07 fevereiro, 2009

Solidariedade selectiva

É execrável, para mim, o comportamento de um grande número de jornalistas. Recuso-me, enquanto leitor, a considerá-los verdadeiros jornalistas. Serão, talvez, uma espécie de escribas freteiros. Muitos, conheço-os, outros não. A forma seguidista, desonesta e despersonalizada, como muitos fazem o seu trabalho não merece um pingo de respeito.
Daí, colocar algumas reticências na assinatura de petições de solidariedade pelo despedimento dos trabalhadores do JN. Receio, por isso, estar a estender a minha mão solidária a quem, noutras alturas, gostaria de ter dado um pontapé. Mas, receio igualmente, estar a ser injusto e muito duro com todos os outros, sobretudo com aqueles que procuraram fazer séria e livremente o seu trabalho.
Considerando todas as situações possíveis, num país onde a Democracia de facto, não existe, receio bem, que as coisas nos bastidores do jornalismo sejam ainda piores do que imaginava.
Para dissiparmos um pouco as nossas dúvidas, sugiro, a partir de agora, aos leitores de Renovar o Porto, uma visita regular ao blog Alto Hama (já incluído na lista dos favoritos), do jornalista Orlando Castro. Talvez passemos a ficar mais esclarecidos com a realidade do jornalismo em Portugal.

14 comentários:

  1. Para compreender o seu raciocínio e ressentimento à classe dos "média", esclareça-me por favor em que é que se baseia para proferir estas afirmações?

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  2. Vamos lá a ver se consigo que o Sr. Peter me compreenda.

    Ponto 1
    Eu leio jornais e vejo telejornais, partindo do princípio que algo do que escrevem e dizem é verdade. E estou-me a referir mais ao que noticiam, do que ao que opinam. Depois, filtro tudo. Percebido?

    Ponto 2
    Os jornais, não são preenchidos apenas por trabalhos jornalísticos. Há um sem número de pessoas de todas as profissões que gosto de ler e ouvir, incluindo alguns jornalistas. Se acompanha este blogue será muito fácil observar que já aqui publiquei (em clips) muitas crónicas de jornalistas. Estarei a mentir?

    Ponto 3
    O meu ressentimento é factual, não vou agora dizer o contrário para ser simpático, mas é absolutamente justificável. No desporto, diga-me, se tem coragem para me desmentir se os "pasquins" desportivos não andam a reboque dos clubes de Lisboa. Se me disser o contrário, não lhe respondo à resposta que eventualmente me queira dar.
    Na política, os jornalistas dos jornais do Norte a que me refiro,têm tido uma postura seguidista em relação à linha centralista da maioria dos jornais de Lisboa. Isso, começa por notar-se nas próprias capas dos jornais e pela vassalagem mercantilista de fazerem edições para o Sul e para o Centro. Pode-me dizer que foi e é uma estratégia, mas é uma estratégia oportunista. Os jornais não podem nem devem ser vendidos como chiklets, ou rebuçados. Os jornais dirigem-se ao intelecto das pessoas,não à barriga, e esquecem-se disso.
    Se assim não fosse, eu não teria deixado de comprar o Jornal o JOGO e agora até o J.Notícias.

    Ponto 4
    Obviamente o Sr. Peter Parker, não quererá - para me dar um pouco de razão - que eu diga que a Comunicação Social só diz mentiras. Às vezes até diz e não são pouca. Mas afirmo-lhe que, mesmo quando parece opor-se ao poder político, está sempre ligado a ele.

    Desculpe, mas acho que isto chega. Se não entender que é assim, faça o favor de ler muito do que aqui foi escrito sobre a matéria.

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  3. Meu caro Rui, como você diz e bem, no caso do desporto há uma campanha dos pasquim a favor dos clubes de Lisboa e contra o F.C.Porto. Para si, e muito bem, isso é inadmissível, mas um blog de um jornalista, que faz campanha sistemática contra um partido, você já acha bem.
    Ok, estou situado.

    Um abraço

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  4. O "colonialismo/centralista" será ficção???!!!

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  5. Mais "Juizos e opiniões" da capital do estado?!

    Estamos fartos!!!

