24 junho, 2008

A eficiência de Espanha

Recomendo vivamente a leitura do post "Gato por Lebre" no blogue Norteamos. A sua autoria é de um especialista em caminhos de ferro, Antonio Alves, e através dum link remete o leitor para um artigo-relatório de outro especialista, Oliveira e Sá. Este artigo é extremamente longo mas merece uma leitura pelo menos "em diagonal". O seu autor é aparentemente lisboeta, mas aborda o tema da política ferroviária em Portugal de um modo que me parece isento, daí uma razão adicional para o interesse que merece o artigo para o Norte e Centro de Portugal.

Não pretendo fazer aqui um resumo, mas quero referir que as populações a norte do Mondego, mais uma vez, vão ser "lixadas". Para isto, juntam-se a inépcia e ignorância dos nossos governantes e da máquina centralista e a inexistência de vozes activas, nas nossas regiões, que contrariem as decisões centralistas que resultem em prejuízos para metade da população portuguesa. Acresce a tudo isto, que já não é pouco, a eficiência de planeamento e respectiva execução dos sucessivos governos espanhois, com políticas bem estudadas, coerentes, postas em prática com eficácia. Em contraste, os nossos governantes parecem baratas tontas, vaidosamente convencidos que o importante é um TGV Lisboa-Madrid porque, como gostam de dizer "esta é a nossa ligação à Europa". A comparação é aterradora.

Mas a ameaça, para nós, é mais vasta do que pode parecer à primeira vista. Fica em perigo, além da saúde económica das nossas exportações, o próprio porto de Leixões, por exemplo. Os espanhóis estão a preparar um corredor ferroviário Corunha-Irun através das Astúrias, Cantábria e País Basco, que irá valorizar os seus portos da costa norte, e que poderão eventualmente tentar pelo menos os exportadores do Minho, que representam 20% das exportações nacionais.

Cada vez me convenço mais que aquilo que os castelhanos não conseguiram em 1385 ou em 1640 pela força das armas, vão conseguir os espanhois no séc.XXI através das "armas" económicas. O que se calhar será uma boa alternativa para nós.

2 comentários:

  1. Meu caro amigo Rui Farinas,

    Bem observado. Vou ver se publico aqui o artigo que refere. O António Alves foi de férias, quando regressar talvez volte a colaborar directamente (além de comentar) com Renovar o Porto. Bom texto este.
    Abraço

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  2. Caros amigos.

    Excelente post e só vem provar o que muita gente anda a dizer há muitos anos.

    Se estivessemos integrados com a Galiza certamente o desenvolvimento economico e social já há muito tinha superado o desemvolvimento da capital do império.

    Isto chama-se realismo, embora muita gente queira dar outro nome.

    Abraço

    Renato Oliveira

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