que o JN, como foi (e ainda é) o caso da campanha de intoxicação feita ao Futebol Clube do Porto, sem mesmo existirem factos credíveis a sustentarem-na. Uma grande vantagem, em termos institucionais tem o FCPorto em comparação com o JN e seus respectivos proprietários, é que (ainda) não vendeu a alma ao diabo, e continua muito orgulhosamente, a representar a cidade e muitas outras regiões do país em todo o Mundo.
O mesmo não se pode dizer do JN. O mesmo não se pode dizer também, de O Jogo, e do próprio Público. Sou insuspeito, porque desde que o jornal desportivo apareceu nas bancas, fui um fiel leitor durante muitos e muitos anos, enquanto não se venderam ao mercador, Joaquim Oliveira. O rumo que a partir daí, ambos os jornais começou a levar, foi manifestamente pró-Lisboa, com uns salpicos de cobertura regional para leitor enganar. Ora, quem não podia deixar-se enganar, para sua própria segurança, eram os jornalistas, mas só em desespero de causa, só o despedimento de 122 elementos, fez ouvir as suas vozes de revolta e indignação. Só agora, após o acto consumado, a coragem e a capacidade de mobilização apareceram, o que nos legitima a perguntar se não tivessem sido despedidos, não continuariam a ser meros espectadores passivos da linha sectária editorial que o jornal estava a levar. Eu, acho que sim.
Não sei, por exemplo, se entre os que agora se manifestam, se encontra um rapaz chamado Nuno Miguel Maia, que gastou os neurónios a rabiscar insinuações maquiavélicas constantes sobre Pinto da Costa. Para esse, seguramente, o FCPorto não era uma instituição do Porto, nem sequer teria adeptos (pessoas), tão à vontade ele se sentia a tentar colocar a reputação do Homem e do Clube, de rastos. Ele sabia (devia saber) que não estava a fazer um trabalho sério, honesto, ele só se preocupou com as vendas do Jornal dos seus amigos sulistas (incluindo do patrão, um nortista de merda).
A questão que me ocorre levantar, é esta: ninguém se opôs a estas aberrações a este mau jornalismo? Alguns, escreveram uns artigos para moralizar os parolos. E daí? Os senhores jornalistas que agora falam do jornal evocando a descaracterização de que está a ser alvo, a sua independência, não foram capazes de se unir e organizar para denunciar a situação publicamente, antes do jornal os despedir? Às vezes, para darmos um grande passo é preciso saltar algumas barreiras perigosas, é preciso arriscar, mas não foi isso que se viu.
Antes que se apressem a comentar a quente as minhas palavras, tenho muito gosto de informar que já por mais de uma vez escrevi aqui que não se deve confundir um «bufo» com um denunciante preventivo. Creio que esta "confusão" de adjectivos serviu de almofada para encobrir muita sacanagem nos bastidores dos jornais. Muitos, que agora se queixam, se calhar, acomodaram-se com a situação, deixando que os seus colegas maus profissionais, continuassem o seu trabalho sujo, em nome das vendas. O que interessava, era vender, nem que fosse à custa da destruição da vida de alguém.
A RTP está a seguir autistamente esse rumo, meus senhores, e são os seus jornalistas que lhe dão a cara, não é o patrão... Não são bébes de colo, são adultos... Eles não sabem o que estão a fazer? Sabem, claro! Enquanto o "pilim" entrar todos os meses na carteira, toca a andar, porque para a frente é que é o caminho. Pois, meus senhores, zanguem-se comigo à vontade, mas não mexerei um dedo para me solidarizar com os jornalistas da RTP, caso lhes aconteça o mesmo que sucedeu ao Comércio do Porto, ao 1ª.-de Janeiro e agora ao JN.
Pelo contrário. Nesse momento, considerarei que foi feita justiça. A história que contei
aqui do oficial alemão que quis acabar com Hitler, foi só para lembrar de que cêpa se fazem os verdadeiros Homens.

