Por consideração às pessoas cujas reservas de tolerância para com esta democracia são maiores que as minhas, terei de lhes pedir o favor que as estendam também à minha pessoa a fim de compreenderem melhor os porquês de tanto cepticismo.
Contudo, não gostaria que a minha descrença fosse confundida com pessimismo, porque então, criar-se-ia um ciclo vicioso de contraditórios onde a contingente "confusão" poderia ser sempre avaliada no sentido oposto, isto é, no sentido dos optimistas, e não chegaríamos a qualquer conclusão.
Entre pólos extremos, é sempre socialmente mais simpático e aceitável fazer passar a mensagem do pólo positivo das coisas. Já o lado negativo, como proposição de negação por essência que é, representa no subconsciente humano a "proibição" de qualquer coisa antes mesmo da admissão de uma forma prudente de examinar e perspectivar um determinado assunto. Eu identifico-me mais com esta última versão.
Entre pólos extremos, é sempre socialmente mais simpático e aceitável fazer passar a mensagem do pólo positivo das coisas. Já o lado negativo, como proposição de negação por essência que é, representa no subconsciente humano a "proibição" de qualquer coisa antes mesmo da admissão de uma forma prudente de examinar e perspectivar um determinado assunto. Eu identifico-me mais com esta última versão.
Não é por se ter, indiferentemente, uma oratória optimista que o Mundo pula e avança e se liberta das maleitas que o vêm destruindo. É muito fácil constatá-lo. Os resultados da acção humana na gestão da felicidade dos povos - grosso modo - são demasiado pobres para podermos confiar no efeito, tout court, do discurso optimista. Francamente, considero o optimismo gratuito uma expressão dissimulada e inconfessável de defesa e medo . Quem usa e abusa do discurso optimista, está inconsciente (ou conscientemente) a defender mais o seu património e estatuto pessoal do que, na realidade, a acreditar no futuro da Humanidade.
Por isso, estou há muito, de costas voltadas para os políticos e para os partidos onde eles se engajam. Não consigo levá-los a sério. Há momentos que me dão vontade de rir, e outros que me repugnam, e isto não é uma questão meramente emocional, é o resultado da constatação de factos, acumulados ao longo de 34 anos de democracia. Eu detesto vigarices, que querem, não as tolero nem tenho feitio para navegar nas mesmas águas, e muito menos, para as respeitar.
Eu, que sempre fui anti-Salazarista, entre outras razões, pelo atraso em que a sua visão fechada do Mundo deixou o país, nunca pensei vir um dia (em pleno regime democrático), a ser condescendente com a sua figura e confrontá-lo favoravelmente com o perfil de muitos políticos da actualidade. Salazar e o regime do seu tempo não eram exemplos a seguir para nenhum país, mas o regime de hoje também não o é. A única diferença, é que Salazar com todos os seus defeitos nunca andou a vender ao portugueses a banha da cobra da Democracia. Pelo menos, nesse aspecto, era bem mais honesto que alguns "democratas" de hoje. O que se está a passar no Porto e com quase todos os seus valores, confere toda a genuidade às minhas palavras.
Toda a gente sabe que o que aqui vem escrito, apesar de caústico, tem tudo de real, mas poucos o admitirão, particularmente, os visados.
Como sou um homem de boa fé, não me custa acreditar que numa fase inicial do envolvimento na actividade política haja quem entre determinado a dar o seu melhor, mas pouco a pouco, acaba por se deixar envolver pelos vícios instalados, limitando-se a seguir o rasto dos que já lá estão e a agarrar sofregamente o "emprego estatal". Quando de lá saem - e amiúde, mesmo ainda lá dentro - é só para ocuparem lugares de relevo em grandes empresas onde lhes pagam escandalosamente bem, como compensação por negociatas e outros esquemas duvidosos raramente esclarecidos à população.
Antes de mudar de partidos, é importante mudar as condições de controlo do povo da actividade política e governativa. Há já demasiada desonestidade estabelecida na vida política e social do país para acreditarmos na restauração natural da democracia. Nem daqui a 100 anos lá chegaremos.
A expressão que um dia Rui Moreira usou para traduzir o que atrás referi, encaixa como uma luva neste quadro: "as ovelhas, não se tosquiam a si mesmas". Se assim é, o que esperamos nós para agarrar nas tesouras da tosquia? Mais 34 anos? Tanto?
Desabafo por desabafo apetece-me dizer que os Portuenses mereciam mais e melhor.
ResponderEliminarMas somos nós caros amigos que teremos que dar um rumo a esta região, tão desprezada, somosmnós que teremos que traçar o nosso futuro e dizer bem alto ao país que foi aqui que nasceu o nome PORTOgal.
Assim queiramos, todos unidos, e iremos conseguir chegar ao lugar que merecemos.
Bem hajam Portuenses.Lutemos e acreditem que a meta se perfilará no túnel onde haverá luz.
Um abraço