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  6. Não calem o JN

    www.petitiononline.com — Assunto: Pelo JN
    Não calem o JN
    Petição pela preservação da identidade do Jornal de Notícias
    (clicar no link)

    http://www.petitiononline.com/pelojn/petition.html

    To: Toda a sociedade portuguesa
    Manifesto pelo último grande jornal da cidade do Porto

    *****************************************************

    Há um só jornal de dimensão nacional sedeado fora de Lisboa, o "Jornal de Notícias", resistente último à razia que o tempo e as opções de gestão fizeram na Imprensa da cidade do Porto. Todavia, nunca a precariedade dessa sobrevivência foi tão notória como hoje, sendo tempo de todas as forças vivas da sociedade reclamarem contra o definhamento da identidade de uma instituição centenária que sempre as representou, passo primeiro para a efectiva e irreversível extinção.

    Desde sempre duramente penalizado pela integração em grupos de Comunicação Social, pois sempre foi impedido de viver à medida das audiências e dos resultados, o "Jornal de Notícias" tende a ser profundamente descaracterizado pela remodelação que o Grupo Controlinveste encetou, ao lançar um processo de despedimento colectivo que afectou, para já, 122 pessoas em quatro dos títulos de que é proprietário.

    São cada vez mais nítidos os indícios de que o referido grupo económico está a usar a crise para levar a cabo uma reestruturação, longamente pensada, que, através da criação de sinergias, destruirá a identidade dos dois jornais centenários de que é proprietário: o JN e o "Diário de Notícias". Se o processo não for travado, os dois jornais, mesmo que mantenham cabeçalhos diferenciados, serão apenas suportes de conteúdos sem alma. A ideia não é nova e, com a concentração dos media e com alterações legislativas feitas à medida, está em pleno curso. É agora prática corrente a figura do "enviado notícias", jornalista de um dos dois títulos em serviço no estrangeiro, que vê a sua reportagem (ipsis verbis) publicada em ambos, ainda ontem concorrentes, mesmo que integrados no mesmo grupo. Foi agora criada, à custa do despedimento de fotojornalistas, uma agência fotográfica cujos membros integrantes trabalharão, indiscriminadamente, para os jornais "Diário de Notícias", "24Horas" e "O Jogo" (o JN entrará logo depois nesse esquema, a primeira grande machadada nas matrizes identitárias das publicações).

    O resto virá a seguir. Os jornais do Grupo Controlinveste passarão a ser, não importa se sob uma ou várias marcas, veículos de um pensamento unificado. Pensando apenas em optimização de recursos, descaracterizam-se redacções e nada impedirá, como acabou de suceder no JN com a informação internacional, que secções sejam extintas, uma vez que, nesta visão redutora, um só jornalista chegará para alimentar quantos jornais e páginas da Internet for necessário. A prática que se adivinha está já em curso na informação desportiva, em que JN e "O Jogo" partilham trabalho jornalístico.

    Com a solidificação deste assustador processo, será o JN o mais penalizado e, com ele, a cidade do Porto, todo o Norte do país, vastas extensões da região Centro e, por conseguinte, a própria qualidade da democracia portuguesa. Toda esta estratégia está a ser desenhada à distância, integrando-se nela a recuperação, há menos de um ano, do cargo de director-geral de publicações, entregue ao director do "Diário de Notícias". Não importa a qualidade boa ou má dos propósitos, apenas que a estratégia do JN vem sendo traçada por pessoas que desconhecem por completo a história, o papel social, o estilo, os leitores ou os agentes sociais que ao longo de décadas tiveram neste jornal a sua voz.

    Cada vez mais, o JN deixará de ser a montra dos problemas e dos anseios de vastas zonas do país (o fecho e o emagrecimento de filiais são paradigmáticos). Com isso, haverá um crescente isolamento de regiões que o centralismo tem colocado cada vez mais na periferia. Com isso, o debate sobre a regionalização será restrito e controlado pelo espírito centralista. Com isso, questões como o peso do Porto e do Norte no Noroeste Peninsular serão menorizadas. Problemas como o da gestão do Aeroporto Francisco Sá Carneiro serão menos discutidos. A progressão da rede de metro do Porto será menos reclamada. O poder local será ainda mais invisível. O empreendedorismo será asfixiado. A vida cultural será ainda mais silenciada. O país exterior à capital será cada vez mais paisagem.

