16 outubro, 2009

Tsunami de indignação precisa-se!

Numa época em que tanto se sente a necessidade de criar mecanismos que libertem o Norte do jugo centralista que absorve muito e dá pouco, a notícia cai como uma bomba. A lisboeta Associação Industrial Portuguesa acaba de engolir a sua congénere nortenha! Não adianta dizerem que se trata de uma fusão, pois em todas as fusões o que na realidade acontece é haver um parceiro dominador e um parceiro dominado. Nesta fusão é fácil ver qual é um e qual é outro. Devo dizer que não tinha simpatia especial por Ludgero Marques pois achava-lhe convicções nortenhas pouco vincadas e uma patente preocupação de estar de bem com deus e o diabo. Depois de ouvir José António Barros na TV fiquei com boa impressão dele. Afinal enganei-me redondamente. José António Barros acaba de ter uma atitude de Judas ao trair a AEP e todo o Norte. Ficará na história desta associação como o seu coveiro, enquanto Ludgero sempre a defendeu.

Não sei o que pensam os associados nortenhos da AEP, eles que são a verdadeira razão de ser da associação, mas dificilmente acreditarei que os seus interesses e anseios sejam melhores defendidos e representados por uma associação sediada em Lisboa e dirigida por lisboetas, do que por uma AEP que morava na "porta ao lado", com todas as facilidades de proximidade, e com gente que forçosamente entendia melhor os seus problemas e idiossincrasias. Acresce que a estrutura industrial do sul é tão distinta da do Norte, que os problemas sentidos serão forçosamente muito diferentes e necessitarão de diferente enfoque para a procura de soluções. Ignoro se os associados da AEP deram a sua concordância expressa à Direcção, ou se não foram ouvidos. Se deram, lamento que tenham dado não um tiro no pé, mas sim um tiro na cabeça: suicidaram-se! Se não foram ouvidos, acho que terão de rebelar-se contra a direcção e exigir a auscultação do seu sentir.

Espero que a falecida AEP tenha o pudor suficiente para não vir argumentar que no Porto haverá uma "delegação principal"(!), a que Ludgero chama "delegação envergonhada". Já sabemos o que essas delegações são: apenas "caixas de correio" onde se depositam os problemas locais que seguidamente serão apreciados em Lisboa, que majestaticamente enviará de volta para o Porto os dossiers com a sua soberana decisão. E a Exponor e as suas Feiras? Que critérios passarão a ser seguidos e quem os definirá? Se a cúpula está em Lisboa, será de prever que o novo critério terá subjacente a prevalência dos interesses da FIL, com a consequente menorização da Exponor.

A justificação apresentada para esta absorção da AEP, é a necessidade de que o patronato fale a uma só voz, sobretudo na Concertação Social, mas o facto é que as outras confederaçoes patronais (turismo, agricultura, comércio, etc) não estão dispostas a fundir-se nem a abdicar da sua presença. Seria inviável ou muito complicado que AEP e AIP criassem um organismo paritário ad hoc para acertar posições conjuntas nos problemas em que fosse conveniente a indústria apresentar uma frente comum ?

Esta rendição da AEP é vergonhosa e humilhante. Gostaria de pensar que este passo não é irrevogável, que uma invencível indignação surgisse e, tal um tsunami gigante, varresse este acordo, e já agora varresse também os responsáveis da AEP por este acto lesivo dos interesses e da dignidade de todo o Norte.

p.s. Carlos Lage, Basilio Horta, António Pires de Lima e ministros do governo centralista, é claro que aplaudem que a AEP desapareça e que a sede da CEP fique em Lisboa. Se gente desta aplaude, é garantido que só pode ser prejudicial para o Porto. O presidente A.I. do Minho também acha muito bem. Ah, o ódio de Braga em relação ao Porto! Uma profunda desilusão foi a concordância de Rui Moreira. Ingenuidade ou calculismo? Será que a sua Associação Comercial também vai ser engolida e ele aplaudirá?

13 comentários:

  1. Esta foi a "bomba" que faltava.

    O Homem do Norte, é um mito, pelo menos nas cidades. Talvez lá para o Norte Profundo ainda seja possível encontrar um espécime de jeito.

