25 março, 2009

No país dos cobardes

Pela calada da noite, como os malfeitores, o governo mandou encerrar os dois últimos ramais afluentes que alimentavam a Linha do Douro. A semelhança com as estratégias e actos cavaquistas no sector não é mera coincidência. No centrão a cobardia política é endémica. Ridiculamente, nesse mesmo dia, Cavaco Silva perorou em Vila Pouca de Aguiar sobre os problemas da "interioridade".

Os trasmontanos e durienses, que em breve serão espoliados do troço Régua-Pocinho (é uma questão de tempo), são há muito também espoliados do potencial hidroeléctrico dos seus rios engrossando os lucros obscenos da lisboeta EDP que, ironicamente, tem sede na praça do famigerado marquês do Pombal. Em breve o sequestro definitivo da água do Douro será levado a cabo pela EDP e pela Iberdrola através das novas barragens. Depois, mais tarde, porque esse dia chegará, será transvasada para o Tejo e Alqueva onde regará os múltiplos campos de golfe que são a nova coqueluche turística que substituirá a sul o já degradado Algarve. Os trasmontanos nada ganharão com isso. Nem eles nem os minhotos, nem os portuenses, nem as gentes do Vouga. Acreditem que também esse último e definitivo roubo nos será apresentado como um inquestionável interesse nacional. E ai de quem ousar duvidar ou questionar. Se necessário for ressuscita-se o marquês e assassina-se de novo os Távoras. Por cá haverá sempre quem a troco de um prato de lentilhas achará tudo isto muito bem.

O FC Porto sagrou-se campeão nacional na época transacta com larga vantagem sobre os seus adversários directos. Mesmo depois de num processo rocambolesco lhe terem subtraido 6 pontos, a vitória e a distância para os restantes foi clara e inequívoca. Espantosamente ainda não lhe entregaram o devido e merecido troféu. Apesar do clube portuense já ter reclamado, ingloriamente, para o ministro da presidência e para o secretário de estado do desporto, o "corajoso" político desempregado que por estes dias dirige a liga de futebol ainda não foi capaz de entregar a taça. Está com medo de quê?

4 comentários:

  1. Sr.António Alves.
    Perfeitamente de acordo.
    Acho neçessário passar a palavra sábia.
    Obrigado.

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  2. Caro António,

    no país dos cobardes e larápios com off-shores e estatuto de "estadistas"!

    Mas, não há ninguém que lhes deite a mão?!

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  3. a mim o que mais me choca neste senhor, que se propôs dirigir a liga de futebol, é não se explicar da atitude. Mas isto é o país que vamos fazendo todos os dias, pelo que não é de admirar este ar terceiro mundista

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  4. É por causa destes encerramentos que prejudicam os portugueses do Norte, principalmente os do interior, bem como de barragens e os célebres transvazes com que nos querem roubar também a água, para a levar para o Sul, que precisamos da regionalização, com autonomia e poder administrativo e político suficiente para dizer não a estas habilidades. A solidariedade nacional tem de ter dois sentidos e não ser um campo inclinado em que escorre tudo para o Sul e nada ou quase vem para o Norte. De quem é a culpa? Dos "grandes democratas" do PS e do PSD que nos tem governado, principalmente a eles próprios. T~em sido autênticos vampiros a retirar o que podem ao Norte para levarem para Lisboa e para o Sul.

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Abrimos portas à frontalidade, mas restringimos sem demagogia, o insulto e a provocação. Democraticamente...