    Em sede própria, estão os trabalhadores afectados pelos despedimentos (não apenas jornalistas), muitos deles em situações dramáticas, a lutar pelos direitos que lhes assistem. Aqui, é o jornal que luta pela própria existência. Dentro dos deveres que lhes são impostos, os representantes eleitos pelos jornalistas do "Jornal de Notícias" erguem a voz pela história que lhes cumpre honrar, pedindo que se lhes juntem as vozes de quantos virem na preservação desta identidade uma causa justa.

    A cidade do Porto e o Norte assistiram, calados, ao desmantelamento de ícones como "O Primeiro de Janeiro" e "O Comércio do Porto". Quando reclamaram, era tarde. No caso do JN vão ainda tempo de exigir responsabilidade e sensatez. Quando perceber que o fim de tudo foi assim evitado, também o Grupo Controlinveste agradecerá, e é por isso que reclamamos a recuperação urgente do verdadeiro JN. Nacional mas do Porto

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  7. Caro Vila Pouca,

    Vamos com calma, nada de tirar conclusões precipitadas. O que é que para si, eu acho bem? Não percebi.

    Você, Vila Pouca, já me anda a ler há demasiado tempo para duvidar do meu desprendimento político-partidário. Por isso, estranho que da sua parte esteja a pôr em causa a minha imparcialidade.

    Ponho-me a pensar que, talvez você conheça melhor do que eu o Sr.Orlando Castro e que eventualmente possa ter razões objectivas para com a pessoa em questão. Eu não o conheço bem, mas vou tentar conhecê-lo melhor nos próximos tempos.

    Para mim, tanto me faz que descasquem no PS como no PSD, é-me igual, porque não confio em nenhum partido e você já sabe disso. Ou, não? A minha pre-disposição para a confiança está programada para pessoas, e mesmo assim, nem para todas. Os partidos têm de esperar, Só depois de darem provas com efeitos práticos na vida das pessoas. Antes, não!

    Por isso, ainda vou ter muito que esperar. A propósito, a seguir vou postar um clip do Pulido Valente que não diz mais agora do que o que já aqui disse há muito tempo.

    Um abraço

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  8. Já que estou metido (salvo seja!) nesta discussão, aconselho Vila Pouca a dar uma vista de olhos (abertos) aos seguintes - entre outros - textos publicado no Alto Hama:

    - Cavaco diz o óbvio para tudo ficar na mesma (http://altohama.blogspot.com/2009/02/cavaco-silva-diz-o-obvio-para-tudo.html)

    - Fracos, muito fracos, políticos (http://altohama.blogspot.com/2009/01/fracos-muito-fracos-politicos.html)

    - Que falta fazes meu Caro José Saraiva! (http://altohama.blogspot.com/2009/01/que-falta-fazes-meu-caro-jos-saraiva.html)

    - Preocupa-me o silêncio dos bons (não estão incluídos PSD e CDS) (http://altohama.blogspot.com/2009/01/preocupa-me-o-silncio-dos-bons-no-esto.html)

    - A farinha é toda do mesmo saco
    só as embalagens é que mudam! (http://altohama.blogspot.com/2008/12/farinha-toda-do-mesmo-saco-s-as.html)

    - À falta de pés próprios para dar uns tiros
    PSD começou a dá-los na própria cabeça (http://altohama.blogspot.com/2008/12/falta-de-ps-prprios-para-dar-uns-tiros.html)

    Um abraço do,

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  9. Sr Valente, não discordo de si para podermos manter o diálogo, mas pergunto: o que me diz ao fecho dos vespertinos "Diário Popular", "A Capital" e do "Diário de Lisboa" na década de 90? Será que a questão pertinente será centralismo ou serventês política da comunicação social aos grandes grupos de poder (político-económicos) existentes? Proponho que reflicta sobre o assunto.