    Está tudo corrompido esta gente é inqualificável, desprezível. P.Q.O.P!!! Apetece-me emigrar!

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  2. Já a propósito das autárquicas tinha falado do Dr.Rui Moreira como exemplo duma certa burguesia do Porto que já não existe.
    Gente que fala muito mas que perdeu o Norte,prefiro um inimigo declarado a um " amigo " encapotado.
    Ruis Moreiras e Serrões só convencem os papalvos, venderam-se infelizmente!

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  3. Caro Rui Farinas!

    Isto é mais uma prova "provada" de que toda esta cambada o que pretende é governar-se e deixar de se preocupar com a sua cidade e a sua região!E falam em Rui Moreira & Cª para quê?

    E que faz aquele que menos poder tem? Que somos a maioria! Esperamos sentados?

    Então mais vale Emigrar, parafraseando R.Valente!

    Portuense e Nortenhos, fieis às suas convicções, revoltai-vos!

    A Bem da Região!

    Renato Oliveira

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  4. É necessário criar uma vaga de fundo com este tema. Na ACdP carregamos forte no nosso Facebook e no TAF. Não se pode deixar a bola pousar no chão.

    Um abraço aos Ruis e António.

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  5. O nosso desagrado tem que chegar às pessoas e temos que nos unir.
    Como opinantes do norte e da nossa cidade só temos vendidos bem falantes.Se a mensagem não chega por outros meios, se calhar temos que voltar ao tempo do Prec e mostrar a nossa indignação através de meios mais arcaicos mas que podem ser eficazes.
    Não desisto e vou por todos os meios tentar demonstrar a hipocrisia destes pseudo-burgueses traidores aods principios da nossa Invicta.
    Estou pronto para a batalha e aceito sugestões,esta traição aos nossos principios de Tripeiros não pode continuar!

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  6. Mas onde é que eu já ouvi isto? Estamos sempre a repetir o mesmo. Quanto o balão da nossa tolerância parece prestes a rebentar, o radicalismo apodera-se de nós, o que é perfeitamente humano, compreensível e JUSTIFICÁVEL!

    Os movimentos de cidadania são importantes, mas não são capazes de mobilizar suficientemente as pessoas [e quando digo pessoas digo povo que não tem Net nem sabe manejar um computador].

    Às vezes, a minha repulsa por esta garotada é tão grande que me apetece partir-lhes a cara, mas mesmo que cometesse a loucura de o fazer, o problema do país não ficava resolvido e eu era enjaulado sem direito a domiciliária, como os pedófilos e os Dias Loureiros amigos de Presidentes da República que continuam a gozar a vida como se tivessem praticado grandes accções altruístas...

    Eu já fui, como voluntário, para a guerra do Ultramar por causa de uma coisa chamada pátria, mas que o tempo acabaou por esvaziar por reconhecer que fui um grande ingénuo e por constatar que quem a tem "comandado" não faz ideia do que possa ser uma Pátria. Uma gorda conta bancária,um lugar ao sol na vida, é a noção de pátria desta canalhada. Depois, só têm paleio, nada mais. ABSOLUTAMENTE MAIS NADA!

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  7. Meu caro Farinas, a vida está difícil e vender torneiras já foi mais fácil.

    Sobre a substância faço minhas as palavras do Rui Valente:«Mas onde é que eu já ouvi isto? Estamos sempre a repetir o mesmo.»

    Um abraço

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  8. "Os movimentos de cidadania são importantes, mas não são capazes de mobilizar suficientemente as pessoas".


    Rui Valente, água mole em pedra dura...

    É preciso tempo. Nem que sejam precisos mais 35 anos. Mas devia agir-se já. Não podemos passar outros 35 anos nisto.

    Apercebi-me, quando instei o Rui Moreira na apresentação do seu livro a comentar se a culpa nãop era só nossa, portuense, por não nos sabermos posicionar, ser agressivos e ir além de escrever livros, que ressaltam contradições:

    - Falar de Regionalização quando o PSD manda no Porto mas este seu vice-presidente partidário não levanta a voz contra uma Direcção maioritariamente contra a Regionalização.

