Muito apreciaria, que alguém me explicasse seriamente, como é que se consegue construir uma casa sólida com técnicos incompetentes. Isto claro. depois de nos termos enganado sobre as suas capacidades e lhes termos dado previamente tempo e o benefício da dúvida para emendarem os erros.
Por técnicos, entenda-se todo o staff da empreitada da casa, incluindo engenheiros, arquitectos, mestre de obras e operários. Todos.
Levanto esta inocente questão porque, por respeito aos leitores mais optimistas, aos outros, e aos meus próprios neurónios, ainda não consegui descobrir a fórmula alquímica de fazer à política portuguesa, aquilo a que muitos gostam de chamar (cai bem, não é!..) crítica construtiva, sem me sentir patético. Quanto mais tento entrar no seu jôgo de cabra cega, perceber as suas contradições, mais me sinto como os políticos: ridículo. E não consigo. O problema, admito, estará em mim, não sei.
Como terão certamente percebido, utilizei a construção da casa e todo o seu sttaf técnico como uma metáfora. Às vezes, só elas mesmo conseguem explicar com clareza aquilo que parece complicado. Ora, a casa a que me referi metaforicamente era o país, e a sua "construção técnica" o trabalho desenvolvido pelos governantes. Resumindo: como é possível a alguém que não gosta de repetir o mesmo erro continuar a confiar em técnicos incompetentes sem se sentir cumplíce das suas asneiras?
Sei muito bem que um País não é um edifício que se começa, termina e dá a chave aos proprietários para se ir construir outro mais adiante. É uma obra mais complexa, mais profunda e de permanente continuidade, mas tal como uma casa vulgar precisa de ser bem alicerçada e de manutenções periódicas, caso contrário pode ruir.
O problema dramático para Portugal, é que o edifício da Governação, apesar do mar imenso dos fundos euro-comunitários - agora, "unitário-europeus" - nem sequer existe, ou se existe, está tão mal projectado que o mais certo é um dia cair. Como caído têm, vários governos.
Onde estará afinal o catastrofismo das pessoas se não há área da política que se recomende? A das finanças, admito. E o resto? Todos os dias acumulamos péssimas notícias e não são os "negativistas" que as inventam, são factos. Estamos permanentemente a ser ultrapassados por outros países, incluindo aqueles que entraram na UE mais tarde que nós, mas há sempre uma crisezinha de reserva para nos desculparmos. Digam-me, sinceramente: não estão já cansados disto?
Ao ler hoje esta crónica do JN ocorreu-me um sentimento raro em questões de política (e de políticos), que foi o ter de Paulo Rangel uma impressão muito positiva, tanto da sua inteligência como da idoneidade pessoal. O meu problema (e se calhar, um dia, o dele também ) não é o que ele possa valer como pessoa ou como político, é, o que é que a política e os outros políticos vão fazer dele. Com o tempo, e o sedutor perfume do Poder, o mais previsível é que venha a deteriorar-se... Já sei que alguns me irão recordar que ele é amigo de Rui Rio, eu sei. A mim que, não sou político, também me faz alguma confusão um convívio aparentemente conivente entre personalidades tão diferentes (suponho eu), mas talvez isso explique a razão da minha incompabilidade com a política. Por isso eles são políticos e eu não.
Ainda no JN de hoje, há uma frase de Rafael Barbosa sobre a eleição de Paulo Rangel na parte inferior da página Preto no Branco com o título "O Novo líder do PSD" que não me foi possível linkar, que transcrevo por me parecer elucidadtiva: "Um trabalho que lhe exigirá um enorme investimento, mas que o deverá obrigar, igualmente, a refrear um pensamento e um discurso político sempre com a marca da independência".
Deste "duelo" pessoal de Paulo Rangel, quem irá leva a melhor: o Homem ou o Político? Sinceramente, receio bem que este compromisso de Paulo Rangel seja a morte anunciada dos dois.
PS
Se a voz de Manuel António Pina é respeitada por tantos portugueses, por que raio teria ele de inventar isto? Se não leram, leiam por favor e digam se isto é crítica destrutiva: Heróis acidentais.
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