23 julho, 2008

Sobre a entrevista de Rui Moreira ao SOL

Li a entrevista de Rui Moreira ao Sol e gostei. Como é habitual, não desperdiçou palavras nem fugiu às questões que lhe colocaram. A moderação e a inteligência, são de facto a sua imagem de marca - isto, claro, na perspectiva da maioria dos portuenses e dos portistas.
Como disse, e bem, Pinto da Costa é irrepetível, não há outro. Imitá-lo, será um erro para quem um dia quiser candidatar-se à cadeira da presidência do FCP. Contudo, num meio país como -cada vez mais - se está a tornar Portugal, onde o centralismo estende os seus tentáculos por toda a parte, incluindo (e de que maneira) o mundo do futebol, será muito importante que o futuro presidente do FCPorto, além de inteligente tenha muito de guerreiro.
Como já tenho dito noutras ocasiões, o centralismo, em certos aspectos, é mais impudente e abjecto que a própria ditadura. Num regime ditatorial as liberdades são coartadas à população, o controle sobre os cidadãos é mais apertado, mas mesmo assim, é também mais previsível e não se insinua tanto. O centralismo é muito mais hipócrita, divide, absorve recursos e direitos aos cidadãos depois de lhes ter prometido exactamente o contrário. É revoltante.
É nessa perspectiva que, tendo em conta a personalidade de Rui Moreira, preferia vê-lo à frente da Câmara do Porto, onde seguramente poderia exponenciar com muito mais tranquilidade todas as suas qualidades em benefício de todos os portuenses. Imaginá-lo neste contexto socio-político ligado ao futebol, onde a balbúrdia paira por todo o lado, onde os media difamam mais do que informam, confrange-me. Não por duvidar das suas capacidades para gerir um clube de futebol como o FCPorto, mas por considerar que, de momento, em Portugal, não estão reunidas as condições para alguém com o seu perfil se afirmar como merecia. Paira ainda muita toxicidade nos bastidores do futebol, muita sacanagem...
Não tenho dúvidas que, a partir do dia em que Rui Moreira começasse a ter sucesso à frente do FCPorto, seria igualmente perseguido e difamado pela comunicação social como foi Pinto da Costa. Seria apenas uma questão de tempo. Mas a verdade, é que também não estou a ver, de momento,ninguém melhor que ele para o cargo. Se tivesse de votar sobre esta curiosa ambivalencia, votaria em Rui Moreira, para Presidente da Câmara.
Para terminar, direi que a única coisa com a qual discordei da sua entrevista foi o recado que terá enviado para alguém da SAD portista (suponho), quando disse que Pinto da Costa "não precisava de gente eloquente para falar, porque ele gostava de falar, e de gente inteligente, porque ele já o era".
Rui Moreira lá saberá o que nós não sabemos, mas no que respeita a falar, ninguém pode acusar a SAD de andar a multiplicar-se em entrevistas ou falatórios para os media. A sobriedade e o recato públicos são comportamentos que os membros da SAD, regra geral, têm sabido manter, pelo menos nas aparências. Em privado, isso já não posso garantir.
Por último, ficou o mistério por revelar sobre a eventual "OPA" que fez à SONAE, do Público.
Talvez um dia decida desvendá-lo...

4 comentários:

  1. Uma excelente entrevista com alguns pontos - F.C.Porto- sobre os quais tenho divergências com o Rui Moreira.
    Um abraço

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  2. Que pontos de divergência são esses? Podemos saber?

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  3. Excelente post.Eu também preferia ver Rui Moreira como presidente da CMP,mas ele já uma vez disse que preferia a presidência do FCP.De qualquer modo espero que,no timing que ele achar certo,venha a fazer o movimento para um lado ou para o outro.

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  4. Obrigado amigo Farinas.
    Eu tenho a ideia que o Rui Moreira está um pouco dividido. Sabe que se optar pela Câmara terá de se inserir num partido político e (penso eu)talvez receie perder parte da credibildade pessoal que conquistou se o fizer. Os partidos estão desacreditados, ele não.

    A hipótese era apresentar uma candidatura independente apoiada por um partido, mas não sei se os resultados seriam famosos.

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