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  10. Sr. Peter Parker,

    Eu não falei em nenhuma ocasião sobre as razões objectivas que provocaram a falência de jornais (dos mais recentes, aos mais antigos, como o Comércio do Porto, DP,DL e Capital) ). E, em relação aos despedimentos do JN também não.

    Isso é um outro assunto (de gestão)que daria para outros comentários.

    A ideia que procurei transmitir, foi, que esta paranóia de transferir o centro das decisões para Lisboa de tudo e mais alguma coisa( media incluídos)foi lura de onde não podiam sair bons coelhos.

    A (falsa) abundância, tinha de acabar um dia, porque não tenho dúvidas que o JN perdeu mais clientes a Norte do que a Sul. A oportuna crise fez o resto.

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  11. Sr Valente, infelizmente o mundo actual rege-se por imperativos economicistas a nível colectivo e de um egoísmo cínico no plano individual, características que a globalização neo-liberal acentuou ainda de forma mais vincada. Daí o recentramento e a partilha de recursos que muitos grupos económicos ligados aos mais diversos sectores promovem como forma de reduzir encargos e maximizar o lucro. Mesmo em Lisboa conheço casos de empresas cuja sede foi "desviada" para Madrid pelos mesmos objectivos! O que fazer? Boicotar produtos e serviços? Temo que nada disto resulte se não houver mudanças políticas de fundo e o povo português não entre em contradição.
    O norte desiludiu-me quando no referendo pela regionalização conseguiu ser mais conservador que Lisboa e vale do Tejo! Que queremos nós , afinal? Por fim, uma opinião desportiva; sou adepto do Boavista, e mesmo quando este clube esteve na mó de cima nunca ultrapassava uma página do meio de todos os jornais desportivos existentes. Ora, como já sabemos, característica dos meios neo-liberais, o vending manda! O que vende o Boavista perante SLB, SCP E FCP? Por isso, não se espante perante aquilo que considera discriminação ao FCP. O facto, nu e cru é que os outros vendem mais e as vendas não se compadecem da democracia ou outras formas de justiça. Veja as publicações especializadas, nomeadamente para mulheres e diga-me se a maioria não lhe desperta vómitos? Só que vendem, e por isso...Enfim, é este o mundo que temos!

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  12. Pelo que leio, Sr. Peter, estamos de acordo, sobretudo numa coisa: é imperioso mudar o Mundo.

    Longe de nós pensarmos que o iremos conseguir. Mesmo que tal fosse possível, não teríamos tempo nem recursos para tal. Contudo, nada nos impede, nem que seja apenas através da divulgação permanente do nosso inconformismo. São pequenos passos, mas são passos.

    A pior atitude que podemos ter, é resignarmo-nos com o que temos.

    "E se o Mundo é composto de mudança, troquemos-lhe as voltas qu'ainda o dia é uma criança". Era o Zeca Afonso que cantava isto, suponho.

    Lembra-se da canção? Há frases simples, como esta, ´mas cheias de sabedoria, que o conservadorismo (egoísmo) de alguns, trata rapidamente de lhes retirar o realismo, para as substituir por idealismo.

    O comunismo, foi bicho papão e retirou-se do cardápio dos regimes políticos correctos, e até concordo.
    O que não concordo, também, é que a solução passe pelo capitalismo selvagem. Mas, curiosamente, ninguém se preocupa em colar-lhe uma etiqueta. O comunismo, comia criancinhas ao pequeno almoço, o capitalismo come-lhes o corpo e a alma (na Casa Pia), e ainda tem direito a advogados de defesa...

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  13. aprecio a sua posição. Já agora se me permite, uma correcção - a música que se refere é de José Mário Branco baseada num soneto de Camões, que nada tem de anacrónico...

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  14. OK, obrigado pela correcção. Foi de facto, o José Mário Branco.

    Repare que, até no aspecto musical, acabaram os chamados cantores de "intervenção". Dir-se-ia que já não fazem sentido nenhum. Pois eu, considero que sim, que ainda fazem mais do que no tempo da outra senhora.

    Até eles (os cantores) estão acomodados. Provavelmente porque fazer pensar, não rende euros.

    Volte sempre, amigo!

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Abrimos portas à frontalidade, mas restringimos sem demagogia, o insulto e a provocação. Democraticamente...