27 junho, 2008

Era uma vez...

Assim começavam as histórias de fadas da minha infância, e assim vai começar este post embora não seja uma história de fadas, antes uma história de gente malvada, daquelas que assustam as criancinhas.

Era uma vez um país em que se vivia sem os tiques centralistas que conhecemos hoje, que aos poucos vão minando a chamada coesão nacional. Havia uma selecção nacional de futebol que era de tal modo querida da generalidade da população, que um jornalista chamado Ricardo Ornelas a apelidou de "clube de todos nós", mas que hoje em dia já não o é. Havia também um clube chamado Futebol Club do Porto que era constituído por gente simpática que não atrapalhava os arranjinhos do trio de clubes lisboetas conhecido por B-S-B (já havia então um ligeiro centralismo) que rodavam entre si o cargo de presidente da Federação Portuguesa de Futebol. Essa rapaziada do FCP perdia quase sempre nas deslocações ao sul (entravam a perder, dizia o Pedroto, logo que atravessavam a ponte sobre o Douro) e por isso mesmo a imprensa lisboeta, sempre dominadora, considerava-os "bons rapazes". Se por acaso ameaçavam ganhar um campeonato, o trio tratava de procurar dar um jeito com a colaboração de um árbitro amigo.

Passaram anos, surgiu um Pedroto, surgiu um Pinto da Costa, e o panorama mudou radicalmente. O "clube de província" começou a ter a ousadia de ser melhor que os outros, começou a ganhar campeonato atrás de campeonato, e taças nas provas europeias, passando a ser o clube português mais conhecido e prestigiado a nivel internacional.

Se há coisa que aqueles egos doentios de Lisboa não toleram, é não serem considerados os melhores e os maiores em tudo, desde os aeroportos até aos matraquilhos. Havia no Porto um festival internacional de Moda, modestamente chamado Portugal Fashion? Fizeram uma réplica em Lisboa, mas como acham que são os maiores, chamaram-lhe Moda Lisboa ( e depois, os bairristas bacocos somos nós?). Um salão automóvel na Exponor? Ei-los a fazer um semelhantes em Lisboa. Um festival de cinema no Porto - Fantasporto - com créditos firmados no mundo cinematográfico? Apareceu um festival em Lisboa.

Mas entretanto o FCP continuava a ganhar quase tudo, numa clara afronta à primazia que por direito divino pertence à capital. O seu clube era quase imbatível dentro das quatro linhas? Então havia que triunfar doutro modo, com auxílio duma justiça cuja actuação deixa graves dúvidas quanto à isenção de muitos dos seus membros. Havia que abater o FCP e o seu presidente, espinhos cravados no orgulho da capital do império. E assim, sem olharem a meios, nasceram os Apitos, sobejamente conhecidos, que constituem o mais forte ataque jamais desferido nesta longa guerra que nos movem. Estes Apitos são especialmente virulentos porque têm a intervenção dum personagem, presidente do Benfica, para o qual não existem limites de decencia ou de princípios. É uma espécie de psicopata futebolístico que começa já a merecer a desaprovação de muitos dos seus consócios. Estou mesmo curioso para ver o que vai acontecer quando deixar o abrigo que é a presidência do Benfica. Também Vale e Azevedo não foi incomodado enquanto foi presidente e no entanto é hoje um ex-presidiário e um foragido da Justiça.

Como vai ser o final deste conto? Ainda não se sabe, mas de uma coisa estou certo. Quanto mais nos atacarem, mais fortes vamos ser. Venham mais ataques!

8 comentários:

  1. Caro Rui Farinas.

    Para combater o ataque existe o contra-ataque.

    E é isso que precisamos fazer.

    É Contra-atacar em todas as direcções: s.l.b., platini, v.guimarães, etc.

    Temos que arranjar soluções para abater estes abutres.

    Abraço

    Renato Oliveira

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  2. Caro Renato Oliveira, este silêncio da SAD do FCP intriga-me. Quero acreditar que se trata de uma atitude pensada, inserida numa estratégia de tratamento global dos ataques que nos são desferidos. Não pode ser um acto de incúria ou de estupidez colectiva da SAD, acrescendo o facto de ser mais do que provável que detenham informações que o grande público desconhece. Mas francamente preferia ver o Sr.Platini metido na ordem, LFV atacado com base no Apito Vermelho, o Estorilgate explorado, a arbitragem escandalosa de Bruno Paixão em Campo Maior lembrada, o Guimarães reduzido à sua insignificância. Mas pode ser que este não seja o timing conveniente, que estejam a aguardar a decisão do Conselho de Justiça ou coisa assim.

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  3. Meus amigos, também acredito que este silêncio revela alguma sensatez estratégica...Não pode haver outra explicação.
    Vamos esperar e fazer o possível por manter bem viva a nossa memória!

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  4. Pois,

    Creio que a chave deste silêncio estará em factos que, provavelmente, não são do nosso conhecimento. Assim como não tenho dúvidas que se trata de uma estratégia e que, no tempo certo, o contra-ataque virá.
    já dizia D. João II "há tempos de usar de coruja e tempos de voar como o falcão"...

    Cumprimentos.

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  5. ORA DIGAM LÁ SE AQUELES QUE CANTAM NO DRAGÃO, "SLB..SLB...FILHOS DA P.....A", TÊM OU NÃO TÊM RAZÃO, POR ISSO QUANDO FORMOS AO DRAGÃO NA PROXIMA EPOCA, EM VEZ DE OS ASSOBIAR, TEREMOS QUE BATER PLAMAS.

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  6. Não poderia estar mais de acordo com o conteúdo deste post.

    O Apito Dourado não é mais do que uma perseguição inqualificável à hegemonia do FC Porto comandada pelo maior presidente do mundo Pinto da Costa.

    As acusações de que é alvo só pode ter eco em mentes distorcidas e alienadas.

    Sei que o Presidente não é um santo, como não são a esmagadora maioria dos portugueses, mas incidir o AD na sua pessoa revela bem as intenções.

    Quanto ao silêncio da Sad do FCP, das duas uma, ou é estratégico ou então estamos conversados...

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  7. Já ouviu(iram) falar da Lega Nord, em Itália?
    Se a resposta é não, recomendo esta leitura.

    http://en.wikipedia.org/wiki/Lega_Nord#Federalism_or_secession.3F

    é caso para nos questionarmos: do que é que estamos à espera para nos defendermos e lutarmos pelas nossas origens e pelos nossos direitos?

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  8. Caro José Sousa,obrigado pela sua dica sobre a Lega Nord. Fiz a leitura,é muito interessante mas conclui-se que a nossa situação regionalista,comparada com a de Itália,corresponde à época das cavernas. Temos um longo caminho a percorrer e ainda não o iniciamos.Um abraço.

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