5 comentários:

  1. Para os efeitos que entender (não carece, obviamente, de publicação) envio um texto publicado por mim em 28 de Novembro de 2001 na minha página pessoal (www.orlandopressroom.com) e depois recuperado no Alto Hama:

    A crise, seja ela qual for, exista ou não, é sempre uma solução para os problemas que afectam a Comunicação Social portuguesa e que, muitas vezes, resultam apenas de um simples factor - a incompetência.


    Porque o primado da competência não é fundamental, as empresas apostam tudo na procura de problemas para a solução, de modo a que as suas linhas de enchimento trabalhem apenas para os poucos que têm milhões e não, como seria de esperar, para os milhões que têm pouco.

    Assim sendo, a crise é um remédio que dá para tudo, que se utiliza quando dá jeito e que, infelizmente, serve quase sempre para manter no poleiro os «filhos», mesmo que estes para contar até 12 tenham de se descalçar.

    Este ano, a fazer fé nos políticos da nossa economia (não tanto nos economistas da nossa política), a Comunicação Social portuguesa está em crise, sobretudo graças a um retraimento (duvidoso) do investimento publicitário.

    Solução? Contenção dos custos.

    É sempre assim. Não encontram (nem querem encontrar) a estrada da Beira e o mais simples é ficarem na beira da estrada.

    E como se faz a contenção? Reduzindo o número de trabalhadores.

    Quando será que alguém se preocupará em ultrapassar (se calhar até mesmo em evitar que ela chegue) a crise aumentando a produtividade dos trabalhadores e não despedindo-os?

    Quem manda não pensa nisso. É claro que não. São pagos para executar e não para pensar. Como são pagos para multiplicar cifrões, custe o que custar, escolhem a solução mais imediata - diminuir custos/despedir pessoal.

    Poderiam fazer melhor. Muito melhor. Ou seja, investir nas ideias e na capacidade, aumentando necessariamente a produtividade. Mas isso é complicado num país que só sabe fazer o possível e que anda a reboque dos que lideram graças ao facto de, muitas vezes, transformarem o impossível em possível.

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  2. Mas, esse é um mal nacional, não é único, no jornalismo.

    Leio - e muitas vezes até concordo com o que leio de alguns jornalistas -, mas raramente os vejo a pôr em causa este regime democrático, quando é ele que está doente, e cheio de vícios. O corporativismo é um deles. E afinal, para que serve?

    Portanto, parece-me tudo é muito superficial, raramente se vai ao fundo dos problemas.

    Eu não consigo entender como os bons jornalistas não conseguem impor-se. Sei que é preciso sobreviver, ser cauteloso, sustentar os filhos, mas que diabo, a auto-estima pessoal anda assim tão baixa para não ser capaz de um rasgo de revolta?

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  3. os cento e tal despedidos que se reúnam, recebam o subsídio de desemprego todo de uma vez só (existe essa possibilidade), fundem um novo jornal e rebentem com o oliveira fazendo um produto melhor. não será muito difícil de encer um jornal completamente vendido ao PS e ao poder. nem todos arranjam tachos na Lusa. mexam-se!!

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  4. concordo, rui, e ratifico o retrato interno dos "jornais"., que mais parecem "jograis", bobos da corte.

    Quanto a quem se pode revoltar lá dentro, paga a factura, claro, prque a mediocridade reina e reproduz-se: os mentecaptos colocados na liderança procuram bufos e capatazes para o trabalho sujo. Asfixiam quem pensa e quem pensa sabe que o "jornal" vai prò galheiro. Não há produtividade, porque a linha de produção não tem competência para a avaliar.
    Solução é vir embora? Não, procurar que (o) mandem embora.

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  5. Há um mercado aberto para os bons profissionais da informação. Sempre houve. Dado que, o que existe, é um mercado de pés de barro, pôdre, sustentado à custa de monopólios de gente sem escrúpulos.

    Unam-se, organizem-se, e criem um jornal diferente, sério, que informe sem alienar.

    Há leitores que já não suportam o lixo que agora se produz. Eu sou só um, entre muitos.

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Abrimos portas à frontalidade, mas restringimos sem demagogia, o insulto e a provocação. Democraticamente...