24 março, 2009

Reconhecimento tardio de José Mourinho

José Mourinho lembrou o passado
24.03.2009
FC Porto "foi a melhor equipa que alguma vez treinei"

Ao longo do dia, José Mourinho submeteu-se a perguntas de estudantes e de jornalistas. A estes últimos, lembrou a frustração que viveu quando abandonou o Benfica, a superequipa que criou no FC Porto e aquela que é a sua meta actual: conquistar "o título mais difícil" de todos, o campeonato italiano, ao serviço do Inter de Milão.
Exibindo as insígnias de doutor honoris causa, que lhe foram entregues pelo reitor da Universidade Técnica de Lisboa, Mourinho lembrou que, no início da sua carreira, foi alvo da "aversão daqueles que estavam no poder". " Viam [em mim] um jovem que queria chegar ao poder", sustentou. Agora, "em vez de deixar aos jovens algumas cascas de banana, como tentaram deixar a mim, prefiro ajudar na sua preparação", acrescentou. Cerca de 100 jornalistas, de diversos países, acompanharam o dia que José Mourinho passou na sua antiga faculdade. E foi inevitável falar dos clubes por onde passou, abordando FC Porto, Chelsea e Barcelona.
Em relação aos portistas, o actual treinador do Inter deixou avisos sobre o Manchester United. "Vai defrontar o actual campeão europeu, que é uma equipa muito, muito forte. Mas o FC Porto tem cultura na Liga dos Campeões", referiu. E, lembrando a equipa com que ganhou a Taça UEFA e a Champions, acrescentou: "Foi a melhor equipa que alguma vez treinei". Horas antes, enfrentou um ginásio repleto de alunos, a quem disse que gostaria de terminar a carreira no cargo de seleccionador nacional, algo que espera acontecer só daqui a uns 15 anos.
V.F. (jornal PÚBLICO)
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Pode dizer-se tudo sobre José Mourinho, excepto que é burro. Chega tarde, contudo, o reconhecimento de um facto que muito tardou a anunciar publicamente: que o Futebol Clube do Porto foi a melhor equipa que alguma vez treinou.
Obviamente, que esta declaração não se trata de um simples gesto de simpatia ou consideração pelo clube do Porto, porque quem conhece JM sabe que não é o galanteio a sua principal característica, e se fosse o caso, já o teria feito há mais tempo. A questão é outra. É que José Mourinho já percebeu que a fasquia que levantou a si mesmo, foi demasiado alta para quem está há tão poucos anos na alta roda do futebol europeu, e percebeu finalmente que o dinheiro, ainda não é tudo, para se ter sucesso.
A experiência com o Chelsea foi sensacional, tanto para ele, como para o próprio clube, visto ter conseguido levar a equipa londrina a ganhar duas vezes a fantástica Liga inglesa, mas foi tudo. No FCPorto, clube infinitamente mais modesto em recursos económicos e financeiros, foi muito mais além: ganhou tudo o que havia para ganhar. Campeonato Nacional, Taça de Portugal, Champions League e a Taça UEFA. Depois, enquanto saiu do Porto com o papo cheio de vaidade, de forma abrupta, quase ingrata, no Chelsea foi despedido. Sem grandes estragos, é certo, mas o facto é que foi despedido. Milionariamente, claro.
Agora, no Inter de Milão, JM está de novo muito bem colocado para ganhar o calccio, continuando a fazer um excelente trabalho, mas sente que ainda não pode cantar a vitória, porque o futebol italiano, tal como o inglês, é extremamente competitivo e (diga-se) pouco pacífico. Agora, Mourinho, começa a perceber que não vai ser fácil repetir a colecção dourada de êxitos conquistados no Dragão, não obstante a sua relativa juventude, e por isso disse o que disse, sobre o Futebol Clube do Porto. Sem favor. Afinal, foi o FCPorto quem lhe deu as condições óptimas para projectar a sua carreira, depois de passar sem brilho pelo Benfica e ser despromovido a treinador do União de Leiria, clube onde o FCPorto o foi buscar.
Mas há um detalhe que não perdôo a José Mourinho, que foi o longo silêncio a que se remeteu durante toda esta farsa do Apito Dourado, e das intrigas nacionais sobre Pinto da Costa, sem se dignar uma única vez solidarizar-se com o clube que lhe deu tudo. Ao fazê-lo, permitiu que se especulasse, sobre os seus próprios méritos como dos seus jogadores, o que no mínimo, se estranha, embora também tenha servido para pôr no escalão máximo do ridículo e da hipocrisia, aqueles que agora o homenageiam.

4 comentários:

  1. Meu caro,

    Foi o que viram em mim as duas empresas por onde passei em Portugal. Um jovem que queria chegar ao poder.

    Mariza e Mourinho sao dois exemplos identicos. Gritantes da inveja que grassa nesse pais.

    Uma era "isto e aquilo", porque a sua concepçao de Fado extravazara aquilo que era a "tradiçao" de meia duzia de baroes que ainda hoje pensam que o Fado lhes pertence. Embora digam o contrario.

    Mourinho era uma besta, porque treinava o Porto.

    Pinto da Costa, a maior sumidade de gestao desportiva de sempre a pisar o planeta Terra, é um criminoso porque ganha titulos para o Porto.

    Os dois primeiros ja foram homenageados e agora todas as "bestinhas" se prostram a seus pés, o ultimo nunca o ira ser, sabe porque?

    Porque nunca saira de Portugal para ser finalmente reconhecido.

    Tem outra estoria semelhante. A do Marques do Pombal.

    No pais da inveja, livre-se o homem de ser novo e ter ideias inovadoras que tragam desenvolvimento e mudança. Sera imediatamente posto de parte e alimentado a casca de banana.

    A sua unica saida para verdadeiramente ajudar o pais a crescer é sair para o estrangeiro e regressar com um know-how que lhe permite estabelecer constantemente termos de comparaçao e provas irrefutaveis de que existe uma outra forma de "fazer as coisas". Mesmo que os Velhos do Restelo nunca tenham ouvido falar dela.

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  2. Soren,
    Agora o que importa é que você tenha suscesso aí, nesse país frio, mas maravilhoso, como é o Canadá. Não há países perfeitos na terra, mas esses é um dos que estão perto.

    Um abraço e felicidades

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  3. Meu caro Rui faltou acrescentar; o F.C.Porto, foi o melhor clube onde trabalhei; Pinto da Costa o melhor Presidente; a estrutura profissional do F.C.Porto, a melhor de todas e por aí fora.

    Um abraço

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  4. Imperdoavel a referencia a "Palermo" , que foi uma autentica "perola" para os "centralistas" e JM, conhece o país.

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