Paulatinamente, com a naturalidade de quem está habituado a escolher o que come, e não, tudo o que me põem no prato, fui deixando de ler o Jornal de Notícias. No princípio, como qualquer pessoa que dá importância aos afectos das raízes, fui resistindo à tentação de uma brusca ruptura com um jornal que sempre me habituei a associar ao Porto, mas, à força de tanto ser contrariado pelas suas políticas editoriais submissas e centralistas, não tive outro remédio senão deixar de o ler.
Devo dizer, que este "deixar de ler", para ser correctamente interpretado, é extensível ao verbo composto "deixar de comprar", o que, para a facturação de um jornal, é substancialmente diferente, e mais sério. Se, a este facto, juntarmos a possibilidade de procedimento igual ao meu, poder já estar a ser seguido por muitos outros leitores, o problema complica-se.
O que me confrange mais, quando assisto ao definhar consciente (ou inconsciente) de um jornal como o JN, é mais a adulteração do próprio jornal e a falta de respeito por todos quantos contribuíram seriamente para ele ser o que foi e já não é, do que, por quem hoje nele trabalha. Neste momento, apenas lamento que pessoas, já de vetusta idade, como o Hélder Pacheco e o Germano Silva (e outros), que tanto contribuíram para o conhecimento da história do Porto, estejam a ser apanhadas nesta ratoeira montada por oportunistas sem escrúpulos, em que foi transformado o Jornal de Notícias. Daí, ter também alguma dificuldade em imaginar o estado de espírito destes homens em relação ao que está a acontecer numa casa que foi sempre mais deles, do que de quem agora manda nela.
Como dizia há dias, o nosso amigo e colaborador Rui Farinas, aqui num post: «Roma não paga a traidores!». Foi inspirado por esta sábia frase, que não me deixei impressionar com o destino de muitos jornalistas do JN agora no desemprego. Por quê? Porque assistiram impávidos e serenos à descaracterização do JN, todos estes anos, sem se imporem, sem se revoltarem, até ao dia em que levaram um pontapé no traseiro e foram postos na rua. Então aí, já se lembraram de lançar uma petição a favor da preservação e sobrevivência do Jornal de Notícias... Esqueceram-se, foi de esclarecer os leitores, a que Jornal de Notícias se referiam eles, se ao de outros tempos, se ao de agora, e se a eventual recuperação dos postos de trabalho nas mesmas condições bastaria para aceitarem continuar a lá trabalhar.
Acho patética esta nova mentalidade que pariu uma noção da ética e da dignidade orientada exclusivamente pelo dinheiro do ganha pão. Há pessoas que assimilaram uma ideia completamente distorcida do que é o direito à indignação e do preço que ele tem. A rejeição de algo que transcende os nossos níveis de tolerância e nos distingue do homem ordinário, tem um preço, normalmente elevado, e é preciso estar disposto a pagá-lo, para a merecermos. Será que os jornalistas agora despedidos tiveram a coragem de o fazer? Será que, quando o caminho desvirtuado do jornal começou, souberam unir-se e opôr-se a ele?
O JN de agora, só serve mesmo para contar histórias de faca e alguidar, e de processos com «apitos» para mouro entreter. O JN, está a afundar-se cada dia que passa, mais e mais. E, para ser sincero, era mesmo capaz de assinar uma petição para exigir a demissão imediata de toda a Administração e respectiva Direcção, e ver até que ponto o jornal ainda tem salvação.
há sempre os que se safam: são amigos do PS e vão para a Lusa .->
ResponderEliminarPois, é o eterno problema da mama e das cunhas. E o PdC é que é o corrupto!
ResponderEliminarNa minha escola temos uma vaquinha a fim de termos o jornal diário na sala dos profes.
ResponderEliminarCom tristeza e revolta o JN foi substituido pelo Público.
E fizeram bem Jorge, porque o Público é mais jornal e, apesar de (incompreensivelmente) ser dirigido a partir de Lisboa, pertence ao grupo SONAE do Belmiro.
ResponderEliminarA desinformação sobre
ResponderEliminara realidade propicia, lamentavelmente, este rol de disparates que se lê. Informem-se sobre os factos e não se alonguem nas ideias feitas.
Quando alguém anónimo, se sente no direito de falar dos disparates dos outros, só reforça as nossas convicções... senhor anónimo!
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