    - Não podemos esperar que os PS's resolvam nas suas meias-tintas. Ontem esmiúçado pelo RAP, o ex-ministro Lino disse que fez obra "e não só em Lisboa, também no Porto", enumerou uma dezena de projjectos e eram todos em Lisboa;

    - Depois temos a fatwa de Mário Soares e os seus sobas sobre a Regionalização.

    Acho que ainda ninguém falou de os movimentos de cidadania nascerem apenas em Lisboa. Um monte deles até já cconcorreram nas últimas eleições. O Porto nem enttra em campo.

    Eu já determinei que jamais votarei em PSD ou PS. Voto contra, é pouco mas voto. Sou do contra. Podia ter vvotado nos novos partidos, mas desconfio deles, nenhum é do Porto.

    Haja quem dê a pedrada no charco.

    Quando questionei se os portuenses avaliam as situações e se sabem posicionar-se em face dos interesses da cidade e da região, recebi vários "não, as pessoas sabem, são lúccidas", blá, blá. Mas apercebi-me que, no ffundo, as conversas iam ttodas no sentido de que assim as coisas não estão bem e vem aí ainda pior.

    Pior ffiquei quanddo um outro interveniente disse que ia votar a votar chega. Não chega. Rui Moreira também o reconheceu. Mesmo que se salientasse que 45% de votantes no Porto não exerrceram o seu direito e dever, temos de ir para além disso. Não chega vvotar. Crruzar os braços. Votar passados mais quatro anos.

    Fiquei ainda mais esclarecido quanto a esta necessidade de criar movimento, fazer circular vento de mudança, aragem de conrestação, mudar a temperatura do debate e do situacionismo.

    Abraços

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  9. Mais uma machadada.. Uma tristeza.
    Até quando???

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  10. Estes são aqueles que falam muito
    e alguns berram,mas só para Inglès
    ver.

    Andam todos arrajar protagonismo
    na capital. e depois por mais uns
    cobres vendem-se.

    Não há gente séria neste Norte
    perdido.
    Ainda nós falamos dos Mouros: estes
    são muito piores.
    Alguns até vendem a alma se for
    necessário.

    Com estes rastejantes não vamos a
    lado nenhum.
    Pobre Norte.

    O PORTO È GRANDE VIVA O PORTO.

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  11. É dramático, mas factual: nenhuma verdadeira revolução se faz sem custos elevados. A vida é um deles.

    É triste, ninguém de bom senso o deseja, mas a história diz-nos que é um facto.

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  12. Caros Luis e Zé Luis!

    Os movimentos de cidadania são importantes, somente para perder tempo e discutir "o sexo dos anjos"!

    Porque quando começam a ter um maior protagonismo, são "aliciados" e também se "transferem" para o centralismo!

    Falar de Rui Moreira , Manuel Serrão e outros, já chega! Basta!
    Evitem falar em pessoas que têm interesses com o poder económico/financeiro da capital do império! Porque esses não fazem nada!

    A cidade do Porto e a região Norte precisa de alguém como o A.João Jardim, um Garcia Pereira, ou alguém semelhante, capaz de dar a predada no charco, quer através de um novo Partido Regional ou outro, mas que defenda os interesses desta cidade e capaz de lutar (com a ajuda de todos nós) contra as "Fatwa" das defensores do centralismo!

    Até a AEP já vai para a capital maldita! O que nos resta, depois dos bancos, jornais, empresas, etc.etc.

    Portuenses, Tripeiros, Nortenhos, não cruzem os braços! Vamos lutar pelas nossas convicções e pelos nossos direitos. Amanhã já será tarde!


    Renato Oliveira

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  13. de facto caro Rui, os movimentos informais, blogues apenas funcionam juntos de algumas elites esclarecidas.

    Tem que se chegar ao cidadão comum, que até internet mas não tem paciência nem tempo para ler blogues ou formar opinião. É preciso formalizar, aderir ao movimento Douro Litoral e criar um jornal ou agência de comunicação.
    É preciso dar algum profissionalismno à coisa. É preciso uma agenda.

    Caro Miguel, AdCP já existe lagalmente ? Quandos associados ?

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Abrimos portas à frontalidade, mas restringimos sem demagogia, o insulto e a provocação. Democraticamente...